Torneiras secas

Falta d'água vira caso de polícia em São Gonçalo

Moradores sofrem com o problema há uma semana

O casal Edymar Muscard, de 80 anos, e Claudio Muscard, de 83, mora no prédio há 10 anos
O casal Edymar Muscard, de 80 anos, e Claudio Muscard, de 83, mora no prédio há 10 anos |  Foto: Marcelo Eugênio

A falta de água no Edifício Luiz Manoel, na Rua Heitor Levi, no  Barro Vermelho, em São Gonçalo, virou caso de polícia. Segundo o síndico, ele registrou um boletim de ocorrência pelo crime de ameaça por parte dos seguranças da unidade Águas do Rio, do bairro Zé Garoto. Cerca de 60 pessoas que vivem no local estão sem água nas torneiras desde a última sexta-feira (28). Eles contaram que o problema é no cavalete do hidrômetro que quebrou e ficou travado, impedindo o abastecimento de água no prédio.

No primeiro andar do edifício, mora o casal de idosos Edymar Muscard, de 80 anos, e Cláudio Muscard, de 83. Edymar ficou 48 dias internada após amputar um dos dedos do pé esquerdo. Ela que utiliza fralda geriátrica não consegue se locomover sem o auxílio do marido. 

"Eles fazem pouco caso da gente. Todo mundo necessita de água. Eu quero tomar banho. Não posso ficar assim. A água é essencial para a vida”, disse a aposentada.

“Recebemos um salário mínimo por mês e temos que tirar parte do dinheiro para comprar água, beber e cozinhar. Ficamos dois, três dias sem tomar banho. Qual é o corpo que aguenta isso? Não é possível a gente aguentar uma situação dessa”, lamentou Cláudio.

O síndico do prédio, Alex Serpa, contou que tentou contato com a central da Águas do Rio, mas sem conseguir resolver o problema, decidiu ir até uma unidade no bairro Zé Garoto. Segundo ele, os seguranças da unidade agiram de forma agressiva com o cliente que havia ido na mesma unidade pela segunda vez.

O síndico do prédio, Alex Serpa, mostrou o hidrômetro que está com o cavalete quebrado
O síndico do prédio, Alex Serpa, mostrou o hidrômetro que está com o cavalete quebrado |  Foto: Marcelo Eugênio

"Entramos em contato com a Águas do Rio, e eles sempre nos dão o prazo de 48 horas para resolver, mas não é cumprido. Decidi ir na sede da Águas do Rio e fui tratado de forma agressiva pelos seguranças que ficaram me rodeando. Um dos seguranças tirou até o uniforme. Eu peguei o celular e gravei a ação", contou. 

Ainda segundo o síndico, um caminhão pipa foi enviado na quinta-feira (3) para abastecer o edifício com 10 mil litros de água, mas a cisterna tem 30 mil litros, e assim a água só vai durar até a manhã de sábado (5).

Mensalmente, a média de consumo de água no prédio é de até R$ 1 mil,  e o síndico foi surpreendido ao receber uma conta no valor de R$ 6,8 mil. 

"A gente sofre com cobranças abusivas. A conta muito cara, mesmo estando sem água”, revelou Alex. 

Procurada, a Águas do Rio informou que a solicitação de abastecimento do cliente foi atendida na quinta e, em relação ao reparo, seria executado nesta sexta.

A concessionária informou ainda que vai apurar as denúncias quanto ao comportamento inadequado dos colaboradores e ressalta que não compactua com qualquer tipo de desvio de conduta.

  • Edymar Muscard é acamada e clama por água para poder tomar banho - Marcelo Eugênio
    Edymar Muscard é acamada e clama por água para poder tomar banho - Marcelo Eugênio
  • Segundo o síndico, a água da cisterna só dá até este sábado (5) - Marcelo Eugênio
    Segundo o síndico, a água da cisterna só dá até este sábado (5) - Marcelo Eugênio

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