Devoção

Fiéis lotam igreja para celebrar São Sebastião, na Tijuca

Templo terá missas ao longo do dia em comemoração ao santo

Devotos lotaram templo na Tijuca
Devotos lotaram templo na Tijuca |  Foto: Péricles Cutrim
  

Cerca de 30 mil pessoas são aguardadas na Basílica Santuário de São Sebastião ou Igreja dos Capuchinhos, localizada na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (20), Dia de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio.

Na igreja, acontece programação com missas desde as 5h da manhã. Elas irão prosseguir até as 19h. Às 16h, ocorrerá a tão aguardada procissão, que segue até a Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio, no Centro. 

Ao ENFOCO, Frei Jorge Luiz de Oliveira, que atua na igreja há quatro anos, contou sobre a importância da celebração da data e como a festa está sendo organizada após a pandemia. Segundo ele, nem todos os costumes retornaram. 

“A história de São Sebastião está ligada à chegada dos portugueses ao Rio de Janeiro tanto é que temos aqui o túmulo do fundador da cidade do Rio de Janeiro, o Estácio de Sá. Em 1565, houve uma batalha e ele foi invocado, assim como sua proteção e benção, e, desde essa época, começou e se expandiu a proteção dele”, explodiu o pároco e reitor da basílica.  

Dia de São Sebastião - Péricles Cutrim
Dia de São Sebastião - Péricles Cutrim |  Foto: Péricles Cutrim
 
Com a expulsão dos jesuítas, vieram os freis capuchinhos para dar sequência ainda no Morro do Castelo. Ainda lá, eles incentivaram a devoção a São Sebastião e iniciam as bençãos das primeiras sextas-feiras, assim como a devoção à gruta de Nossa Senhora de Lurdes Frei Jorge Luiz de Oliveira, responsável pelo templo
 

Inicialmente, a primeira igreja de São Sebastião era localizada no Morro do Castelo, no Centro. No entanto, o morro foi destruído junto com a igreja durante o período de modernização do município. 

“Tudo isso foi trazido de lá, quando o morro foi destruído, e a nossa igreja é referência hoje por fazer referência à essa primeira. Em 1931, estava se inaugurando essa igreja aqui na Tijuca”, contou ele que é frei há quase 40 anos. 

Dia foi de grande movimentação na igreja dos Capuchinhos
Dia foi de grande movimentação na igreja dos Capuchinhos |  Foto: Péricles Cutrim
  

Devotos do santo protetor da humanidade e da fome acompanham as missas. Neste ano, o presépio foi montado do lado de fora para evitar aglomeração dentro da igreja.

“Com a pandemia, não podemos facilitar (a propagação do vírus). Por exemplo, não estamos fazendo esse ano o beijo da fita, não estamos entregando a água santa porque ninguém pode manusear e não é esterilizado como na fonte. Temos que lembrar disso tudo”, contou.

Uma das missas da igreja foi celebrada por Dom Orani Tempesta, que é cardeal e o décimo oitavo bispo do Rio. 

“Eu creio que a vida de São Sebastião faz a espiritualidade do carioca. São 458 da presença dele aqui nessas terras e isso faz com que o carioca seja alguém, como São Sebastião, não desanima diante das flechadas que leva. É uma cidade bonita, mas como muita violência. O carioca não desiste e retoma a cada dia, recomeça, uma pessoa de fé no amanhã. Pedimos mais carinho e gesto de paz com as pessoas ao nosso redor”, afirmou o bispo. 

Quem foi São Sebastião? 

Santo é protetor da humanidade e da fome
Santo é protetor da humanidade e da fome |  Foto: Péricles Cutrim
  

Padroeiro da Arquidiocese do Rio de Janeiro e do povo carioca, ele nasceu na França, mas se mudou para a Itália. Ele participou do exército, mas acabou irritando o imperador romano Maximiano por ser cristão e propagar sua fé enquanto estava servindo. O imperador chegou a pedir que Sebastião renunciasse à sua fé, mas ele não obedeceu. Soldados, então, atiraram flechas contra Sebastião enquanto o amarraram em um poste no estádio de Palatino. Ele chegou a ser deixado para morrer, mas foi salvo por uma devota. 

Ele se curou dos ferimentos e continuou propagando a fé, até ser descoberto pelo imperador que ordenou que ele fosse açoitado até a morte. Seu corpo foi jogado em um poço. 

Sebastião chegou a aparecer para uma devota e falou sobre onde estava seu corpo. Depois de encontrado, ele foi enterrado na catacumba próximo aos apóstolos, onde foi feita a Basílica de São Sebastião. 

Pedidos 

Dentre os fiéis presentes na igreja, estava a aposentada Maria de Fátima Martins Nunes, de 70 anos. Ela frequenta a igreja há mais de 10 anos e é devota de São Sebastião por causa de sua avó. Ela descobriu um nódulo no seio e pede a São Sebastião por saúde. 

“Eu tenho um problema cardíaco seríssimo e eu tenho muita fé nele. Sempre peço pela minha saúde e todo mundo diz que nem parece que eu tenho nada, mas é por causa dele. Há 10 anos descobri um nódulo no seio. A cada ano que venho aqui penso que não vou voltar, mas ele me ajuda e sempre volto. Venho sempre agradecer pela minha saúde e colaborar na igreja”, disse ela que nesse ano já assistiu a missa e trouxe até as tias para passar o dia com ela. 

Ela frequenta a igreja todos os anos e comparece em cada primeira sexta-feira do mês. “Sempre tem essa festa, sempre é muito bonito, tem uma bandinha que toca. Eu vou dar uma volta com minhas tias e talvez voltemos para a procissão, mas eu já acompanhei em outros anos quando ia até o Flamengo. Tenho muito o que agradecer a ele”, afirmou. 

A aposentada Janete Rangel, de 59 anos, esteve na igreja em questão pela terceira vez. “Eu vim de máscara na pandemia e até hoje estava de máscara mesmo. O meu pedido eu faço lá dentro da igreja e sempre faço como na oração de São Sebastião “livrai-nos da fome, da peste e da guerra” aí eu interpreto assim que tenha sempre alimento na nossa mesa, que nos livre da maldade e das doenças. Esse ano, em especial, eu tô pedindo para uma irmã minha que está com um problema sério de saúde, assim como família e amigos”, disse ela.

< Atriz da Globo fala sobre Antonio Fagundes: 'Insuportável' Menina morre e mãe fica em chamas após casa pegar fogo em Maricá <