Cidades
Alerta na Ponte - Como proteger e evitar tragédias
Os recentes casos, ocorridos neste mês de outubro, envolvendo intervenções na Ponte Rio-Niterói, reacendeu o debate sobre os cuidados na preservação das integridades física e mental de pessoas que atentam contra a própria vida no trecho. A mobilização tardia da concessionaria responsável pela administração da Ponte geralmente resulta em congestionamento e nem sempre consegue resultados eficazes na preservação da vida. No entanto, em outros estados e até países, ações já acontecem para evitar o futuro trágico dos envolvidos.
Neste mês de outubro, no último dia 16, a Ponte Rio-Niterói chegou a ser interditada por cerca de uma hora devido a uma intercorrência conjunta da concessionária EcoPonte, das policias Militar e Rodoviária Federal, além de agentes do Corpo de Bombeiros.
Pelas redes sociais, em grupos interativos do Enfoco pelo WhatsApp e Facebook, seguidores se manifestaram entre reclamações exigindo medidas de proteção no trecho, e abordagens voltadas à saude mental.
“Acho legal colocar tela para não facilitar o uso do lugar e pra não gerar os transtornos que acabam sendo gerados. Até porque, parar o trânsito na Ponte por tal situação, muito triste por sinal, pode ocasionar em outras mortes. Porque, por exemplo, pode ter uma ambulância indo para algum hospital, algum chamado policial e por aí vai”
Hanye Oliveira, seguidor em comentário no grupo Enfoco
Há quem diga também que a colocação de telas de proteção não é a solução: “... o problema não é o meio e sim a causa. Vamos combater a depressão que é melhor”.
Proteção
A proteção em pontes no Estado do Rio de Janeiro já é tema recorrente na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), porém segue indefinida. Em 2013, por exemplo, foi discutido o Projeto de Lei, nº 2217, elaborado pelo, na época, deputado estadual Waguinho, atual prefeito de Belford Roxo, que determinava a instalação de equipamentos de proteção contínuos em pontes e viadutos, com objetivo de diminuir e evitar o número de mortes causadas por colisões entre veículos e/ou por suicídios.
"Não podemos nos ater somente à prevenção, é muito importante a criação de meios para evitar o ato que já está em andamento, através de dispositivos que retardem ou contenham fisicamente o suicídio"
Waguinho
Segundo a Alerj, o projeto foi atrelado a um antecessor, n° 2090/2013, elaborado pelo então deputado estadual Bruno Correia, que abordava a colocação de muretas de proteção em viadutos e pontes. Contudo, os projetos não foram adiante.
Golden Gate
A Golden Gate, uma das mais famosas pontes do mundo, localizada em São Francisco, nos Estados Unidos, também é um dos principais pontos turísticos, usados por pessoas que atentam contra a própria vida. Segundo a Golden Gate Distrito de Reodovias e Transportes, que responde pelo trecho, uma rede de aço, com seis metros de distância, começou a ser instalada em 2018 para prevenir tais casos. A previsão é que o término da obra aconteça em 2023. Mas além do projeto em andamento, a ponte conta com um serviço de voluntários treinados, o chamado Bridgewatch Angels, que auxilia vítimas potenciais em rápido socorro.
Pontes no Brasil
No Brasil, há estudos para implementação de telas de proteção espelhados na Golden Gate. A ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, Santa Catarina, e a Terceira Ponte, que liga as cidades de Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo, estão entre os principais exemplos do país.
A sociedade capixaba solicitou a criação de uma barreira de proteção na Terceira Ponte para evitar casos de suicídio no local. Além dessa reivindicação, os moradores pediram a inclusão de uma ciclovia para não atrapalhar o trânsito de veículos.
Segundo o Governo do Espírito Santo, as obras na estrutura começaram a ser realizadas em julho deste ano. A Terceira Ponte contará com uma grade antiescalada com três metros de altura, em ambos os sentidos da via. No vão central da ponte, a proteção será realizada por uma parede de vidro. De acordo com o órgão, a previsão de término das obras está prevista para 2023.
Questionada sobre estudos para prevenção, número de funcionários atuantes e capacitados na prestação de socorro às vitimas, métodos alternativos para garantir atendimento e fluxo de trânsito, além de campanhas continuas relacionadas ao tema, a EcoPonte, concessionária responsável pela administração da Ponte Rio-Niterói, preferiu não se manifestar.
Pedágio
Com autorização da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), anualmente a concessionária aplica aumentos no valor do pedágio, conforme previsto em contrato de concessão. O último reajuste de 6,5% foi aplicado em 1º de julho.
Veja o valor cobrado de tarifa de pedágio aos motoristas que atravessam a Ponte:
R$ 4,90 - carros, caminhonetes e furgões
R$9,80 - caminhões, ônibus e furgões 9rodagem dupla)
R$ 7,35 - veículos de reboque
R$ 19,60 - caminhões de reboque e semi reboque (4 eixos)
R$ 24,50 - caminhões de reboque e semi reboque (5 eixos)
R$ 29,40 - caminhões de reboque e semi reboque (6 eixos)
R$ 2,45 - motos
Ajuda
De acordo com o Centro de Valorização da Vida (CVV), pouco mais de um milhão e meio de pessoas (1.681.188) já ligaram em busca de atendimento somente esse ano. Os dados são parte de um levantamento realizado referente apenas ao primeiro semestre. O Rio de Janeiro é o terceiro estado do país com maior número de procura por ajuda, atrás de São Paulo e Minas Gerais.
O CVV realiza apoio emocional para pessoas em depressão e com problemas relacionados a saúde mental. O atendimento é realizado de forma voluntária, gratuita, sob sigilo, por telefone, email e chat.
Em Niterói, há dois pontos de atendimento: um no Centro, localizado na Rua Coronel Gomes Machado 140, e outro na Avenida Francellino Barcelos 333, em Piratininga, na Região Oceânica. Em São Gonçalo o ponto de atendimento fica na Avenida Visconde de Sepetiba 53, no bairro Antonina.
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