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    Fazenda Colubandê se tornará unidade militar a partir de março

    Publicado 05/02/2020 às 23:04 | Autor: Eduarda Hillebrandt
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    Marco da arquitetura colonial brasileira, a Fazenda Colubandê será unidade da PM. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

    A centenária Fazenda Colubandê, patrimônio histórico de São Gonçalo, voltará a abrigar uma unidade do Comando de Polícia Ambiental (CPAm) a partir de março, de acordo com a Polícia Militar. O retorno dos militares resgata nos moradores a esperança de que o casarão e a Capela de Sant’Anna, os dois marcos arquitetônicos da época colonial que compõem a Fazenda, sejam restaurados.

    O casarão foi sede do comando de 1988 até 2012, quando o batalhão foi transferido para o Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. Desde então, o local estava desocupado. Desta vez, no entanto, o comando permanecerá no Rio.

    A Fazenda Colubandê abrigará a 6ª Unidade de Polícia Ambiental (UPAm), que funciona no Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), área de preservação ambiental entre Maricá e Niterói. A corporação ainda não esclareceu se manterá algum posto de policiamento ambiental na área.

    Os militares do CPAm vão iniciar a mudança a partir da próxima semana. Inicialmente, a unidade será instalada no imóvel anexo da Fazenda, que não é patrimônio histórico, onde funciona um posto destacado do Batalhão de São Gonçalo (7° BPM). Após obras de revitalização, os militares vão ocupar o casarão histórico.

    O governador Wilson Witzel (PSC) anunciou o retorno da Polícia Militar ao espaço durante agenda em São Gonçalo, em janeiro. O investimento foi articulado pelo deputado estadual Capitão Nelson (Avante), que acompanhou a inspeção do CPAm na Fazenda na última semana.

    “A intenção é ocupar a Fazenda, que é um patrimônio histórico não só do município como do Estado”, afirmou o parlamentar.

    Patrimônio saqueado

    Retábulo da Capela Santana, de 1740, foi roubado por criminosos. Foto: Tânia Rêgo / EBC
    Retábulo da Capela Santana, de 1740, foi roubado por criminosos. Foto: Tânia Rêgo / EBC

    Após a saída dos militares, a Fazenda ficou desocupada. Criminosos chegaram a roubar o altar da Capela de Sant’Anna em 2017. As vidraças das janelas e a porta principal do casarão, que comporta 38 quartos, também desapareceram. Após o saqueamento, por ordem judicial em ação do Ministério Público Federal (MPF), o 7º BPM se instalou no anexo.

    A proposta de revitalização do governo estadual foi aprovada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ainda em 2019. 'O instituto vai fiscalizar as obras para garantir que as intervenções estejam dentro do escopo aprovado', garantiu o Iphan, em nota.

    As obras serão feitas pela Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), contemplando o casarão e a capela. Apenas as intervenções na varanda do casarão foram vetadas.

    A autarquia informou que está finalizando o projeto da obra de restauração e, além da aprovação do Iphan, já obteve laudo probatório do Corpo de Bombeiros. 'No momento [o projeto] encontra-se em análise pela prefeitura de São Gonçalo, e após a finalização do projeto, será detalhado o orçamento da obra', informou a Emop em nota.

    A Fazenda, construída há cinco séculos, foi uma das principais produtoras de cana-de-açúcar no país no século 19. O imóvel abrigou uma casa grande com senzala no subsolo. O espaço foi tombado pelo Iphan na década de 40, e desapropriado pelo governo estadual em seguida.

    Potencial turístico

    Coletivo defende revitalização do espaço, mas aposta em uso do espaço para turismo, lazer e cultura. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

    O coletivo 'Quem Ama Cuida', formado por cerca de 90 moradores e artistas para defender a preservação da Fazenda Colubandê após a saída dos militares em 2012, defende um projeto cultural para a área.

    Uma das representantes do coletivo, a historiadora e gestora cultural Cleise Campos explicou que o projeto prevê uma feira de gastronomia e cultura, transformando a Fazenda em um ‘Campo de São Bento’ de São Gonçalo.

    A proposta chegou a receber sinalização positiva de outras gestões estaduais, mas o grupo ainda busca uma reunião para iniciar o diálogo com o governador.

    “Nossa surpresa com esse anúncio do Witzel foi que a comunidade não foi consultada. Buscamos essa interlocução sobre o destino Fazenda para que seja preservada a possibilidade da feira, especialmente porque São Gonçalo quase não tem equipamentos culturais”, afirmou a historiadora.

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