Cidades
Correios por um fio em Niterói
A Câmara Municipal de Niterói discutiu os últimos fechamentos de agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) no município durante audiência pública na noite desta quinta-feira (4). O debate foi promovido pelos vereadores Paulo Eduardo Gomes e Renatinho, ambos representantes do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) na Casa Legislativa.
Conforme os servidores da estatal, a reunião em caráter de urgência acontece devido aos últimos anúncios de encerramento de atividades em filiais de bairros ao redor da cidade. O caso mais recente é o da agência na Rua Moreira César, em Icaraí, na Zona Sul, que fecha às portas nesta sexta (5).
A atual situação dos trabalhadores da ECT também foi debatida na noite desta quinta, por representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro (Sintect-RJ) e da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect-RJ), que no Plenário destacaram a importância da estatal se manter pública.
Na ocasião, o secretário da Fentect-RJ, Heitor Fernandes Filho, aproveitou para lembrar que a agência dos Correios na Alameda São Boaventura, no Fonseca, na Zona Norte, também fechou às suas portas no final do ano passado.
“Está previsto o fechamento de 161 agências próprias do Correios em nível nacional. Somente na capital do Rio de Janeiro eram mais de 30. Atualmente existem cerca de 20. Em todo o Brasil tem acontecido audiências como essa aqui para que possamos dialogar e ouvir os gestores da ECT sobre a justificativa desses fechamentos”, frisou.
Heitor ainda criticou a ausência de Cleber Isaias Machado, superintendente estadual de Operações dos Correios - que mesmo não comparecendo, se justificou através de telegrama - lido publicamente pelo vereador Paulo Eduardo Gomes. No ofício, ele também explicou alguns dos motivos para os fechamentos, assim também como os destinos desses funcionários.
“Desde 2018 às agências dos Correios iniciaram a readequação dos canais de atendimento, que consiste na desativação de estabelecimentos próximos geograficamente, devido a crítica situação financeira da empresa. No entanto, todos os empregados envolvidos serão mantidos nos quadros das empresas e realocados em outras unidades”, justificou.
Na sessão desta quinta, a ameaça de privatização da ECT por parte do governo Bolsonaro também foi outro ponto discutido na conversa.
“A empresa a cada dia vai se afundando com essas medidas. Além do mais, o efetivo das unidades não aumenta há mais de 20 anos. Então o cenário que vivemos hoje precisa de um levante. Caso não haja, só a nossa luta que é importante e fundamental, não vai conseguir resistir a este enfrentamento do atual governo”, destacou o Marcos Sant’aguida, secretário de assuntos jurídicos do Sintect-RJ.
Por meio de nota, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect-RJ), disse que enxerga todo esse cenário com grande preocupação.
“Os sucessivos planos de demissão que impactam diretamente na qualidade do serviço prestado à população por causa da redução do quadro de funcionários e o fechamento de unidades que limita o acesso dos que mais precisam são formas indiretas de privatizar, sucateando para justificar a “necessidade” da venda de uma empresa que é estratégica para o país”, ressaltou.
A Fentect argumentou que os trabalhadores atendentes de unidades que tiveram suas atividades encerradas atualmente podem ser realocados – desde que a unidade escolhida tenha vaga e disse que os funcionários também podem pedir reenquadramento como carteiro nos centros de distribuição ou aderir ao último plano de demissão lançado pela ECT, “neste caso, como dito anteriormente, o déficit promove sobrecarga aos trabalhadores que ficam e queda na qualidade do serviço”.
Apoio
Uma nova reunião entre os vereadores Paulo Eduardo Gomes e Renatinho do Psol, junto aos dirigentes sindicais que estiveram presentes na audiência desta quinta, deve ser realizada em breve. O objetivo é manter o apoio à luta dos trabalhadores dos Correios, com a elaboração de moção legislativa contra o fechamento de agências em Niterói e o projeto de privatização da estatal por parte do governo federal.
Privatização
No dia 26 de abril, o presidente Jair Bolsonaro anunciou em suas redes sociais que havia liberado a realização de estudos para a privatização dos Correios. Bolsonaro lembrou ainda os casos e as suspeitas de irregularidades que envolveram a estatal.
“Demos OK para estudo da privatização dos Correios. Temos que rememorar para a população o seu fundo de pensão. A empresa foi o início do foco de corrupção com o mensalão, deflagrando o governo mais corrupto da história. Com o Foro de SP destruíram tudo nome da Pátria Bolivariana”, escreveu o presidente em seu Twitter.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos possui 356 anos de existência, e atualmente está sob às ordens do Ministério das Comunicações, Ciência, Tecnologia e Inovação.
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