Cidades
Moradores temem fechamento de hospital em Niterói
Pacientes e funcionários do Hospital Orêncio de Freitas, no Barreto, em Niterói, estão apreensivos sobre a possível tranferência de pacientes para o Hospital Oceânico. Um abaixo-assinado foi criado para pressionar a prefeitura. A preocupação é a região ficar sem os serviços oferecidos pela unidade de saúde, referência em cirurgias.
Diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Federal e Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev/RJ), Sebastião de Souza confirma o fechamento do hospital para a realização de obras.
"Se quer fazer a obra, tem como fazer com os pacientes lá dentro. Fechar esse hospital é um crime, é contribuir para que futuras gerações não tenham acesso a uma política de saúde. Até agora o prefeito ainda não se manifestou"
Moradora do bairro Mutuá, em São Gonçalo, Deisemara Mello, está com o pai, de 82 anos, há um mês internado na unidade, após ter sido diagnosticado com câncer no intestino.
"Esse hospital atende pessoas carentes não só de Niterói, mas de outras regiões. Ao invés dos governantes transferirem pacientes, eles tinham que investir. E o povo carente como que fica? Eu moro em São Gonçalo, vou sair daqui como para ir para Piratininga, quem vai sustentar isso? Hoje quem tá do lado de cá sou eu, mas amanhã pode ser um deles"
Nara Lúcia do Nascimento Moreira é moradora do Barreto. Ela chegou no Orêncio de Freitas com a filha para ela retirar pontos, após cirurgia. A dona de casa também é contra o fechamento.
"Para nós moradores o hospital é uma maravilha. Não pode sair daqui porque nós precisanos dele. São décadas de existência aqui"
Fábio Costa de Amorim, presidente da Associação de Moradores do Morro dos Marítimos, fez um alerta para a insegurança, se caso o hospital deixar de existir no local.
"Aqui nós temos uma creche e médico de familia que funcionam ao lado do hospital, se for transferido para lá vai virar o quê? Lugar de cracudo? Como que nossas crianças da creche irão ficar sem segurança nenhuma?"
Assembleia
Na manhã desta terça-feira (23), profissionais de saúde participaram de uma assembleia no auditório do hospital.
"Conseguimos realizar uma assembleia que contou com a participação total dos funcionários e usuários da unidade de saúde. Estamos preparando um grande ato", disse Sebastião.
No próximo dia 8 de dezembro, às 9h, está programada uma ação que contará com médicos, moradores e familiares de pacientes. Eles pretendem mobilizar um abraço em volta do hospital e caminhar por ruas da região.
"Vamos procurar o secretário de saúde e o prefeito. Nesse momento o que tem que ser feito é o Orêncio é existir. Não pode um hospital desses receber a miséria de orçamento que está recebendo para tocar uma unidade desse porte"
O hospital foi construído no ano de 1937. Segundo funcionários, a unidade faz em média 250 cirurgias por mês, entre elas, de hérnia de disco, vesícula e apendicite.
Procurada, a Prefeitura de Niterói, responsável pela administração do hospital, esclareceu que a unidade não será fechada e que a Secretaria de Saúde está fazendo um estudo para qualificação da rede hospitalar e o Hospital Oceânico Gilson Cantarino irá realizar, a partir de 2022, cirurgias de câncer de mama, dentro das ações do programa Niterói Mulher, que tem por objetivo a melhoria no acesso ao diagnóstico e no tratamento adequado.
Ainda segundo a prefeitura, o Orêncio de Freitas realizou, em 2020, média de 136 cirurgias por mês. O Executivo não informou, no entanto, o valor do repasse enviado mensalmente ao hospital. Também não esclareceu o que será mantido no hospital.
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