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    Esqueleto do Hospital da Mãe revela a agonia de gestantes em SG

    Publicado 10/12/2019 às 13:35 | Autor: Ezequiel Manhães
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    Faixa cobrando resposta do Estado foi estendida no esqueleto do projeto. Foto: Arquivo Pessoal - Fátima Cidade

    Os seis anos de atraso para a entrega do Hospital Estadual da Mãe, no Colubandê, em São Gonçalo, levou um grupo de pessoas à realizar um protesto, na sede da então prometida unidade, nesta manhã de terça-feira (10), Dia Internacional dos Direitos Humanos. O objetivo do manifesto, que foi acompanhado por cerca de 24 pessoas, era de exigir à retomada das obras.

    De janeiro a setembro deste ano, 11 mães gonçalenses perderam a vida devido à complicações na gestação. No último mês, a taxa de mortalidade cresceu ainda mais, saltando para 12. Os dados em questão, foram revelados pela enfermeira, secretária Estadual de Mulheres e Conselheira Estadual dos Direitos da Mulher pela Sociedade Civil, Fátima Cidade, com base nos estudos feitos pelo Comitê de Mortalidade Materna.

    Para Fátima, que também coordena um grupo de gestantes, os serviços de atenção básica em São Gonçalo ainda não realizam o seu papel primário. 

    “Não há uma orientação devida que referencie à mulher o local certo para o parto. E quando tem direção, não há vagas. Nessa falta de assistência correta e por elas não terem uma referência desde o pré-natal, acabam vindo a óbito e isso pode acontecer por diversos fatores: o histórico de doenças de base é um deles”, disse a responsável pela reunião.

    Estavam previstas ao final das obras do Hospital da Mãe, 14 salas de pré-parto, parto e pós-parto, três salas para parto cirúrgico, além de leitos de terapia intensiva para mães e bebês. Na época do anúncio do projeto, a cidade possuía um déficit de 105 leitos para partos de baixa complexidade, segundo dados da própria Secretaria Estadual de Saúde (SES). 

    “Temos uma insuficiência de leitos públicos para cobrir a demanda de nascimento do município. Já são dezenas de mortes maternas e isso comprova que muita das vezes a mulher não tem acesso a um pré-natal de qualidade, a um parto seguro e humanizado dentro do tempo da mulher e da criança”, destaca Marisa Chaves, coordenadora do Movimento de Mulheres de São Gonçalo.

    Por conta da necessidade de atendimento às gestantes do município - que hoje recorrem à Maternidade Municipal Dr. Mário Niajar, no Alcântara - o comando estadual entendeu a importância de criar um novo ambulatório exclusivo para as mamães no município. O investimento previsto para a criação do local girava em torno dos R$ 43 milhões. 

    De acordo com a Prefeitura de São Gonçalo, a Maternidade Municipal Dr. Mário Niajar, realizou de janeiro a novembro deste ano 4.972 partos e cerca de 33 mil atendimentos. Uma média de 452 partos ao mês e 15 ao dia.

    Além de receber pacientes do município, a unidade também atende gestantes de Itaboraí, Maricá, Niterói, Tanguá e Itaguaí. O espaço tem uma filial do Cartório do 2º Ofício - onde as crianças são registradas, além de sala de vacinação, teste do pezinho, laboratório, apoio ao Aleitamento Materno, Unidade Intermediária Neonatal, sala de medicação e pré-parto.

    “Essas mulheres não morreram todas no município de São Gonçalo, mas são moradoras. Por conta da falta de vagas elas acabam migrando para Niterói, por exemplo. O maior índice é o Hospital Estadual Azevedo Lima, no Fonseca. Está provado cientificamente que 88% das mortes são previsíveis. É preciso orientar, cuidar. É inaceitável esse tipo de morte”, finaliza Fátima.

    Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde ainda não esclareceu se há um prazo para que as obras do Hospital da Mãe sejam retomadas e se já existe um plano em andamento que defina uma data de conclusão das intervenções.

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