Vulneráveis

Gatos continuam abandonados em antigo prédio da Prefeitura do Rio

O ENFOCO denunciou o caso em fevereiro e ainda não houve mudança

Uma colônia de gatos abandonados está no local
Uma colônia de gatos abandonados está no local |  Foto: Lucas Alvarenga

Sete meses após uma reportagem do ENFOCO, a colônia de gatos que vive em condições precárias em um antigo prédio onde funcionava um abrigo da Prefeitura do Rio, no bairro Estácio, continua no local. Os bichinhos não tem garantia de alimentação e não há informações se eles possuem doenças ou não. O que se sabe é que eles vivem um prédio abandonado e o grupo só cresce, já que os animais não são castrados e se reproduzem. 

LEIA+: Gatos estão sem água e comida em imóvel da Prefeitura do Rio

Os portões do espaço foram furtados na última semana e, com isso, os animais ficaram menos protegidos ainda. Os gatos ainda dividem o espaço com pessoas em situação de rua, o que dificulta que vizinhos consigam alimentá-los, já que as pessoas têm medo. 

A informação foi confirmada pela advogada e servidora pública Roberta Rodrigues, que morava no bairro e ajudava a cuidar dos animais. Roberta luta para que a Secretaria Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (SMPDA) resgate esses bichos e dê a eles um tratamento digno, como castração, local para morar e alimentação frequente.

Os gatos começaram a frequentar o espaço ainda em meados de 2022, quando funcionava, no prédio, a Unidade de Reinserção Social Dom Helder Câmara. Na época, a Prefeitura foi acionada por Roberta. Ela contou que agentes da Prefeitura estiveram no local para orientar os funcionários sobre os melhores cuidados para se ter com os gatos, no entanto, o prédio foi desativado em fevereiro deste ano e os bichos continuaram ocupando o espaço. 

"A diretora do abrigo chegou a informar sobre a situação para a prefeitura e nada foi feito. O prédio foi desativado. Foi quando vizinhos começaram a colocar comida para os animais. Do dia para a noite, tiraram as mesas do espaço, que os animais usavam para dormir. No segundo dia, já tinha gente invadindo lá e os vizinhos registraram 'quebradeiras'. Não sabíamos o que acontecia com os animais lá dentro. Roubaram algumas coisas do imóvel e até colocaram fogo em parte do terreno", contou ela. 

Mesmo assim, a situação se estendeu de fevereiro até este início de setembro. Nesse período, a Subprefeitura do Estácio e a Prefeitura do Rio foram acionadas diversas vezes e deram algumas respostas: em uma delas, os agentes chegaram a chumbar o portão, segundo Roberta, para preservar o espaço. No entanto, com isso, as pessoas não conseguiam mais acessar o espaço para colocar comida para os gatos e os felinos não foram resgatados. "Parecia que eles estava indiferentes aos animais, chumbaram os portões e os gatos continuaram lá", contou. 

  • Abrigo da prefeitura abandonado no bairro Estácio - Lucas Alvarenga
    Abrigo da prefeitura abandonado no bairro Estácio - Lucas Alvarenga
  • Abrigo da prefeitura abandonado no bairro Estácio - Lucas Alvarenga
    Abrigo da prefeitura abandonado no bairro Estácio - Lucas Alvarenga
  • Abrigo da prefeitura abandonado no bairro Estácio - Lucas Alvarenga
    Abrigo da prefeitura abandonado no bairro Estácio - Lucas Alvarenga
  • Abrigo da prefeitura abandonado no bairro Estácio - Lucas Alvarenga
    Abrigo da prefeitura abandonado no bairro Estácio - Lucas Alvarenga
  • Abrigo da prefeitura abandonado no bairro Estácio - Lucas Alvarenga
    Abrigo da prefeitura abandonado no bairro Estácio - Lucas Alvarenga

O ENFOCO noticiou o caso em fevereiro e, na época, uma vistoria foi feita pelos agentes da Prefeitura, que detectaram cinco animais no espaço e eles não estavam desnutridos, segundo relatado pela assessoria do órgão. Mesmo assim, em nota, a Secretaria Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (SMPDA) disse que os agentes iriam fazer uma nova operação para capturar os felinos, o que não foi feito. 

"Os agentes afirmaram isso para a gente também. Numa segunda resposta, esses agentes falaram que, conversando com as pessoas do local, descobriram que existiam protetores de colônia cuidando dos animais. Mas, como as pessoas cuidavam dos bichinhos se as portas foram chumbadas na época? Eu questionei porque eu sei que as pessoas estão revoltadas e colocando ração enquanto os animais não são resgatados. As pessoas não querem ter essa responsabilidade, que elas acreditam ser do poder público. Queria saber quem é esse protetor, se eles tem o nome. Eu cobrei novamente e, numa terceira vistoria, falaram que viram apenas um gato e que ele fugiu", contou ela.

A colônia dos gatos só cresceu de lá para cá, alguns animais não são castrados (outros foram com a ajuda de Roberta) e passaram a se reproduzir. Roberta já falou até com secretários e a situação permaneceu na promessa. Nessa semana, um novo fator complicou ainda mais a situação: o furto dos portões do espaço.

"Com isso, muitas pessoas em situação de rua passaram a frequentar o local e, com isso, muitos vizinhos passaram a não dar comida aos animais por causa das pessoas dali, que não se sabe se oferecem perigo ou não. Vale lembrar que as pessoas que dão comida são voluntárias e a situação é momentânea e não rotineira. Então, os animais podem ficar sem comida, por isso, lutamos pelo resgate. Tenho laudos de veterinários afirmando que os animais estão com sinais de maus-tratos. Queremos que esses animais sejam resgatados, cuidados e não fiquem mais abandonados", afirmou. 

Procuradas, a Prefeitura do Rio e a Secretaria Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (SMPDA) não retornaram o contato.

< Ator Kayky Brito é atropelado no Rio; estado é gravissímo Onça-parda é vista pela segunda vez em Maricá <