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Caminhoneiros cessam manifestações e rodovias estão livres no Rio

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|  Foto: Foto: Marcelo Tavares
Caminhões ficaram no acostamento no início da manhã. Foto: Marcelo Tavares

As manifestações de caminhoneiros apoiadores de Bolsonaro, que tinham o objetivo de forçar uma paralisação da classe, não se prolongaram durante a manhã desta quinta-feira (9). De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), na rodovia Niterói-Manilha, em Itaboraí, por exemplo, às 2h15 haviam apenas 10 manifestantes local e às 7h todas as rodovias federais estavam com fluxo normal.

O caminhoneiro Rogério Vieira, de 56 anos, que trabalha na estrada há 15 anos, informou não concordar com a paralisação. “Eu acho que existem outros meios de reivindicar, a paralisação só prejudica o trabalhador”, informou.

Já um segundo caminhoneiro, que trabalha para uma cervejaria, que preferiu não ser identificado, relatou que na quarta-feira (8) passou pela rodovia antes do movimento. “Quando eu passei não tinha começado, hoje vou tentar adiantar para acabar cedo”, relatou. Além disso, o motorista reclamou da alta dos combustíveis, mas se manteve neutro sobre apoiar ou não a paralisação.

De acordo com a PRF, a partir das 7h todas as vias estavam sem obstrução, com poucos grupos de manifestação em Campos e Caxias, porém todos fora da rodovia, com trânsito fluindo normalmente.

Consequências da paralisação

Segundo o economista formado pela Universidade Federal Fluminense, Jander Rodrigues, caso a greve ganhasse força, poderia acarretar na falta de produtos, como aconteceu em 2018.

"Com paralisação não há abastecimento. O resultado disso é a falta de produtos: ou vende rápido ou o preço aumenta para segurar a mercadoria. De um jeito ou de outro prejudicará a população, assim como aconteceu em 2018” declarou.

O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas, reforçou a fala do colega de profissão e ainda incluiu a inflação como consequência.

“A falta de combustível e filas enormes estimulam oferta e demanda. Se pararem as estradas causarão incontáveis prejuízos: desabastecimento de supermercados em produtos mais básicos; mercadorias que podem estragar, pois necessitam de refrigeração; além do mais danoso, que é mexer na inflação. Mesmo que seja uma greve temporária, ela cria uma tensão de preços. Vivemos em um ambiente de extrema incerteza, que conjugado com uma paralisação pode aumentar ainda mais, trazendo piora no câmbio, desvalorização da nossa moeda e migração de recursos”, explicou.

De acordo com o Ministério da Fazenda, a paralisação de 11 dias em 2018 causou perdas de R$15,9 bilhões para a economia do Brasil e ocasionou uma intensa crise de abastecimento, além de afetar atividades que dependem do transporte rodoviário.

Rodovias fechadas pós-feriado

Além da rodovia Niterói-Manilha, no Rio foram registrados movimentos nas rodovias Presidente Dutra, altura de Seropédica, na Região Metropolitana; e em Campos, no Norte Fluminense. Até a madrugada desta quinta (8), foram registrados 173 pontos de concentração e 53 bloqueios em rodovias federais, com destaque para Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

Sindicato dos caminhoneiros

O movimento não conta com adesão de sindicatos e federações da categoria. Para o presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado do Rio (Fecam-RJ), Antônio Vitaliano, o movimento não tem respaldo das federações ou dos sindicatos dos caminhoneiros.

“São atos isolados. Alguns caminhoneiros envolvidos se dizem lideranças e de alguma forma conseguem a aceitação de alguns setores. A federação e os sindicatos são totalmente contrários no momento. A nossa posição é sobre os demandas dos preços e da alimentação. Alguns se envolvem com essa polarização e muitos recebem até dinheiro pra parar. Uma coisa é uma posição nossa como entidade, outra coisa é a pessoa que tem o poder de escolher se opor ou não ao movimento”.

Já a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) manifestou ‘total repúdio’ às paralisações. Segundo a associação, se trata de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, diz a entidade em nota. O texto leva a assinatura do presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio.

Presidente envia mensagem

Em um áudio direcionado aos caminhoneiros, ainda não publicado de forma oficial, o presidente Bolsonaro pediu às lideranças do movimento que desbloqueiem as vias para evitar desabastecimento e aumento da inflação.

“Fala para os caminhoneiros, que são nossos aliados, que esses bloqueios atrapalham nossa economia. Isso provoca desabastecimento e inflação. Prejudica todo mundo, em especial os mais pobres. Dá um toque para os caras, para liberar, para a gente seguir a normalidade. Deixa com a gente em Brasília, aqui, agora. Não é fácil negociar e conversar por aqui com outras autoridades, mas a gente vai fazer nossa parte e vamos buscar uma solução para isso, tá ok? Aproveita e em, meu nome dá um abraço em todos os caminhoneiros”, disse o presidente.

Na noite dessa quarta-feira (8), o ministro Tarcísio Freitas confirmou a autenticidade do áudio com a voz do presidente. "Esse áudio é real e de hoje. Ele mostra a preocupação do presidente com a paralisação dos caminhoneiros, que iria agravar efeitos na economia e inflação, e ia impactar nos mais pobres e vulneráveis".

Freitas disse que o país já vive atualmente efeito da pandemia nos preços dos produtos. Segundo ele, "a inflação tem hoje uma componente internacional, e uma paralisação vai trazer desabastecimento, prejudicando a população". "A gente não pode tentar resolver um problema criando outro". "Peço a todos que escutem atentamente as palavras do presidente, e que tenhamos serenidade para pavimentar um futuro melhor. A solução do problema se dará através do diálogo das autoridades. Vamos confiar nessa condução e no diálogo", acrescentou o ministro.

Com Agência Brasil

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