Consumidor
'Arraiá salgado': itens típicos de Festa Junina estão mais caros
Especialista explica como economizar nas compras dos alimentos
Após dois anos de pandemia e a retomada das Festas Juninas, os ingredientes e insumos para o preparo dos pratos e quitutes da tradição estão cada vez mais 'salgados'. De acordo com o estudo do Instituto Brasileiro de economia (FGV - IBRE) os alimentos aumentarem em 13,12% nos últimos 12 meses e a inflação ao consumidor, medida pelo Índice de Preço ao Consumidor (IPC-M), ficou em 10,08% no mesmo período.
Em São Gonçalo, no centro comercial de Alcântara, a feirante Rosane Ferreira, 66 anos, que se preparava para vender milho na manhã desta quarta-feira(22) comentou sobre a procura pelo produto.
"Em comparação a antes da pandemia, acho que está vendendo pouco,. Mas geralmente as vendas aumentam mais nessa semana do dia 20, na véspera de São João, então, vende muito. Em outras épocas já tinha vendido bastante, acho que as coisas estão muito caras e as pessoas com pouco dinheiro", comentou
Rosane trabalha com a venda de milho há 40 anos e este ano faz a promoção para tentar alavancar as vendas.
Apesar disso, a vendedora Marinalva Ferreira, 50 anos, que possui uma barraca de legumes e frutas discorda da colega de profissão e afirma que mesmo com a alta dos preços as pessoas estão indo as compras.
"Depois da pandemia, todo mundo está com vontade dançar, sempre falei que quando a pandemia passasse ia voltar ao normal, as pessoas querem festejar. Pode tá caro, mas o povo compra", comentou.
A feirante vende aipim, item muito utilizado em caldos nesta época do ano. O quilo está saindo a R$ 2,99
Em uma loja de doces, o gerente Demétrio Teixeira, 28 anos, revelou os produtos que estão saindo com mais rapidez.
"Os doces que mais saem são paçoca, pé de moleque, doce de abóbora e cocada. Os preços pra gente aumentou muito, mas as vendas voltaram ao normal. Acontece que nosso lucro é o mesmo, porque estamos pagando mais caros nos produtos e vendendo com preço antigo", explicou.
Comerciantes garantem que as vendas de comidas típicas de festas juninas aumentam a partir da segunda quinzena do mês de junho, devido ao dia de São João Batista, comemorado nesta sexta-feira (24).
De acordo com o economista do Fundação Getúlio Vargas (FGV), Matheus Peçanha, a alta se deve a choques climáticos no Brasil.
"O Brasil tem vivido choques climáticos sucessivos, praticamente desde 2020. Nesse último choque, chuvas torrenciais nos meses de verão impactaram quase todas as culturas de hortifrútis. Por isso, vimos uma escalada de preços absurda nos últimos quatro ou cinco meses, de itens tão básicos como o tomate e a cenoura, que foram os protagonistas desse período, mas também de itens importantes dessa lista, como a batata, a couve e a maçã", aponta Peçanha.
Em relação aos doces, o especialista explica que muitos são derivados do trigo que sofrem impacto devido à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Dentre os 27 itens que apresentaram alta há um destaque para o caldo verde e a maçã do amor. Isso porque a batata-inglesa e a couve subiram 71,35% e 29,34%, respectivamente, nos últimos 12 meses. Enquanto o açúcar refinado, a maçã e o açúcar cristal subiram 42,02%, 28,68% e 26,8%, respectivamente.
Outros produtos que aumentaram acima da inflação foram: milho de pipoca (20,95%), leite longa vida (18,03%), farinha de trigo (16,78%), aipim/mandioca (16,03%), fubá de milho (15,63%), ovos (15,1%), batata doce (13,83%), milho em conserva (12,08%), queijo minas (11,23%), leite condensado (10,67%) e linguiça (10,1%). Apenas dois produtos dentre os 27 itens registraram recuo em seu preço no período pesquisado: o leite de coco (-2,36%) e o arroz (-8,98%).
O economista deu dicas sobre o que os consumidores podem fazer para não sofrerem tanto com impacto do bolso.
"Muitos desses produtos não têm substituto para quem quer seguir a receita tradicional, então a principal dica para driblar o impacto no bolso do consumidor é pesquisar preços, dar preferência a marcas menos conhecidas ou reunir um grupo maior e comprar no atacado para conseguir descontos maiores", aconselha.
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