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O Dia de São Cosme e Damião em tempos de crise

O Dia de São Cosme e Damião é comemorado no dia 26 de setembro para os católicos e no dia 27 de setembro para quem é do Candomblé e Umbanda, sendo aguardado ansiosamente por muitas crianças. Mesmo com a economia em baixa, pessoas de todas as religiões mantêm a tradição e seguem distribuindo sacolas recheadas de doces, provocando convulsão entre a garotada. Nesta quarta-feira, o número de crianças que percorrem as ruas a procura de guloseimas triplica, e os motoristas devem redobrar a atenção para evitar acidentes. Durante a manhã, no bairro Tenente Jardim, em Niterói, divisa com São Gonçalo, centenas de crianças já estavam circulando logo cedo pelas ruas a procura de doações.

Historicamente São Cosme e Damião eram irmãos gêmeos de origem nobre, nascidos na Ásia, médicos e que ajudavam pessoas e animais sem cobrarem nada. Foram perseguidos pelo imperador romano Deocleciano e morreram por volta do ano 300 d.C. São padroeiros dos médicos e farmacêuticos, e são considerados protetores dos gêmeos e das crianças, por isso, as pessoas criaram o costume de distribuir doces no dia deles.

Essa tradição, porém, não tem tanta força como tinha antigamente, já que com o passar dos anos a população brasileira de evangélicos aumentou bastante e também com a crise financeira que o país vem enfrentando, muitas pessoas pararam ou diminuíram a doação de guloseimas.

A gerente de uma loja de doces do Centro de Niterói, Luciana Barreiro, conta que em quase 40 anos de loja, nunca enfrentou um índice de vendas tão baixo como este ano. “Nunca esteve tão ruim. Era para nesta época do ano, a gente não conseguir andar aqui dentro. Eu tinha 5 funcionários, agora apenas 3. Ano passado já foi ruim, mas esse ano está muito pior”, relata a comerciante.

Para a aposentada, Maria Celi Cople Maia, de 73 anos, moradora do bairro de Icaraí, distribuir doces é uma tradição de extrema importância, “me dá prazer ver a alegria das crianças, e mesmo com os doces mais caros eu vou manter o padrão e rechear bem as sacolinhas”, afirma a aposentada que distribui doces anualmente há 40 anos.

Rosane Santos, de 56 anos, também aposentada, é mais uma do time de quem mantém a tradição. Ela fala que faz uma mescla de doces tradicionais e diferentes na hora de encher as sacolinhas. A tradição de distribuir doces ela herdou da mãe. Rosane ainda diz que o número de crianças que vão para as ruas atrás dos doces diminuiu bastante. “Muitas crianças de hoje em dia são de família evangélica, então elas não podem aceitar os doces. Eu acabei diminuindo o número de sacolas. Mas acho que independente de religião é importante manter a felicidade do momento. Às vezes entrego até para adolescentes, porque vejo que eles querem também”.

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