Susto
'Fui arremessado', conta sobrevivente de casa que desabou no Rio
Imóvel, de três andares, foi ao chão na noite deste domingo
Rafael Torres Suzano foi um dos sobreviventes do desabamento que ocorreu na noite desta segunda-feira (1º) no Morro da Cotia, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio. Além dele, um outro morador da casa, Washington, de 17 anos, também recebeu alta. Os dois tiveram apenas arranhões.
Rafael estava no quarto na hora do ocorrido e disse que sua casa nunca teve nenhuma rachadura.
“Me recordo de tudo, não dormi e não apaguei em momento nenhum. Nunca vi rachadura em nenhum cômodo da minha casa. Na hora, não ouvi nada cedendo, só a luz que apagou e acendeu rápido. Eu estava no quarto e fui arremessado para frente. Só senti o impacto do chão. Cai por cima da televisão e ouvi gritarias. Um momento muito triste”, relembrou o bombeiro hidráulico de 36 anos.
Rafael já estava na comunidade revendo os escombros de sua casa. Ele lembra que ouviu sua filha próximo ao seu pé nos escombros. “Ela pediu pra eu salvar eles, mas eu estava preso também nos escombros. É muito triste. Eu estive em três hospitais onde está minha família. Peço desculpas à família do Daniel, não foi premeditado e ele era amigo do meus sobrinhos, estava aqui constantemente. Bens materiais estou triste, mas o que importa são nossas vidas. Que isso sirva para uma lição de vida, já que tudo que a gente constrói, pode desabar. Louvo a Deus por hoje eu estar vivo”, afirmou ele. Ao todo, 12 pessoas moravam na casa, mas nem todas estavam na residência quando tudo aconteceu.
Um pedreiro que ajudou a resgatar a família dos escombros também deu sua versão sobre tudo o que viu.
“Eu soube que a casa desabou pela minha mãe e descobri que tinha gente nessa casa, foi quando resolvemos ajudar. Quando os bombeiros chegaram, já tínhamos resgatados algumas pessoas. Tinha uma mãe com apenas o rosto pra fora e uma criança com os pés para fora. Encontramos essas pessoas e os bombeiros tiraram. Nos resgates que fizemos conseguimos pelo barulho que as pessoas iam fazendo pedindo socorro ou batendo nos escombros e conseguimos! A maior parte saiu com vida, mas um rapaz não. Fico feliz de ter ajudado de alguma forma”, contou Renato Viluto.
Ao todo, nove pessoas estavam na casa no momento do desabamento. Apenas Daniel Linhares, de 23 anos, morreu. Ele morava na comunidade, mas não na casa. Ele visitava os amigos quando tudo ocorreu. Dentre os feridos, muitos são crianças: as idades variam entre pouco mais de um ano e cinco anos, além de adolescentes de 17 anos. Na casa, moravam primos, pais, irmãos e filhos. Uma menina, de cinco, já deixou o hospital no fim da manhã desta terça (2).
Além da casa de Rafael, outras dois imóveis foram interditados e serão demolidos. Elas apresentam risco de desabamento em sua estrutura. A informação foi confirmada por Rodrigo Gonçalves, subsecretário da Defesa Civil do Rio.
“Não recebemos nenhum chamado para vistoria aqui antes e até orientamos a população que se tiver algum risco em sua casa ligue para o 199 que enviaremos técnicos para avaliar o imóvel. Não havia vistoria nossa nesse local anteriormente. Era um imóvel de três pavimentos e com uma fundação não solidificada e que pode ter caído por excesso de pessoa. Desde ontem, estamos fazendo vistoria e tem três casas interditadas (essa que desabou e mais duas próximas)”, disse ele.
O subprefeito da Grande Tijuca, Felipe Quintans, também esteve no local avaliando o ocorrido.
“Agora, estamos acompanhando o trabalho da Comlurb, com a Conservação, a Defesa Civil e o Geo Rio que está analisando outros móveis para ver se vão precisar ser interditados. A casa que desabou tinha três pavimentos e, provavelmente, a construção estava irregular”, afirmou ele.
Os internados seguem no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, e no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.
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