Dia dos Pais

Ex-padre de Niterói que perdeu filho planeja Instituto Lorenzo

Wilde Ricardo diz que sonha em apoiar outros jovens

Esse é o segundo Dia dos Pais que o psicanalista enfrenta sem o herdeiro mais velho
Esse é o segundo Dia dos Pais que o psicanalista enfrenta sem o herdeiro mais velho |  Foto: Arquivo Pessoal
 

Este segundo domingo (13) de agosto é a data reservada no Brasil para homenagear os pais. Pouco mais de um ano após a morte do filho adolescente, Lorenzo Martins Rocha — então com 15 anos, o pai, Wilde Ricardo, fala sobre a dor da saudade e os planos de criar o Instituto Lorenzo, para apoio a jovens.

"O luto tem uma dinâmica, que vai da negação até ao vazio. Passa por dor, desespero, angústia, revolta. Esse Dia dos Pais será um vazio nostálgico. Vou recordar os tantos momentos que passamos juntos", conta ele.

Esse é o segundo Dia dos Pais que o psicanalista enfrenta sem o herdeiro mais velho, que sonhava em ter uma profissão naval. "Queria navio, mar, pensava em colocá-lo em uma escola naval", lembra.

Wilde também é pai da pequena Laura, de 8 anos. Ele foi padre em Niterói, na Igreja São Judas Tadeu, por longos anos, antes de se casar e ter filhos.

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Cheio de planos e no auge da juventude, Lorenzo morava em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói e não resistiu ao acidente que sofreu em um quadriciclo, em Itaipuaçu, distrito de Maricá, na fatídica noite de 28 de junho de 2022.

Ao todo, três adolescentes se envolveram no acidente. À época eles tinham a mesma idade: 15. Todos amigos. Um deles, o que dirigia o quadriciclo, foi socorrido e liberado logo depois. Já o adolescente Daniel Mencari passou longos meses no hospital, até a plena recuperação.

Wilde compartilha que ao perder um filho, é preciso criar forças para se reinventar, algo que tenta todos os dias, desde a perda abrupta de Lorenzo, conforme ressalta.

"Temos que procurar um outro modo de vida. O filho faz parte da estrutura física, psicológica, familiar, social. E quando acontece isso, é uma outra maneira de ser. É ser pai de um filho ausente fisicamente. Mas a presença do Lorenzo em minha vida é muito grande, em pensamento", pontua.

Na programação para este domingo (13), está à ida à missa com a filha Laura. Segundo Wilde, a perda de Lorenzo trouxe a ideia, que ainda está no papel, de criar o Instituto Lorenzo.

Wilde Ricardo ao lado dos filhos Laura e Lorenzo
Wilde Ricardo ao lado dos filhos Laura e Lorenzo |  Foto: Arquivo Pessoal
  

"Eu sou psicanalista. Então, quero dar suporte para os jovens na parte psicológica e social. São muitas angústias que eles passam sobre o futuro, da família, os desafios do mundo, da sociedade. O projeto é para tentar dar uma ferramenta e auxílio às famílias na formação dos jovens e isso pode ser ampliado, também".

Wilde acrescenta que a morte de Lorenzo lhe aproximou de muitas famílias.

"Falo com muitos pais, tanto online como presencial. A gente entra num universo e você vê que muitas pessoas passam pela mesma coisa. E só se abre para essa realidade, depois que você passa por ela. A dor é grande de tal maneira, que às vezes você não encontra sentido na vida, nas coisas que faz. É necessário preencher o vazio com novos projetos, com sonhos". 

Ele lembra que Lorenzo era um rapaz que estava em uma fase de curtir a vida, como é comum na idade que tinha. "Ele era muito do momento. Amava curtir a família, os amigos. Ele foi intenso", recorda emocionado.

Imagem ilustrativa da imagem Ex-padre de Niterói que perdeu filho planeja Instituto Lorenzo
|  Foto: Arquivo Pessoal
  

Lei

Para pilotar um quadriciclo é obrigatória a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação - Categoria B, portanto a partir dos 18 anos.

Segundo o Detran, o uso de equipamentos de proteção individual é fundamental e obrigatório: capacete de segurança, com viseira ou óculos protetores, em acordo com a legislação vigente aplicável às motocicletas. O descumprimento é passível de multa.

A identificação dos quadriciclos se dá por meio da gravação do Número de Identificação do Veículo (VIN), de acordo com as normas e especificações vigentes.

Outro fator importante é o licenciamento. Pelo fato de serem veículos automotores e elétricos, devem ser registrados e licenciados anualmente no Detran, lembrou o órgão.

Nas vias públicas, como as praias abertas à circulação, é necessário o emplacamento, que ocorre na parte traseira do veículo. Deve-se obedecer aos modelos e especificações estabelecidos na Resolução do Contran nº 573/15. Segundo a Resolução CONTRAN Nº 573/15, é proibida a circulação em vias públicas de veículos similares sem homologação. 

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