Cidades
Desocupação do 'Prédio da Caixa' deixa rastros de descaso, em Niterói
Entulhos, rastros de incêndio e demonstrações claras de abandono. Do interior de um escritório de contabilidade, localizado na Rua Coronel Gomes Machado, no Centro de Niterói, é possível ver o cenário decadente do Edifício Nossa Senhora da Conceição, o popular Prédio da Caixa, na Avenida Amaral Peixoto, considerada uma das principais vias do município.
De acordo com o contador Edelmar Costa, diversos clientes do seu escritório já tiveram que presenciar cenas constrangedoras, como episódios de sexo explícito e gritaria, que acabam desvalorizando os prédios no entorno.
“Trabalho aqui há mais de 20 anos e o Prédio da Caixa sempre foi assim, abandonado e com demonstrações claras de destruição. Já pensou em qual será o custo dessa manutenção? O quanto isso poderia ser investido em setores precários da população niteroiense?”.
Edelmar Costa, contador
Nos fundos do “Prédio da Caixa”, a equipe do Plantão Enfoco encontrou várias mazelas no interior das unidades. Em algumas delas, os apartamentos não possuem janelas e são tomados por grande quantidade de lixo. Em um deles, na parte baixa do prédio, rastros de um incêndio podem ser observados pelos usuários de edifícios no entorno do local.
Segundo Edelmar, o local, que é composto por 11 andares, 385 habitações e 15 estabelecimentos comerciais, era marcado, em sua maioria, pela prostituição exibida nas janelas dos prédios de forma vulgar e constrangedora.
“Quem irá comprar um imóvel que possui um visual decadente como esse? E isso vale não só para compras, clientes que já vieram aqui relataram um desconforto com toda a situação vivida, antes da desapropriação. É uma situação bem delicada”, concluiu o contador.
Quem também relatou um desconforto com a existência do Prédio da Caixa foi o empresário Rodrigo Guimarães, de 46 anos, que afirmou já ter passado por situações complicadas.
“Creio que qualquer um que tenha passado por aqui, principalmente na parte noturna, passou por situações chatas como umas 'cantadas' de prostitutas, venda de drogas realizada de forma livre e solta, além do cheiro bem forte de urina e maconha”, disse o empresário.
Antes da desocupação, que ocorreu em junho de 2019, o prédio apresentava grave situação de risco aos moradores por conta das péssimas condições das suas instalações, além de não possuir serviços de água e de luz, tendo sido este último fornecimento cortado devido ao risco de incêndio, de acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
As condições de segurança do edifício são objeto de investigação do MPRJ desde 2010, sendo que, em 2013, foi ajuizada a ação civil pública solicitando, entre outras ações, realização de vistoria por parte das autoridades para proteger a coletividade de riscos e a manutenção de fiscalização contínua para impedir o aparecimento de novas irregularidades.
Vistoria
A Prefeitura de Niterói, através da Companhia de Limpeza de Niterói (Clin), Defesa Civil e Secretaria de Ordem Pública (Seop), acompanhados de um oficial de Justiça, realizaram uma vistoria, na manhã desta quinta-feira (18).
De acordo com o oficial de Justiça presente na ocasião, a vistoria serve para a limpeza do estabelecimento, avaliação do preço das unidades do prédio e verificação se os pertences dos antigos proprietários seguem intactos em cada unidade.
No prédio, serão construídas moradias populares. Desde a desapropriação, a Prefeitura de Niterói oferece um benefício assistencial no valor de R$ 787 a 157 ex-moradores do local.
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