Hospital da Mulher

Bebê morre em hospital de Bangu e família aponta negligência

A bebê Antonella viveu apenas 4 dias

A morte ocorreu no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, em Bangu, nesta terça-feira (26)
A morte ocorreu no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, em Bangu, nesta terça-feira (26) |  Foto: Arquivo pessoal
 

Uma adolescente de 16 anos viu seus sonhos desmoronarem após o falecimento da filha, a pequena Antonella, nesta terça-feira (26). A bebê tinha apenas quatro dias de vida. A morte ocorreu no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. A família da jovem alega negligência médica.

A causa do óbito dita pelo hospital aos familiares seria por choque séptico refratário. A tia da criança, Yasmin Felipe Santos, de 23 anos, diz que a bebê nasceu com um ferimento na cabeça, após o uso do vácuo extrator para retirar a bebê do canal vaginal, no momento do parto. Antes da morte, a neném apresentou diversas paradas cardíacas, revelam parentes.

Yasmin conta, ainda, que a cabeça da neném ficou machucada e sangrou, manchando até mesmo as roupas de Antonella. O caso é registrado na 34ª DP (Bangu). A Polícia Civil informou que diligências seguem para esclarecer todos os fatos.

Procurada pelo ENFOCO, a direção do hospital lamentou o falecimento da bebê e informou que abriu processo de apuração do atendimento prestado à paciente durante o parto.

"A direção do hospital reitera que está à disposição da paciente e sua família para prestar quaisquer esclarecimentos", informou em nota a Secretaria Municipal de Saúde.

O parto

A mãe da criança entrou em trabalho de parto na madrugada da última sexta-feira (22). Ainda grávida, a adolescente não estava com a dilatação necessária para o nascimento do seu bebê por parto normal. Conforme parentes, foi aí que o pesadelo dela começou. 

"Ela iniciou o trabalho de parto logo depois da meia noite, mas só foi ter o bebê lá para às 15h e pouca. Chegou um momento, por volta das 7h, que a médica já havia estourado a bolsa da minha irmã com o toque e a Vanessa chegou a ter 9 mm de dilatação, mas precisava ter 10 mm de dilatação para o parto normal. Colocaram minha irmã para andar, para sentar na bola, tomar banho gelado, fizeram de tudo e nada adiantou", disse Yasmin.

Ela continua explicando. "Até que colocaram ela na cama e uma profissional do hospital uso um vácuo extrator por quase 1h para tirar a neném, sendo que esse aparelho deve ser usado apenas cinco vezes. Cortaram a minha irmã e chegaram a fazer uma incisão na parte vaginal dela", contou a irmã da adolescente.

Conforme o relato, a grávida chegou a pedir uma cesariana, mas não teria sido ouvida pela equipe médica.

"Tentaram desacreditar dela muitas vezes, os médicos falaram que não tinha necessidade de fazer uma cesárea. Depois das 15h, quando não conseguiram mais fazer nada, levaram ela para a cesárea e foram mais de 10 médicos dentro da sala para o parto. Isso não é normal", disse a jovem Yasmin, que é estudante de enfermagem. 

Ela nasceu na última sexta-feira (22)
Ela nasceu na última sexta-feira (22) |  Foto: Ana Carolina Moraes
  

A criança então nasceu e logo após teve uma parada cardíaca, precisando ser reanimada, disse a família.

"Autorizaram a minha mãe, avó da criança, a ver a neném quando a Antonella foi para a UTI Neonatal após o parto. Lá, minha mãe percebeu que tinha um machucado na cabeça da criança e que ela estava ensanguentada. Minha mãe teve cinco filhas e disse que isso não era normal, mas os médicos lá ficaram omitindo, passaram a não deixar a gente ver a neném e falavam que o machucado era normal", contou a tia de Antonella.

Pesadelo

A mãe de Antonella recebeu alta na última segunda-feira (25) e mais uma dor de cabeça teve início: a equipe médica não deixou a puérpera continuar no hospital, em uma sala específica, acompanhando a bebê, que continuava internada.

"Não deram assistência nenhuma para a minha irmã, nem atendimento psicológico ofereceram. Sendo que uma psicóloga a viu no hospital e falou que ela ia precisar. Não deixaram a minha irmã ficar na sala de acolhimento com outras mães que ficam lá quando o bebê continua internado e a mãe tem alta. Falaram que não iam deixar por ela não ter 18 anos, mas a minha mãe é responsável dela e estava lá autorizando. Depois que a imprensa veio aqui que permitiram que ela ficasse na sala", afirmou Yasmim. 

Nesse meio tempo, a criança continuava sangrando e teve mais paradas cardiorrespiratórias, diz a tia Yasmin. Antonella veio a falecer na noite desta terça (26), por volta das 21h15.

"Minha irmã e minha mãe estão em um estado que não conseguem nem ir no enterro. É muito difícil. Estamos todos muito abalados. Era uma gravidez saudável, de 9 meses, a criança não tinha nenhuma doença, era um bebê saudável e muito esperado por todos nós, mas alegaram que a Antonella morreu por causa de choque séptico refratário e que ela teria tido exposição à sífilis, sendo que ela não tinha, se ela contraiu alguma bactéria foi no hospital", conta.

Exames anteriores compravam que a neném não tinha problemas de saúde, diz Yasmin. "Nós queremos que quem fez isso pague, que eles respondam pelo crime. Essa não é a primeira nem a segunda morte no local, mas queremos que isso pare, que não ocorra mais no hospital e procuraremos justiça por isso", continua.

A família ainda não tem informações sobre o horário do enterro da criança. O desejo é que seja realizada uma nova autópsia no corpo do bebê para entender a real causa da morte de Antonella.

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