Preocupação
Pesquisa faz alerta sobre consumo de pornografia por adolescentes
Dados trazem curiosidades sobre a vida sexual dos brasileiros
Um estudo feito pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) traçou um perfil mais aprofundado de como é a vida sexual dos brasileiros e brasileiras. A pesquisa revelou dados interessantes, como o fato de que, em média, a população brasileira começa a consumir pornografia por volta dos 12 anos e tem a primeira relação sexual aos 18.
Marco Scanavino, professor e psiquiatra do IPq, alerta que, embora a pesquisa possua representatividade em termos de gênero e orientação sexual, ela não deve ser vista como um retrato generalizado da população brasileira. O que o estudo revela é uma fotografia de um recorte que mostra alguns detalhes sobre a vida sexual de muitos brasileiros, mas não todos. Tendo ouvido 3.650 brasileiros com média de idade de 45 anos, esse trabalho realizado pelos pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP é parte da "International Sex Survey", uma extensa avaliação envolvendo 45 países e 82 mil pessoas ouvidas por questionário ao redor do planeta.
Outros dados interessantes revelados pela pesquisa da USP são os seguintes:
- A média de parceiros sexuais de cada pessoa ouvida é de 10 parceiros ao longo da vida
- 44% estão sexualmente satisfeitos com o parceiro ou a parceira
- Viram pornografia entre 2 a 3 vezes por semana nos último ano
- Masturbaram-se de 2 a 3 vezes no mês a 2 a 3 vezes por semana nos últimos 12 meses
- Em um relacionamento sério, transaram de 2 a 3 vezes no mês a 2 a 3 vezes por semana no último ano
- 1% já fizeram sexo com um parceiro ou parceira casual (alguém com quem não tinham um relacionamento)
Os dados desmistificam um pouco a ideia do brasileiro hiperssexualizado, já que a maioria está satisfeita com a própria vida sexual e o parceiro. Também refletem algo que é tendência em relacionamentos: a frequência sexual é maior no início e vai aos poucos caindo
Preocupação
A pesquisa também traz dados preocupantes acerca da saúde sexual dos adolescentes. Com um acesso cada vez maior e mais precoce à internet, crianças e adolescentes, se forem expostas a conteúdos pornográficos desde cedo, podem desenvolver uma série de problemas na sua vida sexual e, caso tenham predisposição, até mesmo compulsão sexual.
O vício em pornografia é um tema que vem sendo cada vez mais foco de pesquisas científicas nos últimos anos, principalmente em decorrência da facilidade que a internet propicia a quem quiser assistir tais conteúdos. E no caso dos adolescentes, como eles ainda estão em fase de formação física, emocional e psicológica, o consumo de pornô pode trazer danos para a sexualidade.
Scanavino ainda completa dizendo que "Como o contato com a pornografia ocorre em uma fase da vida que antecede as primeiras experiências sexuais, as pessoas podem ter dificuldade em engajar com seus parceiros na 'vida real'.
Por isso, para psiquiatra, é importante que os adolescentes tenham consciência de que uma transa na vida real é diferente do que acontece nas telas.
Sexualidade fluida
A pesquisa também revelou alguns dados interessantes sobre a orientação sexual dos brasileiros:
- 66% se declararam como heterossexuais
- 13% como gays e lésbicas
- 8,6% afirmaram ser bissexuais.
Mas, no entanto, 34% dos brasileiros pesquisados declararam que não são "estritamente heterossexuais". Ou seja, demonstram uma maior abertura para outras experimentações sexuais. Scanavino faz um apontamento sobre essa fluidez sexual revelada pelo estudo.
É um reflexo da modernidade, de como a sexualidade hoje já é vista como algo mais fluido, especialmente nas sociedades ocidentais, e como há maior liberdade para assumir diferentes comportamentos, identidades e orientação sexual
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