Pesquisa

Pesquisa revela perfil dos trabalhadores por aplicativo; confira

Estudo divulgou ganhos médios, números e jornadas de trabalho

Segundo a pesquisa, cerca de 1,6 milhão de pessoas trabalham como motoristas e entregadores no país
Segundo a pesquisa, cerca de 1,6 milhão de pessoas trabalham como motoristas e entregadores no país |  Foto: Karina Cruz
 

O país tem, hoje, cerca de 1,6 milhão de pessoas trabalhando como motoristas e entregadores por meio dos aplicativos iFood, 99, Uber e Zé Delivery.

A maioria (80% dos entregadores e 60% dos motoristas) diz que pretende continuar trabalhando com as plataformas. A maior parte dessas pessoas tem Ensino Médio completo e se declara preto ou pardo, segundo associação que representa as plataformas. 

Estima-se que a renda líquida dos motoristas, já considerando os custos, para 40h semanais pode variar entre R$ 2.925 e R$ 4.756 por mês; para entregadores, entre R$ 1.980 e R$ 3.039.

Os ganhos observados para as duas categorias são superiores ao salário mínimo e à remuneração média do mercado para pessoas com a mesma escolaridade, dependendo da forma de engajamento do trabalhador com os aplicativos.

Quase a metade dos entregadores afirmou estar exercendo outra ocupação, sendo 50% destes com carteira assinada, enquanto 52% declararam se dedicar exclusivamente aos aplicativos, no momento da pesquisa. 

Esses dados foram compilados pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) no período de agosto a novembro de 2022. A pesquisa nacional entrevistou 3.025 motoristas e entregadores.

Foi constatado que a remuneração média mensal estimada para as duas categorias representa ganhos superiores aos praticados pelo mercado para pessoas com o mesmo perfil socioeducacional em jornadas integrais. 

Em relação à jornada, os motoristas trabalham em média entre 22 e 31 horas semanais, enquanto a jornada dos entregadores oscila entre 13 e 17 horas semanais, nos dois casos a variação ocorre considerando tempo de ociosidade. 

As estratégias de engajamento variam muito entre os trabalhadores. Alguns têm as plataformas como trabalho exclusivo, outros como trabalho complementar.

“Em um momento em que governo, trabalhadores e empresas se preparam para discutir maneiras de regular o trabalho em plataformas, percebemos que há na sociedade um desconhecimento muito grande sobre esse tipo de atividade e esperamos contribuir para o debate com informações precisas e abrangentes”, explica André Porto, diretor-executivo da Amobitec.

Para Victor Callil, coordenador de pesquisas do Cebrap, o estudo é de interesse público. 

“Ele aborda o campo de trabalho que se abriu a partir da oferta de aplicativos, desenvolvidos por empresas de tecnologia, para mediar atividades de transporte e logística. Trazendo novas informações, esta publicação se soma a outras pesquisas da área, que já investigam estes trabalhadores com metodologias diferentes. O intuito de ampliar o conhecimento sobre as características relacionadas ao trabalho desempenhado por motoristas e entregadores, é ajudar a pensar quais são as ações privadas e políticas públicas que podem ser desenvolvidas para produzir um mercado de trabalho justo e coerente com os anseios da sociedade.”

Motoristas

A notificação foi emitida no dia 20 de junho e o órgão estipulou 10 dias para que as empresas prestem as informações
A notificação foi emitida no dia 20 de junho e o órgão estipulou 10 dias para que as empresas prestem as informações |  Foto: Marcelo Tavares
  

De acordo com a pesquisa, embora 43% dos motoristas estivessem desempregados, 57% tinham uma atividade econômica prévia ao iniciarem o trabalho por meio de plataformas, a maioria com registro em carteira. 

Desses, 31% a mantiveram depois de começar as atividades com os aplicativos e 26% abandonaram essa atividade prévia para se dedicar exclusivamente aos aplicativos. 

Nas entrevistas, embora a maioria (63%) trabalhe exclusivamente com os aplicativos, 37% dos motoristas afirmaram ter outro trabalho concomitante à atuação nos aplicativos, dado que reforça a flexibilidade neste tipo de atividade, característica apontada como uma das principais vantagens dos aplicativos por 72% dos motoristas. 

Ainda segundo a pesquisa, cerca de 60% dos motoristas não estão buscando outra ocupação e querem continuar trabalhando com as plataformas.

Em relação ao engajamento dos motoristas nos aplicativos, os dados administrativos das empresas mostraram que a jornada média semanal de trabalho é de 4,2 dias – com uma média entre 22 e 31 horas semanais trabalhadas, que variam conforme o mês e o tempo de ociosidade. 

A pesquisa aponta que tanto os dias quanto o volume de horas trabalhadas tendem a variar com frequência, dependendo de fatores diversos como, por exemplo, outros trabalhos, eventos climáticos ou imprevistos familiares. 

Além disso, as diversas estratégias de engajamento dos motoristas também contribuem para que a jornada possa ser maior ou menor.

Entregadores

A pesquisa revelou que 67% dos entregadores tinham alguma atividade econômica antes de começar a trabalhar com aplicativos (52% com carteira assinada) e 31% estavam desempregados. 

Observa-se ainda que mais de um quarto (27%) já trabalhava com entregas, encontrando nas plataformas uma nova alternativa para gerar renda.

No momento da pesquisa, quase a metade dos entregadores afirmou estar exercendo outra ocupação (48%), sendo 50% destes com carteira assinada, enquanto 52% declararam se dedicar exclusivamente aos apps. 

O dado corrobora a importância dada por 60% dos entregadores à flexibilidade e à autonomia oferecidas pelos aplicativos, seguida pelos ganhos (43% dos respondentes) e pela liberdade de trabalhar com motocicleta (38%). 80% afirmam que pretende continuar trabalhando com as plataformas.

A jornada de trabalho de um entregador é em média de 3,3 dias por semana, com média de horas engajadas entre 13h e 17h por semana, com variações conforme o mês e o tempo de ociosidade. 

Para a maioria dos entregadores (55%), a média de dias trabalhados e horas logadas varia de acordo com outras ocupações e ocorrências da vida cotidiana. 

Os ganhos dos entregadores variam conforme as horas trabalhadas, mas a remuneração média por hora em entrega estimada é de R$ 23.

< Maíra Cardi aparece com iniciais de Thiago Nigro tatuada nos dedos Engavetamento com quatro veículos complica trânsito na Ponte <