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    Funkeiros do Rio e Niterói se unem contra o 'Baile de Corredor'

    Publicado 11/11/2020 às 16:34 | Autor: Tiago Souza
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    Evento realizado pela Associação de Funk Cultural de Niterói, no Caminho Niemeyer. Foto: Reprodução/ Redes Sociais

    "O Funk conseguiu um espaço na sociedade, se tornou uma atividade cultural reconhecida internacionalmente! Retornar com essa cultura de baile do corredor só para ter motivo para brigar e colocar o movimento nisso é andar para trás. Essa época de briga já passou, hoje em dia o Funk é mídia". 

    MC Deicinho

    A declaração de MC Deicinho, integrante da ex-dupla 'Deicinho e Formigão', que fez sucesso com o 'Rap da União do Largo' na década de 90, é consensual entre cantores e lideranças da Associação 'Funk da Antiga'. No Rio de Janeiro e Niterói, os movimentos vão se unir e realizar eventos, com o objetivo de promover a paz após a morte de três homens em um baile funk, realizado em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no último domingo (8).

    Em Niterói, o encontro foi marcado para o próximo dia 21, às 11h, na Praça Arariboia, no Centro. O presidente da Associação de Funk Cultural da cidade, Wabderson de Souza, conhecido como 'Dinho', garante que será tranquilo, com hora para começar e terminar.

    "Os eventos realizados pelo movimento funk da antiga geram emprego e renda. Só em Niterói são mais de 30 comunidades cadastradas na nossa associação, que já existe há dois anos", disse.

    No Rio de Janeiro, uma caminhada pela paz foi marcada para a próxima sexta-feira (13). A concentração está agendada para às 16h, na Quadra D do Camelódromo da Uruguaiana, no Centro do Rio. Os participantes irão percorrer diferentes ruas da região e o uso de máscara de proteção é obrigatório, devido a pandemia do novo coronavírus. 

    Segundo Wabderson, o movimento do Funk ainda é discriminado por muitos. MC Amilcka, que fez sucesso na década de 90 com a música conhecida pelo refrão "É som de preto/ de favelado/ mas quando toca ninguém fica parado", concordou e afirmou que "o funk pede paz". 

    Bailes realizados para as famílias, em Niterói. Foto: Reprodução/Redes Sociais

    “Eu, como MC e um dos idealizadores do projeto 'Relíquias do Retrô', projeto que homenageia as galeras que selaram a paz nos bailes funk, repudio qualquer tipo de violência física ou mental. Estamos em plena pandemia, onde pessoas estão morrendo, famílias sendo dizimadas. Temos que pensar no amor, na paz e na união”. 

    MC Amilcka.

    DJ Júnior da Provi, do Morro da Providência, na Região Central do Rio, contou sobre a experiência negativa que teve quando foi contratado para tocar em um baile de corredor. 

    “Fui intimidado a tocar outros tipos de músicas. O que me chamou muita atenção é que até corredor de mulheres tinha atrás da equipe de som, fiquei muito assustado. Quando eu sai do baile para pegar a condução apareceu um matador. Ele colocou uma arma na minha cabeça e quebrou os meus discos. Depois disso, eu nunca mais toquei nesse tipo de evento”. 

    DJ Júnior da Provi.

    Baile de Corredor

    O funkeiro Marcelo da Cyclone, que fez sucesso na década de 90 com o 'Rap da Ciclone', explicou a diferença entre as duas gerações do funk. De acordo com ele, a geração “Baile de Corredor” é totalmente diferente da geração “Baile da Antiga”.

    “Ela (a geração) veio chegando depois e invadiu o nosso movimento. Nós não podíamos fazer nada a não ser se afastar. Com isso, eles reinaram. Na época os integrantes já iam para os eventos com o intuito de brigar. Até protetor e sunga eles usavam”. 

    Marcelo da Cyclone

    Ainda segundo Marcelo, montagens musicais seriam um dos motivos das brigas entre os integrantes - que estão nestes grupos que existem até hoje em diversas regiões. 

    “Nós, do Funk da Antiga, não temos contato com essas pessoas. O nosso movimento realiza projetos em comunidades pensando na família. Os eventos são autorizados e contam com churrasco, pula-pula e outros brinquedos”, afirmou. 

    Mortes em baile funk 

    https://youtu.be/hekvSVu5jHo
    Confusão em Baile de Corredor deixou três mortos. Vídeo: Reprodução/ Redes Sociais

    De acordo com a Polícia Militar (PM), na madrugada do último domingo (8), equipes do batalhão de Belford Roxo (39º BPM) foram acionadas para verificar a ocorrência de tumulto generalizado na Avenida Automóvel Clube.  

    Ainda segundo a PM, no local, os policiais foram informados de que três homens teriam sido feridos por disparos de arma de fogo e socorridos por populares para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jardim Íris e UPA do Jardim Bom Pastor, ambas no município de São João de Meriti. 

    Procurada, a Prefeitura de São João de Meriti informou que quatro homens deram entrada na UPA de Jardim Íris com ferimentos por arma de fogo. Destes, dois foram a óbito, um foi transferido para o Hospital de Saracuruna com quadro de saúde estável e o quarto fugiu da unidade após os primeiros atendimentos. 

    Em seguida, outros dois homens, também baleados, chegaram à unidade. Um deles foi transferido para o Hospital de Saracuruna com quadro de saúde estável e o outro faleceu. 

    O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios (DH) da capital.

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