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Povo se levanta contra governo colombiano em onda de caos e mortes
Protestos contra a Reforma Tributária estabelecida pelo presidente da Colômbia, Ívan Duque, começaram na última quarta-feira (28) e o confronto entre manifestantes e a força de segurança do país já resultam em caos e mortes. De acordo com o Ministério da Defesa são 306 civis feridos, um policial morto e 540 policiais feridos até esta segunda (3). Entretanto, organizações não governamentais de Direitos Humanos, contestam os números de mortos e feridos apontados pelo Governo Federal, além de denunciarem a força policial do país por abusos de poder durante os protestos.
Segundo a emissora estatal Al Jazeera, com sede em Doha, no Catar, relatórios apontam que 16 civis e um policial morreram até o momento, enquanto Tremors, ONG que monitora a violência policial em todo o país, garante que 26 manifestantes já foram mortos pela polícia e 1.181 casos de violência policial foram registrados.
O diretor executivo, José Miguel Vivanco, da Human Rights Watch, organização internacional de Direitos Humanos, relatou pela rede social Twitter, nesta segunda (3), que uma equipe de investigadores está documentando casos de abuso policial e violência durante os protestos na Colômbia, e afirmou que suas 'DMs' - mensagem diretas no privado- estão abertas a qualquer testemunha ocular ou vítima de abuso que deseje entrar em contato conosco em total sigilo.
Enquanto isso, o Ministério da Defesa, afirma que 20 ônibus foram incinerados, 59 estabelecimentos comerciais saqueados, 21 destruídos e 43 vandalizados. Assim como foram vandalizados 94 bancos, 254 lojas, 14 pedágios, 4 estátuas, 23 veículos institucionais, 69 estações de transporte, 36 caixas eletrônicos, 2 administrações e 29 câmeras de foto-multas.
Segundo o Ministro, Diego Molano, os dias de violência ocorridos em meio aos protestos são fatos premeditados por terroristas.
“A Colômbia enfrenta uma ameaça terrorista, organizações criminosas estão por trás dos atos violentos que mancham o protesto pacífico. São atos premeditados, organizados e financiados por grupos dissidentes das FARC e do ELN. Graças ao trabalho do Grupo Especial contra o Vandalismo e crimes relacionados, identificamos algumas dessas organizações criminosas: o movimento JM19, o grupo Luis Otero Cifuentes, o Movimento Bolivariano de dissidentes das FARC de Gentil Duarte, os escudos azuis, os escudos negros , células urbanas do ELN, 8 e 9 de junho: camilistas do ELN”
Ainda segundo o ministro, "os atos considerados por ele como terroristas estão sendo organizados através dos grupos WhatsApp e Telegram, para atacar sistematicamente as principais cidades do país: Cali, Bogotá, Medellín, Pereira, Manizales e Pasto, com o objetivo de assassinar nossos policiais".
Reforma Tributária
Segundo o governo, a reforma tributária visava estabilizar um país economicamente devastado pela pandemia do coronavírus, entretanto as classes trabalhadoras e médias disseram que o plano favorece os ricos, ao mesmo tempo que os pressiona mais.
No último domingo (2), o presidente Ívan Duque, retirou a proposta de reforma tributária e anunciou que enviará um novo projeto ao Parlamento, segundo ele, feito em consulta com setores políticos e a sociedade civil. Na segunda-feira (3), o presidente anunciou ainda, a renuncia do Ministro da Economia, Alberto Carrasquilla.
"Para proteger os mais vulneráveis e reativar o nosso país, o consenso permite-nos afirmar claramente que não haverá aumento do IVA para bens e serviços nem alterará as regras existentes. Além disso, ninguém que não paga imposto de renda pagará esse imposto"
Entretanto, os protestos violentos continuam em torno da Colômbia, à medida que os sindicatos fazem mais demandas ao governo de direita do presidente Ivan Duque. Chamados para a mobilização para os próximos dias já circulam nas redes sociais.
ONU
O Sistema das Nações Unidas na Colômbia rejeita e condena veementemente a violência contra comunidades, defensores dos direitos humanos, líderes sociais e comunitários, bem como ex-combatentes das ex-FARC-EP, situação que se agravou nas últimas semanas.
Em nota, a ONU, reitera sua solidariedade com todas as vítimas e continuará a acompanhar as comunidades, autoridades étnicas e entidades estatais para enfrentar essas preocupações comuns, superar o conflito e avançar na consolidação da paz.
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