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Mortandade de peixes em Maricá: UFF alerta para negligência do poder público

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|  Foto: Foto : Marcelo Tavares
Pesquisadores reforçam que a lagoa é um sistema altamente produtivo em termos pesqueiros. Foto : Marcelo Tavares

Após a preocupação das comunidades pesqueiras por conta da mortandade de peixes na Lagoa de Jacaroá e também no canal de Ponta Negra, ocorrida no dia 4 de setembro, pesquisadores do Projeto Sistemas Lagunares do Leste Fluminense (SLLF), coordenado pelo laboratório de Biologia do Nécton e Biologia Pesqueira da Universidade Federal Fluminense (UFF), reforçam que a lagoa é um sistema altamente produtivo em termos pesqueiros. Segundo dados da UFF, entre 2018 e 2019 foram produzidas mais de 90 toneladas de peixes na região. No entanto, a mortandade está diretamente ligada à negligência do poder público.

A informação é do professor Marcus Rodrigues da Costa, coordenador do SLLF. Ele conta que, desde 2018, a ação interinstitucional vem monitorando não só a atividade pesqueira, mas também os eventos de mortandade. Os dados são referentes a um estudo que, até o momento, abrange 12 comunidades, mais de 60 embarcações e 120 pescadores registrados.

"Sem dúvida esses eventos afetam não só o ambiente como também toda a cadeia produtiva da pesca artesanal na região. É notório que planos de contingência, programas de monitoramento e de saneamento devem ser aplicados para minimizar a recorrência de eventos desta natureza no futuro".

Marcus Rodrigues da Costa, coordenador do SLLF

Marcus ressalta que percebe que há uma resiliência do sistema, que mostra uma força que se recupera após a ocorrência de mortandade. 

"Temos grandes quantidades de peixes que são comercializadas tanto localmente, como regionalmente. Sendo assim, podemos dizer que as lagoas têm essa capacidade de produção e são importantes para as comunidades pesqueiras locais. Preciso destacar que as autoridades devem olhar com mais carinho para esses sistemas lagunares, porque eles mantém uma população que trabalha em prol de toda uma comunidade maior, produzindo e gerando emprego e renda. O setor pesqueiro tem sido negligenciado ao longo dos anos", afirmou.

Ainda de acordo com o coordenador, quando os pesquisadores falam que a pesca nos sistemas lagunares é negligenciada, quer dizer que a atividade carece de ordenamento e gestão pesqueira

"Os eventos de mortandade acontecem e a gente não fica sabendo, porque falta por parte do poder público um monitoramento, além de acompanhamento sistematizado e continuado desta atividade pesqueira artesanal que é desenvolvida nestes ambientes lagunares que têm se mostrado altamente produtivos. E se tivéssemos esse programa para acompanhar, certamente teríamos mais evidências para entender o porquê desses fenômenos de mortandade. No entanto, para chegarmos a esse ordenamento, será necessário que se ande de mãos dadas. Ou seja, não só o poder público, mas também a universidade e as comunidades pesqueiras trabalhando juntos".

Canal de Ponta Negra
Pesca em Maricá possui caráter artesanal, diz pesquisadores. Foto: Marcelo Tavares

Ainda sobre a questão do acompanhamento dos sistemas lagunares, o pesquisador destacou que seria indicado entender como as espécies se reproduzem, se alimentam e como as espécies se distribuem dentro desses sistemas. 

"O objetivo dos estudos acadêmicos são esses. Entender os padrões de movimentação e migração das espécies que são alvos da atividade pesqueira. Com base nesse conhecimento, a gente consegue fechar o ciclo de vida das espécies, e assim teríamos mais evidências de como elas usam esses hábitat, como se comportam. Isso nos traria melhores explicações para esses eventos que acontecem, como as mortandades que vêm ocorrido nesses últimos três anos", finalizou. 

INEA

Uma equipe do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) esteve no canal e na lagoa de Ponta Negra no dia 9 de setembro para recolher amostras da água, devido a mortandade de peixes registrada no dia 4. A ação foi acompanhada pelo secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca de Maricá, Julio Carolino, e realizou a coleta em três pontos da lagoa da Guarapina.

Procurado para falar sobre o resultado da coleta, o instituto ainda não se pronunciou.

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