Cidades
Crise no transporte público do Rio alerta para demissões em massa
Precisando se readaptar para seguir operando na pandemia, o setor de transporte público sofreu um impacto de queda financeira, até o último mês de maio, de aproximadamente R$ 22 milhões.
É o que aponta relatório do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj). A queda, para o ano de 2020, pode ser ainda maior, beirando a cifra de R$ 1,6 bilhão.
O órgão é responsável pela frotas dos ônibus das cidades de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá e transporta cerca de 36 milhões de pessoas por mês com uma frota de aproximadamente 3.500 ônibus.
Segundo a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor) o setor de ônibus perdeu R$ 1,7 bilhão em receita , representando um prejuízo de R$ 713 milhões, no período de março a junho de 2020, comparado a 2019.
Para Márcio Coelho Barbosa, presidente do Setrerj, não há expectativa de recuperação para o setor em pouco tempo e que mesmo com o fim do isolamento social e flexibilizações em diversos segmentos, não houve demanda suficiente para que os cofres das empresas voltassem a ficar no azul.
"O setor de transporte público está passando por uma situação financeira extremamente difícil. Com a pandemia do coronavírus, a soma do prejuízo das empresas de ônibus, que compõem a região do Setrerj, até maio passado, foi de aproximadamente R$ 22 milhões, somente no sistema municipal, que, no período, teve uma redução de demanda de 70%. Mesmo com o final do isolamento social, a situação não vai se normalizar a curto prazo. As empresas de ônibus vêm alertando para essa situação desde o início da pandemia. Ainda assim, não houve nenhum apoio", reclama.
Segundo o especialista em transportes e trânsito, Rodolfo Rizzotto, uma explicação para a queda da receita e a falta de investimentos nos ônibus e a estimulação de alternativas de mobilidade, como transportes de aplicativos.
"Esse prejuízo está ligado ao estímulo do transporte público alternativo, principalmente na pandemia, semelhante ao Uber, e isso tem consequências graves. O passageiro precisa se conscientizar também, não é só a autoridade. Então, nesse sentido, concordo com a posição das empresas de ônibus. Isso [o estímulo] pode causar consequências, naturalmente, dificultando ainda mais a situação", disse.
Demissões
O setor de transportes vem convivendo desde o início da pandemia com diferentes problemas. O resultado de toda essa somatória de reveses, são demissões, ônibus sucateados e infraestrutura precária. Segundo o órgão, não há um quantitativo a respeito das demissões dos profissionais no sindicato. De acordo com o órgão, as empresas de ônibus não repassam o número de profissionais que deixaram o posto.
Manifestação
Rodoviários da cidade do Rio planejam uma manifestação, a partir das 7h desta segunda-feira (1º), em frente à prefeitura. Os trabalhadores querem melhores condições de trabalho e aumento salarial, que segundo a categoria, não acontece há três anos.
De acordo com alguns trabalhadores, a ideia é chamar a atenção para os profissionais do setor na cidade. O ato, garantem os profissionais, pretende ser pacífico e toda a categoria foi convocada. Não há o indicativo de greve, por enquanto, e o objetivo é que os trabalhadores se revezem sem seus turnos para comparecer ao ato.
"A ideia é ser um ato pacífico. A princípio é só uma manifestação, não é uma paralisação. Queremos mostrar ao morador da cidade que amamos nossa cidade, amamos nossa profissão, mas queremos respeito, valorização. Perdemos amigos [para a Covid-19], mas a cidade continuou funcionando em meio à pandemia. Pedimos que não tirem o que já temos, que já é muito pouco", relatou um rodoviário.
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