Socorro

Mulher ofende e ameaça moradores na Zona Sul de Niterói

Situação ocorre há 3 meses; denunciantes clamam por ajuda

Gritos e ataques verbais, segundo queixas, duram cerca de 12h por dia
Gritos e ataques verbais, segundo queixas, duram cerca de 12h por dia |  Foto: Lucas Alvarenga
 

Gritos, ameaças e ofensas fazem parte da rotina de moradores da Rua Domingues de Sá, em Icaraí, na Zona Sul de Niterói, há pelo menos três meses.

Segundo as denúncias, uma mulher em situação de rua, de aproximadamente 50 anos, com sinais de surto psicótico, é a responsável pelos ataques verbais. Isso dura cerca de 12h, por dia, em momentos alternados. 

O último episódio, em questão, voltou a ocorrer na manhã deste sábado (17), afirmam as queixas de quatro moradores diferentes.

A mulher já foi flagrada usando pedras e paralelepípedos como instrumentos de ameaça, colocando em risco a segurança de todos. 

Me chama de put*, diz que vai me fuzilar, que vai jogar pedra na minha janela, fala: 'Vem aqui fora que eu vou te mostrar', me ameaçando. Ontem uma comerciante da rua pegou dois paralelepípedos com ela. moradora, optou por anonimato
 

As buscas por soluções legais, de acordo com os relatos, têm sido em vão junto ao Poder Público.

"Temos buscado o auxílio de uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas somos informados com frequência de que não há veículos disponíveis ou de que a frota está reduzida no município", lamentou uma moradora da região. Com medo, ela não quis se identificar.

A Prefeitura de Niterói garante que equipe da Saúde Mental irá ao local para avaliar o caso da senhora em questão
A Prefeitura de Niterói garante que equipe da Saúde Mental irá ao local para avaliar o caso da senhora em questão |  Foto: Lucas Alvarenga
  

De acordo com ela, a Assistência Social da Prefeitura de Niterói já esteve no local, continua dizendo, que sem a presença de profissionais da saúde, pouco puderam fazer. 

"O Samu comunicou que a responsabilidade recai sobre o Corpo de Bombeiros, o qual afirma não poder ser acionado pela população civil em situações dessa natureza. A Polícia Militar também se mostrou incapaz de agir, alegando tratar-se, sim, de perturbação da ordem pública, mas por razão de uma questão de saúde; a Guarda Municipal afirmou não ter competência para lidar com casos de saúde mental", frisou a mulher.

Um rapaz que frequenta a casa da namorada na região definiu à reportagem um cenário de acuação para quem passa no trecho.

"Fica arriscado pra gente andar na calçada. As pessoas ficam tão acuadas que atravessam a rua. Já vi essa mulher brigando, chamando mulheres de: 'sua piranha', falando para pessoas que: 'vou te matar'. Ela fica com uma sacola de feira, com uma mala e uns livrinhos e fica nessa berrando em frente a uma hamburgueria, que só abre à noite, quando ela sai", disse.

'Mãos atadas'

De mãos atadas, quem mora no entorno implora para que a mulher em situação de rua, de fato, seja amparada por meios legais. Esses mesmos moradores também sonham em ter uma noite tranquila de sono.

"O que fazer quando não há um protocolo claro para atendimento de indivíduos em situação de rua com problemas mentais na cidade que apresentam risco para a população e eles mesmos?", questiona uma denunciante.

Essa situação tem deixado os moradores desamparados e expostos a perigos constantes, já que os ataques, que começam sempre por volta de 6h da manhã e segue até às 18h, são bem próximos às janelas de imóveis.

"Tememos pela integridade física da senhora em questão e também pela nossa própria segurança. É um absurdo não ter ambulância, eles retornam sempre umas 5h depois do chamado ou pra dizer que não tem carro ou a mulher já não está aqui", diz uma denunciante.

Os relatos também apontam que a mulher em situação de rua está sempre com trajes novos.

"Ela anda bem vestida, disse que dorme numa obra por aí. E que espera os operários saírem pra entrar. Cada dia ela está com uma mala, é bem diversificada, anda com livros, cada dia uma roupa. Ela surta, sabe? Do nada às 6h da manhã fica gritando, as pessoas querem dormir e não conseguem. Também ameaça que vai matar. Diz que está fazendo um protesto", narra uma outra moradora.

O que dizem os envolvidos

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Niterói garantiu que, na próxima semana, uma equipe da Saúde Mental irá ao local para avaliar o caso da senhora em questão.

A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói explicou que tem o dispositivo Consultório na Rua que presta atendimento para a população em situação de rua.

A equipe multiprofissional reúne médico, psicólogo, enfermeiro, técnico de enfermagem, assistente social, agentes sociais, redutores de danos e motorista.

"Com apoio de um veículo, atuam de forma itinerante nos locais onde se concentram essas pessoas, desenvolvendo ações compartilhadas e integradas com a rede de Saúde. Através do Consultório na Rua, o usuário com transtorno mental é encaminhado para os serviços da rede de saúde mental", pontua a nota.

A Saúde também diz que realiza um trabalho em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social, com ações e reuniões regulares. 

Já a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que a Corporação está à disposição para ações conjuntas envolvendo órgãos de assistência social e de saúde pública.

Questionado, o Corpo de Bombeiros ainda não retornou se atua em casos desta natureza.

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