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OMS mobiliza países contra resistência microbiana

Médicos Agência Brasil
Anvisa integra esforços da Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos, entre 18 e 24 de novembro. Foto: Agência Brasil - Divulgação

Começa nesta quarta-feira (18) a Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para mobilizar países em todo o mundo sobre a importância do combate à resistência microbiana aos antimicrobianos.

Para marcar esse período, que vai até o dia 24 de novembro, a Anvisa preparou uma série de matérias e posts em redes sociais com o objetivo de prestar esclarecimentos sobre o assunto e chamar atenção para esse problema, que exige ações integradas em escala global.

Neste primeiro momento, o órgão trouxe informações sobre a ação da OMS, explicando o que é resistência antimicrobiana, por que é importante combatê-la e quais são as ações desenvolvidas pela Anvisa.

Campanha global

Todos os anos a OMS promove a Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos, com o objetivo de aumentar a conscientização global sobre a resistência microbiana, além de incentivar as melhores práticas entre o público em geral, trabalhadores da saúde e formuladores de políticas para prevenir o desenvolvimento e a propagação de infecções resistentes aos antimicrobianos.

Neste ano, o foco da campanha foi ampliado para todos os antimicrobianos (antifúngicos, antiparasitários, antivirais e quimioterápicos), e não só os antibióticos, como em campanhas anteriores. Para a OMS, essa mudança se faz necessária pelo aumento da resistência para uma gama mais ampla de medicamentos. Por isso, em 2020 o tema escolhido para o setor de saúde humana é “Unidos para preservar os antimicrobianos”.

Vale ressaltar que a campanha também abrange outras áreas além da saúde humana, como a saúde animal e a agricultura. Portanto, os governos devem realizar ações de conscientização pensando em estratégias direcionadas para cada uma dessas áreas específicas. O slogan proposto para esse conjunto de setores é "Antimicrobianos: manuseie com cuidado”.

De acordo com a OMS, se ações não forem tomadas estima-se que até 2050 o problema causará, anualmente, a perda de 10 milhões de vidas em todo o mundo, além de um prejuízo econômico de 100 trilhões de dólares.

Algumas das doenças que são tratadas com antimicrobianos são tuberculose, pneumonias, malária, tétano, difteria, tracoma (infecção bacteriana que afeta os olhos) e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), entre várias outras.

O que é resistência microbiana?

É a capacidade de bactérias, fungos, parasitas e outros agentes etiológicos (microrganismos que causam doenças) resistirem à ação do antimicrobiano, diminuindo ou eliminando a eficácia desse medicamento para curar ou prevenir infecções. O problema tem várias causas, sendo uma delas o consumo inadequado de antimicrobianos, revela a Anvisa.

Segundo a OMS, o principal fator que impulsiona o desenvolvimento de infecções resistentes a medicamentos é o uso indevido e excessivo de antimicrobianos em humanos, em animais e em plantas.

O organismo internacional afirma ainda que más práticas de prescrição médica e a falta de adesão dos pacientes a tratamentos (interrupção do uso da medicação) também contribuem para o aumento da resistência antimicrobiana. Daí a importância de se fazer o uso racional desses medicamentos, com a adequada orientação de um profissional de saúde. Além disso, é muito importante que a população evite a automedicação.

Junta-se a esses fatores a falta de acesso à água limpa e ao saneamento, favorecendo o aparecimento de doenças que exigem tratamentos com medicamentos antimicrobianos, bem como o controle inadequados de infecções.

A OMS alerta, ainda, sobre outro agravante: o uso indevido de antibióticos durante a pandemia de Covid-19 pode levar à aceleração do surgimento e disseminação da resistência microbiana.

Ações da Anvisa  

A importância do envolvimento da Agência na Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos da OMS está diretamente ligada à sua missão de proteger a saúde da população e mais especificamente ao fato de que o órgão é responsável pela regulação sanitária de produtos (medicamentos, alimentos etc.) e de serviços de saúde no país, pela coordenação nacional do programa de controle de infecções relacionadas à assistência à saúde (Iras) e por normas que assegurem a segurança do paciente. Por isso, a Anvisa conta com diversas ações em apoio ao enfrentamento à resistência antimicrobiana.

Em 2012, o órgão instituiu a Câmara Técnica de Resistência Microbiana (Catrem), com a finalidade de assessorar a Diretoria Colegiada (Dicol) na elaboração de normas e medidas para o monitoramento, o controle e a prevenção da resistência antimicrobiana em serviços de saúde no Brasil. Posteriormente foi criado o Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde, estabelecendo metas para o enfrentamento do problema no país.

Já em 2017, o órgão publicou o Plano Nacional para a Prevenção e o Controle da Resistência Microbiana nos Serviços de Saúde e a Diretriz Nacional para Elaboração de Programa de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos em Serviços de Saúde, cujo objetivo é orientar os profissionais da área na elaboração e na implementação de programas.

Em 2019, a Anvisa iniciou o Projeto Stewardship Brasil, que tem a finalidade de avaliar o panorama nacional dos programas de gerenciamento do uso de antimicrobianos em hospitais com unidades de terapia intensiva (UTIs) para adultos. Além disso, a Agência trabalha continuamente na elaboração de materiais e na promoção de ações educativas sobre o assunto.

No Brasil, o monitoramento da resistência antimicrobiana é feito em aproximadamente 1,8 mil hospitais com leitos de UTI. A área da Anvisa responsável por esse trabalho é a Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS), vinculada à Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES), que, periodicamente, divulga boletins nacionais sobre o assunto.

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