Seu bolso
Pão vai ficar ainda mais caro; saiba os motivos!
Especialistas alertam para a tendência de aumento nos preços
Quem não gosta de comer aquele pãozinho frânces pela manhã, ou no final da tarde? Acontece que um dos alimentos mais comuns na mesa do brasileiro vai ficar ainda mais caro. Por ser derivado do trigo, especialmente o pão, deve aumentar o preço. A alta tem relação direta com a guerra entre Rússia e Ucrânia, que além de afetar o preço dos combustíveis, também atinge o trigo, devido aos países serem produtores mundiais do cereal.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), a Rússia é o maior exportador mundial de trigo e a Ucrânia ocupa a 4ª posição neste ranking. Juntos, os dois países são responsáveis por cerca de 30% do mercado mundial de exportação do produto, o que corresponde a 210 milhões de toneladas.
Outro fator que tem contribuido para a disparada de preço ocorre são as crises climáticas nos dois últimos anos, além da pandemia provocada pela Covid-19. O que impactou o posicionamento de estoques de segurança e fretes marítimos, cujos valores sofreram aumento de até três vezes.
Por tudo isso, o mercado mundial de trigo precificou, de forma contundente, indicando que visualiza um alongamento da crise. O cereal subiu, no mês de março, 35,7% nos Estados Unidos. A Argentina, maior fornecedor do Brasil, acompanha esta tendência. A escalada ainda não se estabilizou e continua em forte ascensão.
Rússia é o maior exportador mundial de trigo e a Ucrânia ocupa a 4ª posição neste ranking
A informação é do economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas, acrescentando ainda que a cadeia de derivados do produto é extensa, fazendo com que as pressões inflacionárias cheguem até os derivados.
“O trigo tem uma cadeia de derivados muito grande, que começa pela farinha, pão francês, macarrão, biscoito e muitos outros. Mas os grandes destaques de alta na cadeia de derivados tem sido pão francês e biscoito, para esses dois os aumentos vem acontecendo um pouco mais forte”, explica.
Para o especialista, se o conflito entre Rússia e Ucrânia não terminar, ou os países não chegarem a um acordo e a Rússia permanecer fora do mercado, pode levar um tempo para a oferta do trigo se normalizar. Permanecendo cara, a farinha pode contaminar outros itens que são produzidos a partir do produto.
O especialista, no entanto, tranquiliza que não há risco de desabastecimento do item.
O que vai acontecer são os reflexos do trigo no mercado internacional , porque um grande produtor, que é a Rússia está fora do mercado porque ninguém quer relação comercial com esse país no momento, então isso vai gerar choque de oferta que vai ajudar fazer com que os preços subam”
Niterói
O Enfoco percorreu padarias de Niterói e entre consumidores e donos de estabelecimentos a constatação é a mesma: o preço está salgado.
No bairro de Santa Rosa, na zona sul da cidade, a acompanhante Marinalva Ribeira, de 41 anos, contou que já sente o peso no bolso com a alta nos valores.
Eu compro pão todo dia de manhã. Lá em casa ainda temos uma criança e dois adolescentes que comem bastante, e não dá pra cada um comer um só e ficar na vontade. Temos que comprar por quantidade.
No Centro, o aposentado Luiz Ramos, de 63 anos, explica que sentiu o grande impacto também no preço do pão doce.
“Eu costumo comprar pouco pão francês, compro geralmente dois, mas o pão doce já cheguei a pagar R$3,00 e agora está R$5,00, assim só dá pra comprar as vezes, lamentou.
No Fonseca, a responsável por uma padaria, Verônica da Paixão, 36 anos, conta que já sentiu o impacto nas matérias primas para a produção e precisou repassar os valores aos consumidores.
“Aqui nós compramos pães congelados, antes estava R$ 0,25 agora está R$0,30, mas em outra padaria que trabalho, em que eles produzem, também aumentou. Antes o pão era R$ 0,70 e agora está R$ 0,80. Aumentou pouco, mas no final das contas, os clientes já reclamam, só que o valor da farinha também aumentou. O valor do pão aqui está R$ 0,50” explicou.
guerra
O economista André Braz esclarece que se o conflito entre Rússia e Ucrânia não terminar, ou os países não chegarem a um acordo e a Rússia permanecer fora do mercado, pode levar um tempo para a oferta do trigo se normalizar. Permanecendo cara, a farinha pode contaminar outros itens que são produzidos a partir do produto e disso ser um movimento um pouco mais permanente que transitório. O fator gera um problema, já que todos os derivados do trigo ou parte importante deles fazem parte da cesta básica. O especialista, no entanto, tranquiliza que não há risco de desabastecimento do produto.
“Mesmo que o conflito termine nas próximas semanas, as sanções devem durar por mais tempo, e as cadeias globais de comércio vão buscar novos acordos e novas relações e nesses novos acordos, uma parte logística será penalizada, ocorrendo problemas de oferta, mas não há risco de desabastecimento, o que vai acontecer são os reflexos do trigo no mercado internacional , porque um grande produtor, que é a Rússia está fora do mercado porque ninguém quer relação comercial com esse país no momento, então isso vai gerar choque de oferta que vai ajudar fazer com que os preços subam”, esclarece.
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