Indignação

Motoristas de vans de turismo fazem ato contra a violência no Rio

Condutores alegam que crimes estão aumentando na categoria

Condutores se reuniram em um ato no Aterro do Flamengo nesta quinta (15)
Condutores se reuniram em um ato no Aterro do Flamengo nesta quinta (15) |  Foto: Karina Cruz
  

Cerca de 40 motoristas de vans do segmento de turismo e fretamento do Rio se reuniram em um ato no Aterro do Flamengo, nesta quinta-feira (13), pedindo por mais segurança.

Os profissionais reclamam da falta de segurança durante os trajetos pelas ruas da cidade e do alto índice de assaltos contra os motoristas. 

Jadson Barcellos, de 55 anos, atua no segmento há 18 anos e contou que os roubos têm aumentado mais nos últimos anos e que, em 2022, eles contabilizaram 76 roubos de vans. 

Profissionais reclamam da falta de segurança durante os trajetos pelas ruas da cidade e do alto índice de assaltos contra os motoristas
  

“No início, os roubos costumavam ser na Avenida Brasil, mas hoje ocorrem em vários lugares como no Irajá, na Pavuna e etc. No mês passado, eu tive uma van roubada na Praça Seca e o policial civil que registrou meu caso na delegacia ficou assustado porque disse que nunca tinha tido roubo de van lá. Acompanhamos no grupos e vemos que tem roubos hoje em vários lugares, como na Taquara, em Curicica, em Vargem Grande, no Camurim”, contou ele. 

O ato desta quinta segue até o Palácio Guanabara, em Laranjeiras, é, literalmente, um grito de socorro.

“Queremos mobilizar as autoridades. Não tem sentido estarmos sendo perseguidos pelos criminosos dessa forma. Os pontos para onde as vans são levadas são sempre os mesmos, que são pontos de desmanche. Com isso, podemos perceber que o que alimenta isso é a indústria de peças roubadas, se tem quem compre, vai ter gente para vender e alimentar esse tipo de atitude de roubos e furtos. A gente tem visto muita violência", afirmou ele. 

Manifestação contou com camisas pedindo mais segurança para os profissionais
Manifestação contou com camisas pedindo mais segurança para os profissionais |  Foto: Karina Cruz
  

Antes, segundo as denúncias, os criminosos liberavam os motoristas, hoje tem tortura psicológica e agressões físicas. “Meu motorista foi rendido e foi levado, o caminho todo, no banco de trás, recebendo coronhadas na cabeça por bandidos armados. Nosso grito hoje é por socorro. Queremos acionar as autoridades e também os órgãos de turismo para termos ajudas e que tenhamos voz para que esses casos diminuam”, contou Jadson. 

O motorista Marcelo Pereira, de 31 anos, relata que também foi vítima de assalto. Ele teve sua van, que possuía há 9 meses, levada por criminosos em outubro. Na ocasião, ele e seu pai foram rendidos. 

“Estávamos indo fazer manutenção do veículo, quando esses miseráveis encostaram no meu carro, eles estavam num Jeep branco, e mandaram eu seguir eles se não eu iria tomar tiro. Eles estavam com fuzis. Fiquei nervoso, segui eles até um momento, quando eles pararam, entraram na minha van, perguntaram se tinha segredo, me ameaçaram de morte, eu disse que não tinha segredo. Eu não sofri agressão física, mas verbal sim. Não deixaram a gente descer do carro e fomos libertados mais para a frente, quando eles viram que não tinha nada. Meu bem mais precioso é a minha vida, fiquei com medo”, disse Marcelo. 

Ele confessa que o psicológico ficou abalado. “Na hora, eu pensei: perdi minha van, mas meu bem mais precioso é a minha vida. Eu nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo, mas fico triste porque a van é algo que ainda estou pagando e hoje continuo sem ela, já que ela não foi encontrada depois de ter sido levada pelos bandidos. A van se pagava e me dava meu sustento, hoje não tenho mais o bem e estou me virando para pagar a prestação, além de estar penando com a seguradora para ela me pagar. É uma dívida de seguro de R$ 22 mil por ano e agora não tenho mais a van”, disse ele.

Índices

Condutores dizem que número de roubos e furtos contra os profissionais tem aumentado nos últimos anos
Condutores dizem que número de roubos e furtos contra os profissionais tem aumentado nos últimos anos |  Foto: Karina Cruz
  

Em nota, a Polícia Militar informou que “o comando do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) tem direcionado esforços contínuos no policiamento nas principais vias da cidade e reforça o seu objetivo ininterrupto de combater as diversas práticas delituosas nesses locais, incluindo na Av. Brasil. De acordo com o comando da unidade, 173 pessoas foram conduzidas para delegacias e foram retiradas 29 armas de fogos das ruas, neste ano. 

O batalhão diz ainda que a unidade emprega sistematicamente o policiamento para prevenir e coibir todos os tipos de crimes. As equipes da unidade realizam centenas de abordagens a veículos e transeuntes, inclusive na região citada.

A Polícia Militar ressalta a importância de que a população colabore realizando denúncias - o telefone do Disque-Denúncia é (21) 2253-1177 - ou, para casos urgentes, faça o acionamento através da nossa Central 190 para que as medidas imediatas cabíveis possam ser tomadas. Os registros em delegacias da Polícia Civil também são essenciais para que procedimentos investigativos sejam iniciados.”

A Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento na 21ª DP (Bonsucesso) e na 28ª DP (Praça Seca), e que os agentes realizam diligências para identificar a autoria e esclarecer os fatos. O governo do Estado foi questionado, mas não enviou resposta. 

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), em outubro deste ano, foram registrados cerca de 1.407 casos de furtos de veículos no estado. Já de janeiro a outubro, foram registrados 13.983 casos.

< Operação deixa dois mortos em Caxias; PM também foi baleado Jesus Luz e Aline Campos sofrem acidente de moto na Indonésia <