Ryhanna Rosa é uma niteroiense de sete anos que como toda menina da sua idade gosta de brincar de boneca, assistir vídeos no youtube e sonha viajar o mundo. A única dificuldade é que ela nasceu com uma doença rara chamada mielomeningocele, que afeta a coluna vertebral impedindo a firmeza das pernas. Até hoje, ela já fez 14 cirurgias e desde os dois meses de vida faz sessões semanais de fisioterapia para um dia conseguir andar.
“Não tenho dúvida de que ela vai andar”, afirma Rayane Rosa, de 28 anos, mãe da Ryhanna. A esperança começou quando ela descobriu a existência de um andador que permite pessoas com deficiência a ficarem de pé e darem os primeiros passos.
O único empecilho era o valor do aparelho NF-Walker, que custa cerca de 36 mil reais, valor fora da realidade da família. O pai, Maurício Rosa, de 31 anos, é barbeiro, e Rayane vende bolos para ajudar. O casal mora na Engenhoca, zona norte de Niterói, e são pais também da pequena Agnys, de dois anos.
Um amigo deu a ideia de criar uma campanha na internet para pedir doações para a compra do andador. Em janeiro deste ano, surgiu então a campanha: “Ryhanna de Pé” que através do site vakinha.com.br recebia as doações em dinheiro. Uma página no Facebook também foi criada para compartilhar as publicações.
Jogadores do Fluminense doaram uma camisa oficial do time assinada por todos para ser leiloada. Atletas do Vasco e do Macaé fizeram vídeos pedindo doações. Em quase um ano de campanha, metade do valor necessário foi arrecadado. Os noivos Henrique Seiblitz e Marcielle Seiblitz se casaram em outubro e ao invés de uma lista de presentes pediram doação para a campanha da Ryhanna.
“Tenho dois meninos saudáveis, quando conheci a história da Ryhanna não teve como não me colocar no lugar da mãe dela. A Rayane é uma guerreira, eu tinha que ajudá-la”, conta a gaúcha, que atualmente mora no Rio de Janeiro.
Na época, Marcielle e o noivo fizeram um site para os convidados do casamento realizarem as doações, que iam de R$200 a R$1 mil. “Não pedimos presente nenhum, nosso presente era conseguir o andador para a Ryhanna”, conta Henrique.
Eles conseguiram arrecadar R$ 10.515, mas se decepcionaram com alguns convidados, que não doaram nada. “Fiquei brava. Foi uma decepção com o ser humano. Me afastei de muita gente depois do casamento”, relata Marcielle. Ficou faltando R$ 8.508 para a compra do andador. Então os noivos e um casal de padrinhos dividiram o valor restante e compraram o andador com um bom desconto por R$ 32.524.
“A Ryhanna me fez aprender a esperar, a saber que tudo acontece no tempo certo. Hoje estamos muito felizes que ela vai poder ficar de pé e andar, ela ficava muito sozinha, agora vai poder brincar mais com a irmã e com os coleguinhas”, diz Rayane, emocionada.
Quem também não escondeu as lágrimas na hora que viu a filha de pé foi o pai, que estava realizando um sonho da família e de todos que ajudaram Ryhanna. “Eu acredito e tenho mesmo que acreditar cada vez mais de que ela vai andar”, comenta Maurício.
Emília Dias, fisioterapeuta que cuida da Ryhanna desde recém-nascida, explica que a partir de agora as duas sessões semanais de fisioterapia serão focadas na adaptação da Ryhanna ao andador. “Nós vamos trabalhar na coordenação motora, ela tem que se acostumar com a sensação de estar em pé sozinha e futuramente ela vai andar sozinha com a ajuda do aparelho”, explica a profissional, grata com a conquista da pequena paciente.
“Estou muito feliz porque vou brincar mais com a minha irmã agora”, conta Ryhanna que, assim como os pais, acredita que um dia ainda andará sozinha. “Andar é o meu maior sonho”, conta a pequena guerreira.
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