Reviravolta
Polícia descarta ‘fake news’ como causa da morte de homem em SP
A hipótese levantada agora pela polícia é de crime passional
A Polícia Civil do Guarujá, no litoral de São Paulo, descarta fake news como motivação para brutal espancamento e investiga crime passional para a morte de Osil Vicente Guedes. Novas evidências levaram à substituição da linha de investigação inicial, que havia sido impulsionada por um vídeo que circulou nas redes sociais mostrando a agressão a Osil.
O delegado Rubens Eduardo Barazal esclareceu para o portal g1 que a alegação de que a vítima havia roubado uma moto era falsa. "Acho que ele foi induzido ao erro. Na situação, talvez, por equívoco, ele tenha achado que se tratava de um furto e que pegaram o cara e começaram a bater nele", explica.
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Com o avanço das investigações, a polícia descartou a hipótese: "A investigação da morte por fake news foi veiculada, mas está desconstruída pelo aparecimento de outros fatos que levam a outro caminho na investigação. Muito provavelmente ocorreu por conta de um ato ligado a um relacionamento problemático que ele tinha com a ex. Um ex-cunhado dela está entre os autores do espancamento".
A Polícia Civil já identificou os três suspeitos de espancarem Osil, uma prisão preventiva já foi decretada, outra está em processo de análise e a terceira deve ser solicitada para à Justiça nos próximos dias. "Já havia ocorrido uma primeira agressão ao Osil, quando ele teria ido até a casa da ex-namorada, um ou dois dias antes do espancamento. Ele teria ingressado na clínica dela, que é psicóloga, e praticado alguma agressão e quebrado algumas coisas. Quando ele saiu, já sofreu o primeiro espancamento", diz.
"Tivemos três fases na investigação. A primeira foi a questão da fake news da moto. A segunda, que era a identificação direta dos autores de acordo com as cenas de barbárie. A terceira, com a primeira motivação descartada, é na linha desse conflito com a ex-namorada, que tem vínculos com elementos com antecedentes criminais", finaliza.
Em depoimento, colhidos pela 2º DP de Guarujá, o irmão de Osil, não quis ser identificado, mas afirma que teve acesso a uma mensagem de voz de Osil, onde ele dizia ter brigado com uma mulher. O relato foi feito um dia antes dele ser espancado, o homem teria apanhado a mando dela, o que motivou a última briga do casal.
Depoimento da ex-namorada
Segundo informações obtidas pelo portal g1, a ex-namorada de Osil compareceu ao 2º Distrito Policial de Guarujá um dia após o linchamento do homem e afirmou que ele estava tomando medicação para tirar a própria vida devido ao término do relacionamento dos dois.
Ela relatou que namorou com Osil entre junho de 2022 e 29 de abril de 2023, e que pediu que ele deixasse a casa dela no último sábado (29), o que teria causado transtornos emocionais no homem. Essa informação é uma nova pista para a investigação, que está apurando as motivações do linchamento que resultou na morte de Osil.
Osil saiu junto com o filho, de apenas 9 anos, "e teria afirmado que já como ela 'não queria que ele dormisse lá, então estaria terminado o relacionamento". A mulher afirmou que concordou, e o ex foi embora.
No dia seguinte, no domingo (3), ele retornou a casa dela para devolver a chave e na ocasião, de acordo com a mulher, Osil informou que a partir daquele momento, ele teria uma "vida nova, porque ele se mataria no dia seguinte, e que iria se jogar na [rodovia] Piaçaguera se os remédios não lhe matassem", relatou a ex.
Ainda de acordo com a psicóloga, Osil foi para a casa dele e passou a enviar diversos vídeos dele para ela. Entre as imagens, ele aparece tomando vários remédios. A mulher afirma não saber quais remédios ele tomou, mas viu que o homem “colocava vários remédios no copo e tomava com coca-cola”.
Ainda de acordo com o depoimento feito pela ex-namorada de Osil, ele teria solicitado que ela fosse buscar o filho dele após sua morte. No entanto, ela sugeriu que ele deixasse a criança com ela. Pouco tempo depois, ela comunicou o irmão de Osil sobre a situação. O tio do menino foi buscá-lo e o levou para casa, e a ex-namorada relatou que não teve mais contato com ele desde então, nem na noite de domingo nem na segunda-feira (1) seguinte.
Na terça-feira (2), um dia antes de Osil ser brutalmente espancado, a psicóloga relatou que estava atendendo em seu consultório quando ele apareceu. Ela pediu gentilmente que ele se retirasse e não houve qualquer discussão. No entanto, Osil teria voltado durante a noite.
“Ele chegou transtornado. Pulou o muro e entrou na casa. Começou a bater na porta gritando. [...] Ele ficou transtornado e começou a quebrar coisas”, declarou. Ela teria chamado a Polícia Militar (PM). Segundo ela, os policiais foram até a casa e ela os atendeu do lado de dentro da residência. Quando os agentes foram embora, ela fechou a porta e foi dormir. Ela acrescentou que, mesmo assim, Osil voltou, mas ela não sabe o que houve, porque já tinha fechado a porta.
A psicóloga finalizou o depoimento afirmando que na última quarta-feira (3), dia que o homem foi espancado, Osil não ligou para ela e não foi à sua casa. A mulher contou que ficou sabendo do ocorrido após uma sobrinha dele comentar com ela. No entanto, a psicóloga respondeu a sobrinha que “não queria saber de nada da vida de Osil”. Ela disse que ficou sabendo que Osil foi agredido na rua somente no dia seguinte.
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