Histórico
Trump se declara inocente em caso de suborno à atriz pornô
Ele se tornou o primeiro ex-presidente a ser tornar réu em crime
Donald Trump adicionou mais aspecto na sua carreira política nesta terça-feira (4), ao se tornar o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar uma acusação criminal. Isso se soma à sua lista de realizações inéditas, como ter sido a primeira pessoa eleita para o cargo máximo do país sem experiência prévia em cargos públicos e o primeiro a ser alvo de dois processos de impeachment na Câmara americana.
Em um movimento pré-eleitoral, o republicano deixou a Trump Tower por volta das 13h (horário local), levantou o punho - um gesto que tem feito desde que assumiu a presidência em 2017 - e seguiu para a Corte no sul de Manhattan, cercado por jornalistas e apoiadores.
Na linguagem jurídica americana, ele se entregou à Justiça, o que significa que foi fichado pela polícia e ouviu as acusações contra ele no caso que envolve a compra do silêncio da atriz pornô Stormy Daniels durante a eleição de 2016. Segundo as investigações, ela recebeu US$ 130 mil (R$ 659 mil) de advogados do então candidato para não revelar um suposto caso com ele, e os gastos foram lançados como "despesas jurídicas", uma maquiagem de gastos de campanha.
"Indo para o sul de Manhattan, o tribunal. Parece tão SURREAL — UAU, vão ME PRENDER. Não posso acreditar que isso está acontecendo na América. MAGA [faça os EUA grande de novo]!", publicou ele a caminho da corte em sua rede social, a Truth.
Trump compareceu ao tribunal por volta das 15h30 (horário de Brasília) e ouviu 34 acusações criminais de falsificação de registros comerciais. Ele negou todas as acusações. Como o caso não envolve violência, ele não foi preso e foi liberado em seguida, voltando para a Flórida, em seu avião particular. Ele planeja fazer um discurso para seus apoiadores por volta das 21h (horário de Brasília) em Mar-a-Lago.
Os procedimentos no tribunal não foram transmitidos ao vivo, mas o juiz Juan Merchan permitiu que fotógrafos fizessem algumas imagens do processo. Outra imagem que pode se tornar histórica é a foto de frente e perfil de Trump como suspeito. Desde 2019, Nova York não divulga mais essas "mugshots", mas a equipe de Trump deve ter acesso às imagens para usá-las da melhor forma possível em sua campanha presidencial.
Desde que o indiciamento veio a público na semana passada, a equipe de Trump afirma que ele arrecadou US$ 8 milhões (R$ 40,6 milhões) em doações de apoiadores. Na segunda-feira, ele compartilhou em suas redes sociais pesquisas que o apontavam como favorito à indicação de seu partido, com mais de 20 pontos percentuais à frente do governador da Flórida, Ron DeSantis.
A questão é se a acusação a um ano e meio das próximas eleições realmente ajudará Trump em sua campanha, como ele espera. Uma pesquisa da CNN americana divulgada na segunda-feira (3) mostrou que 60% dos americanos aprovam o indiciamento. No entanto, 76% afirmaram que a decisão da Justiça teve algum componente político - sendo que, para 52%, a política ocupou um lugar central.
Do lado de fora do tribunal, conhecidos apoiadores de Trump se reuniram para dar suporte ao ex-presidente, como a deputada de extrema-direita Marjorie Taylor-Greene e George Santos, filho de brasileiros investigado por ter mentido sobre diferentes aspectos de sua vida e carreira durante a campanha.
Além disso, Trump está lutando contra outro processo na Geórgia, que pode levá-lo a ser julgado por tentativa de interferência na eleição que perdeu para Biden no estado em 2020.
No entanto, o que pode causar mais problemas e ser usado para impedi-lo de concorrer à presidência é a investigação sobre sua participação no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A 14ª Emenda da Constituição americana proíbe pessoas que participaram de insurreições ou rebeliões de ocuparem cargos públicos.
O Comitê da Câmara recomendou que o Departamento de Justiça acuse Trump por insurreição, o que pode impedir que ele dispute eleições, mas ainda não está claro se isso vai acontecer.
A Casa Branca tem evitado fazer comentários, mas John Kirby, do Conselho de Segurança Nacional, afirmou que o governo estará "preparado se houver necessidade". Biden falou brevemente com jornalistas nesta segunda-feira e disse que confia na polícia de Nova York e no sistema judiciário americano.
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