Envenenamento de cachorrinha alerta Zona Sul de Niterói

A morte da cadelinha Margareth, da raça beagle, de um ano, vítima de intoxicação por chumbinho, no último domingo (24), em Icaraí, acendeu um alerta para possíveis cães envenenados na Zona Sul de Niterói.

No trajeto entre a Rua Noronha Torrezão — onde mora a dona — passando pela Praia de Icaraí e até o Campo do São Bento, é que a tutora acredita que a cachorra possa ter ingerido o veneno, que resultou na parada cardíaca do animal.

No entanto, 'outros casos parecidos foram relatados por um veterinário que atendeu a Margaretinha', segundo Carly Cordeiro, 30 anos, responsável pela cadela.

"Fui ao veterinário em Icaraí, no domingo, após Margareth passar mal e expliquei tudo para ele, que me atendeu prontamente. Na conversa, eu disse que não a vi comendo nada. Fica difícil dizer onde foi e de que maneira. E, nisso, ele me perguntou o trajeto que fiz e eu respondi. O veterinário comentou, sim, que às vezes chega um ou outro caso de cachorro, que após passeio nos arredores, especifiquei Icaraí, próximo ao campo, vão com esse quadro [de intoxicação] e eu fiquei meio desconfiada, mas ele deixou claro que não é todo dia que chega".

Carly Cordeiro, responsável por Margareth

Ela conta que a filha Lara, de 9 anos, não consegue dormir após o episódio e alerta "que seria muito interessante que nos canteiros da cidade tivesse alguma placa sinalizando se em tal local tem pesticida, ou se não tem, enfim. Ter algum tipo de sinalização seria bom. É isso que a gente quer. Porque pode ter sido em qualquer lugar”.

Procurada, a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos de Niterói disse que não é verdadeira a informação sobre colocação de veneno nos canteiros do Campo de São Bento. A prefeitura disse que o parque é monitorado por câmeras de vigilância e conta com equipe que cuida diariamente dos seus canteiros.

Outros casos

O analista de sistemas Fernando Lourenço, 41, é responsável pelo cachorro Picolé, de um ano e três meses. No condomínio onde mora, em Santa Rosa, teve ciência de que o cachorro do vizinho também passou mal após passear pela região.

Chumbinho

O chumbinho é um produto clandestino, irregularmente utilizado como raticida. Não possui registro na Anvisa, nem em nenhum outro órgão de governo. Geralmente, ele é sob a forma de um granulado cinza escuro ou grafite “cor de chumbo”.

O Ministério da Saúde conta que sendo um produto clandestino/sem registro, ele não possui rótulo contendo orientações quanto ao seu manuseio e segurança, informações médicas, telefones de emergência e, o que é ainda mais grave, a descrição do agente ativo bem como antídotos em caso de envenenamento, o que é fundamental para orientação do profissional de saúde.

Os sintomas típicos de intoxicação por chumbinho são as manifestações de síndrome colinérgica e ocorrem, em geral, em menos de uma hora após a ingestão, incluindo náuseas, vômito, sudorese, sialorréia (salivação excessiva), borramento visual, miose (contração da pupila), hipersecreção brônquica, dor abdominal, diarréia, tremores, taquicardia, entre outros.

Em caso de intoxicação, ligue para o Disque-Intoxicação: 0800-722-6001. A ligação é gratuita em todo território nacional e você será atendido e orientado por um profissional de saúde especializado.

"Na ida para casa, no final da tarde de domingo, eu vi que ela colocou a língua para fora. Achei estranho, porque não estava calor e ela não é de fazer isso. Vim para casa, ela entrou, tinha o hábito de entrar e ir direto para a área. Para mim estava tudo normal. Mas cerca de uma hora e meia depois, senti um cheiro em casa muito forte, quando fui ver ela estava na cozinha e o chão estava todo sujo. Tinha muito vômito, sangue. Eu fiquei assustada, tentei dar um sorinho, reverter aquele quadro, mas reparei tremores na perna, ela não se aguentou em pé e caiu, a boca estava como se fosse babando, tinha espuma na lateral da boca dela. Ela foi internada, mas sofreu uma parada cardíaca na madrugada de domingo para segunda", finalizou Carly.

Campo de São Bento

A Prefeitura de Niterói realizou, nesta quarta-feira (27), uma vistoria no Campo de São Bento após receber denúncia sobre a possibilidade de depósito de veneno nos canteiros do parque. Não foram encontrados resíduos de nenhum tipo de substância perigosa para saúde dos animais ou mesmo de seus donos.

As equipes da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos, responsável pela manutenção e ordenamento do Campo de São Bento, do Centro de Controle Populacional de Animais Domésticos (CCPAD) e do Centro de Controle de Zoonozes (CCZ), andaram pelos espaços e canteiros.

De acordo com o Executivo, o Campo de São Bento e seus espaços são diariamente preservados por profissionais que garantem a segurança completa de todos os cidadãos e seus animais. A Prefeitura ressaltou que todo o perímetro do parque é monitorado por câmeras de vigilância que não registraram nenhuma ação irregular.