Contaminação

Caso de varíola dos macacos assusta população de Maricá

Homem diagnosticado está em isolamento e estável

No geral, a varíola dos macacos pode ser transmitida pelo contato com gotículas exaladas por alguém infectado
No geral, a varíola dos macacos pode ser transmitida pelo contato com gotículas exaladas por alguém infectado |  Foto: IStock
 

Após o primeiro caso de varíola dos macacos confirmado em Maricá, neste domingo (19), a população demonstra preocupação com a doença. Este é o segundo caso confirmado no Estado do Rio. No Brasil já são oito casos diagnosticados. 

A cuidadora de idosos Maria de Fátima Bezerra, 55 anos, conta que ficou com muito medo ao receber a informação de que um morador de Maricá foi contaminado. Preocupada, a moradora do bairro São José Imbassaí, diz que é preciso ter cuidado.  

Achamos que essa doença estava tão longe e agora já está aqui Maria de Fátima, cuidadora de idosos
 

"Fiquei com bastante medo, minha neta acabou de nascer e isso é muito preocupante, porque a Covid começou do nada e se espalhou. Todo cuidado é pouco", complementou a moradora.

Já a manicure Rosângela Almeida, 64 anos, relembrou os tempos passados e atentou com a falta de credibilidade da população na doença. 

Essa situação está muito preocupante, nos tempos passados houve muitas mortes e agora muita gente não está acreditando, mas eu estou Rosângela Almeida, manicure
  

Sintomas   

De acordo com o Instituto Butantan os sintomas iniciais da doença incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. 

"Lesões na pele se desenvolvem primeiramente no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, incluindo os genitais. As lesões na pele parecem as da catapora ou da sífilis até formarem uma crosta, que depois cai", esclarece especialistas do Butantan.

 O infectologista e epidemiologista Bruno Scarpellini lembra, ainda, que os sintomas típicos incluem falta de energia e erupções cutâneas ou lesões. Ele diz que outros sintomas podem ser dor de garganta, tosse, conjuntivite, cansaço, náuseas, vômitos e sensibilidade a luz.

"É momento de alerta mundialmente, com a possibilidade de uma nova pandemia novamente", relata.

O Instituto Butantan disse que os sintomas podem ser leves ou graves, e as lesões na pele podem ser pruriginosas ou dolorosas.
  
A varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958
A varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958 |  Foto: Marcelo Tavares
 

Prevenção 

Residentes e viajantes de países endêmicos devem evitar o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas) e devem evitar de comer ou manusear caça selvagem. 

Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes para evitar a exposição ao vírus
 

Além de evitar contato com pessoas infectadas e usar objetos de pessoas contaminadas e com lesões na pele.

O Instituto Butantan revela que historicamente, a vacinação contra a varíola comum mostrou ser protetora contra a varíola dos macacos. 

"Em termos de vacinas, poderia se usar a vacina da varíola. Essa estratégia tem sido feita em alguns países. Ainda não existe uma vacina específica para Monkeypox. Mas alguns países já estão adotando essa estratégia de vacinação com a vacina da varíola", conta o médico Bruno Scarpellini.

Segundo o especialista, o tratamento com pacientes é de suporte, dependendo dos sintomas.

"Tem que ter cuidado com lesões da pele, incluindo assepsia, com água e sabão; e tratar os casos de infecção secundária e alguns compostos estão sendo estudados que podem ser eficazes contra a infecção. Esses indivíduos quando internados devem ter um leito específico, e obviamente ter as precauções padrão de prevenção e controle de infecções, bem como prevenção de contato e de gotículas".

As precauções de isolamentos, de acordo com Bruno, devem ser continuadas até que todas as lesões tenham virado crostas e tenham caído.

"Os contatos devem ser monitorados diariamente para o início dos sintomas, por um período de 21 dias. E os contatos assintomáticos podem continuar as atividades diárias como trabalho e escola", conta.

Transmissão 

No geral, a varíola dos macacos pode ser transmitida pelo contato com gotículas exaladas por alguém infectado (humano ou animal) ou pelo contato com as lesões na pele causadas pela doença ou por materiais contaminados, como roupas e lençóis. 

O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias. Por isso pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação por 21 dias.

As crianças também estão em maior risco, e a varíola durante a gravidez pode levar a complicações, varíola congênita ou morte do bebê, aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Bruno Scarpellini reforça que o vírus pode ser transmitido do animal para pessoa ou de pessoa para pessoa.

"O vírus penetra no corpo através de lesões de pele, mesmo que não sejam visíveis através do trato respiratório e membranas mucosas de olho, nariz e boca. Também pode ocorrer transmissão vertical, via placentária", conta.

No Brasil, ainda não existe evidências sobre a transmissão sexual. 

"Alguns casos fora do país têm se alegado uma possível transmissão sexual, mas isso ainda não está claro. Algumas pessoas têm aparecido com lesões em região de órgãos sexuais após relacionamento sexual. Mas isso não está claro. Não está claro, também, se transmite pelo sêmen, pela urina", ressalta.

O médico diz que durante o período de encubação, ou seja, o tempo desde a infecção até o início dos sintomas, a pessoa não é contagiosa.

"O período de encubação é de 7 a 14 dias mas pode variar de 5 a 21 dias. A varíola é uma doença autolimitada com duração típica de duas a quatro semanas podendo ter formas graves em crianças, mulheres grávidas e pessoas com imunossupressão", finaliza.

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