Cidades
Motociclistas de entrega protestam no Centro de Niterói
Pelo menos 100 motociclistas de aplicativos que prestam serviços para plataformas alimentícias realizaram um protesto na tarde desta sexta-feira (23) na Avenida Ernani do Amaral Peixoto, na altura da Câmara Municipal de Niterói.
Segundo os manifestantes, a ação aconteceu por conta do que consideram 'precarizações' enfrentadas nas condições de trabalho.
De acordo com a Associação de Motoboys de Niterói - criada para reivindicar direitos dos trabalhadores autônomos - o valor que é pago pelas empresas ao entregador, como forma de garantia da disponibilidade do serviço, tem sido retirado caso o funcionário não tenha feito três entregas, ou tenha tido um rejeite do cliente.
Os manifestantes ainda reclamam da perda do benefício, uma vez que as empresas já o garante.
"Sabemos que tem dias que fechamos o horário sem entregas e que também sofremos com falhas do aplicativo, nas quais acabamos por ficar bloqueados, e com rejeites, e ainda somos punidos por um erro que não é nosso", dizia a nota enviada pela associação.
Segundo os protestantes, atualmente os motoboys que trabalham por conta própria, além dos que são vinculados às plataformas, sofrem por ver seus ganhos diminuindo com as reduções das taxas.
Como defesa, eles alegam que as empresas devem considerar valores investidos com combustível e manutenção do veículo, para que o trabalho seja feito de forma adequada e segura.
Entre as reivindicações desta sexta, também estavam: o recebimento de material adequado; o pagamento da quantia já garantida, além das taxas de entregas; o fim dos rejeitos excessivos e que o tempo de chegada nos restaurantes sejam calculados de maneira mais elaborada, para que não percam os seus benefícios.
Procurada, a empresa iFood disse que entende a importância das manifestações e da liberdade de expressão.
"Embora os entregadores sejam parceiros independentes, que atuam de acordo com a sua conveniência, podendo inclusive utilizar diferentes plataformas, a empresa mantém canais oficiais que podem ser acionados para quaisquer orientações e esclarecimentos", ressaltou através de nota.
A empresa também informou que a plataforma continua operando normalmente para todos os seus parceiros, sejam eles usuários, entregadores ou restaurantes.
Outras duas companhias responsáveis pelos serviços de entrega e que foram alvos dos protestos nesta sexta, ainda não se posicionaram sobre o caso.
Acidente
Durante a manifestação, os motociclistas também lembraram do companheiro de profissão, Gabriel Sebastião Nascimento, de 19 anos, que morreu no último domingo (18), na rua Marechal Deodoro, no Centro de Niterói — após sofrer um acidente, enquanto prestava serviço para um determinado aplicativo de entregas.
Além do mais, aqueles que exercem a função, por meio de bicicletas, solicitaram por melhorias nas ciclovias instaladas ao redor do município.
"Nós nos arriscamos diariamente passando no meio dos carros enquanto realizamos o nosso trabalho", comentou um ciclista que não quis se identificar.
Acordo
O presidente da Câmara Municipal de Niterói, vereador Milton Cal (Progressista), além do vereador Renato Cariello (PDT), que preside a Comissão Permanente de Segurança Pública na Casa Legislativa e o vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL), receberam os entregadores na sala da presidência e discutiram as demandas levadas pela categoria.
Durante a reunião, os políticos disseram que vão analisar o caso e pretendem convocar representantes das empresas para uma conversa, e agendar um encontro com o Ministério Público Federal do Trabalho em Niterói, através do procurador Maurício Menezes.
Colaborou - Tiago Souza
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