O venezuelano Josmel Bueno, de 35 anos, decidiu sair pedalando pela América Latina há mais de dois anos. Entediado e desesperançoso com a situação econômica e política de seu país, ele saiu em busca de uma aventura. O ciclista está há dez meses percorrendo países e há sete pelo Brasil.
As pessoas falam que eu tenho muita coragem. Eu não conseguia ver como felicidade, tranquilidade ficar em um só lugar e precisava arranjar alguma coisa que faltava. Agora sim estou feliz assim Josmel Bueno, ciclista
Bueno passou um período de dois anos durante a pandemia morando na Argentina, mas logo sentiu 'sede' de voltar às ruas. Pedalando, ele passou por Uruguai e chegou na fronteira com o Brasil no dia 26 de março deste ano.
A bike de meio de transporte virou casa: nela ele armazena uma barraca, saco de dormir e alguns itens essenciais, como água, comida e medicamentos.
O mecânico de bicicleta conta com a ajuda de pessoas que conhece pelo caminho e que se comovem com sua história. Por vezes, ele passa semanas em casas, mas revela que está acostumado a viver nas ruas.
Moro na rua como caminhoneiro, às vezes também moro no mato Josmel Bueno, ciclista
Ele também costuma arrecadar dinheiro fazendo apresentações de bumbo e vendendo adesivos, que faz por aplicativo de seu telefone, além de artesanatos.
O venezuelano chegou ao Rio na última semana, vindo de São Paulo, pela primeira vez por uma viagem de ônibus. Com medo de passar noites pelas ruas paulistas, o ciclista preferiu percorrer o trajeto de um jeito mais rápido.
Ele usou a Barca do Rio a Niterói para chegar à cidade. Seu destino no Rio é Búzios, onde pretende se encontrar com um amigo também ciclista. Ele ainda não sabe para onde vai depois que sair das terras cariocas.
Josmel percorreu todo o sul do Brasil pela costa brasileira. Durante os meses que passou pedalando, o venezuelano acumula boas histórias com pessoas que o acolheram. Uma delas foi quando passou um período em Solidão, no Rio Grande do Sul. Lá, ele conheceu um lenhador com quem criou uma amizade. Ele conta que quando decidiu voltar para a estrada, ficou triste por ter que deixar seu colega.
Sem hora para acabar
Josmel sai sem saber por quantos quilômetros vai pedalar no dia. Segundo ele, o tempo, a condição da estrada e do vento podem alterar sua previsão.
"É irregular porque eu não tenho destino final. Pedalo um pouco aqui, um pouco ali. Eu faço assim, pego velocidade e vou entre 20 ou 21 km por hora em estrada plana. E eu só pedalo de noite, ou de 5h da manhã até 9h, porque de tarde é muito ruim. Aí nesse tempo fico tranquilo em algum posto de gasolina, vendo meu artesanato", disse.
Josmel deixou na Venezuela seus pais, que já estão uma idade avançada. Ele conta que por hora sua mãe pede para que ele volte, por já estar com 70 anos e com a saúde debilitada. Ele pensa em futuramente pegar um avião e ir para a Colômbia, e de lá voltar para seu país visitar seus parentes. Mas, para o ciclista, lar mesmo é por onde ele pode ir com sua companheira, sua bicicleta.
Confira um pouco de sua aventura
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Josmel quando chegou ao Brasil -
Quando o ciclista chegou no Rio, dia 17 de novembro -
Em Balneário Camboriú, Santa Catarina -
Em Imbituba, município em Santa Catarina -
Josmel e seu amigo lenhador, no Rio Grande do Sul
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