Cuidados especiais
Lagarto raro com 14 ovos é encontrado em APA de São Gonçalo
Espécie está sendo acompanhada por veterinários e pesquisadores
A natureza não para de surpreender os profissionais que atuam na Área de Soltura de Animais Silvestres (ASAS) de São Gonçalo. Foi encontrado um lagarto papa-vento fêmea com 14 ovos, no último dia 22, na Área de Proteção Ambiental (APA) Estâncias de Pendotiba, em Maria Paula.
A descoberta dos ovos foi feita na última quinta-feira (6), quando o lagarto foi submetido a exames de imagem no Hospital Veterinário Firmino Marsico Filho (Huvet), em Niterói. O exame foi realizado pela equipe que atua na ASAS e pela equipe da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O lagarto estava se recuperando na Asas após ser resgatado e, desde então, vem sendo acompanhado por veterinários e pesquisadores, tendo em vista a excepcionalidade em ter um exemplar dessa espécie para ser estudado, já que, por conta de seus hábitos na natureza, dificilmente é visto nas florestas.
A mamãe lagarto e, agora os ovos quando forem postos, serão acompanhados para que, quando eclodirem, também sejam cuidados até estarem prontos para reintegrar à natureza assim que possível.
Em um estudo pioneiro sobre o lagarto papa-vento, esse período de incubação e eclosão dos ovos será de fundamental importância para conhecimento da espécie.
O lagarto da espécie Polychrus marmoratus é um réptil do gênero Polychrus, também conhecido como lagarto-preguiça devido ao seu movimento lento. Pode ser encontrado em áreas de floresta, em meio a ramos ou copas de árvores, podendo forragear no chão para buscar alimento. Há relatos em áreas de várzeas, igapós, florestas secundárias de áreas urbanas. Sua coloração críptica dificulta o seu encontro.
Sua dieta é composta de insetos e aranhas, com eventual relato de material vegetal como folhas, frutos e sementes. Não possui diferença de coloração entre os sexos. Os machos podem atingir 126 mm de comprimento, já as fêmeas, podem chegar aos 144 mm.
RELEVÂNCIA
A área de Soltura de Animais Silvestres de São Gonçalo é a primeira ASAS pública do Estado do Rio de Janeiro e, em breve, irá se tornar um Centro de Recuperação de Animais Silvetres (CRAS), realizando atendimentos mais complexos, como cirurgias, exames de radiografia e ultrassonografia. As obras para a expansão já tiveram início.
A ASAS de São Gonçalo é referência em toda a Região Metropolitana do Estado do Rio. Hoje já atende demandas do Comando de Polícia Ambiental (Cepam), Corpo de Bombeiros e de entregas voluntárias feitas por moradores. Além disso, também mostra toda a sua vocação para contribuir nas áreas de pesquisas acadêmicas e estudos das espécies que são reabilitadas. Conta com uma equipe com veterinários de plantão e estagiários de Medicina Veterinária, através de uma parceria com a Universidade Estácio de Sá.
“Gostaria de agradecer a grande aceitação do meio acadêmico ao trabalho desenvolvido na ASAS e frisar que estamos abertos a todo tipo de pesquisa que permita conhecermos melhor nossa flora e fauna, contribuindo para o desenvolvimento da ciência. Agradeço a toda a equipe de colaboradores, especialmente aos veterinários Bernardo de Paula e Pedro Alfazema, ao Grupamento de Defesa e Proteção Ambiental (Gepam) pela dedicação diária", afirmou Glaucio Teixeira Brandão, biólogo e subsecretário de Meio Ambiente.
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