Tristeza

‘Ela tinha tanto para viver’, diz irmã de pastora morta em Niterói

O motorista acusado do atropelamento não ficou preso

PROTESTO 81DP- QUINTANILHA FILHO
PROTESTO 81DP- QUINTANILHA FILHO |  Foto: Quintanilha Filho
 

Na manhã deste domingo (14), cerca de 50 amigos e familiares de Letícia Gabriela Rosin se reuniram em frente à 81ª DP (Itaipu), na Região Oceânica de Niterói, em um protesto exigindo Justiça pela morte da pastora. Ela e seu marido, também pastor, sofreram um grave acidente na noite do dia 9, quando um carro modelo Santana verde colidiu com a moto em que estavam. A Polícia Militar informou que o motorista do carro não possuía habilitação.

"Minha irmã era uma mulher trabalhadora, mãe amorosa de três filhos. Sua dedicação à família e à igreja era imensa. Ela tinha tanto para viver, mas infelizmente teve sua vida interrompida de forma tão violenta. É extremamente revoltante saber que ela foi vítima da completa irresponsabilidade. O motorista não prestou assistência, e suas anteriores infrações criminais são alarmantes. Se ele tivesse sido preso anteriormente, essa tragédia poderia ter sido evitada", disse Luanda Rosin.

O pastor Sérgio Cordeiro, que estava pilotando a moto, sofreu fraturas na clavícula e na perna, sendo necessário passar por cirurgia. Atualmente, ele está em casa se recuperando.

Letícia Gabriela era membro da igreja Assembleia de Deus Rios de Água Viva, localizada na comunidade de Bonsucesso, em Piratininga. Ela deixa para trás uma filha de 23 anos, além de dois filhos de 9 e 21.

O caso aconteceu na região conhecida como Biquinha, na avenida Ewerton da Costa Xavier. De acordo com relatos de testemunhas à polícia, os dois veículos seguiam na mesma direção quando, em determinado momento, o motorista do carro colidiu com a moto, só parando após atingir um poste.

  • O protesto aconteceu na frente da 81ª DP (Itaipu)
    O protesto aconteceu na frente da 81ª DP (Itaipu)
  • O protesto aconteceu na frente da 81ª DP (Itaipu)
    O protesto aconteceu na frente da 81ª DP (Itaipu)
  • O protesto aconteceu na frente da 81ª DP (Itaipu)
    O protesto aconteceu na frente da 81ª DP (Itaipu)
  • Luanda Rosin, irmã da pastora
    Luanda Rosin, irmã da pastora
  • Advogado Jorge Ary Maranhão
    Advogado Jorge Ary Maranhão
  • Advogada Daniela Marins
    Advogada Daniela Marins
  

Segundo o advogado Jorge Ary Maranhão, que está representando as vítimas, o condutor demonstrava sinais de embriaguez, e as informações fornecidas pelos policiais militares para o registro da ocorrência estão incorretas.

"A revolta e a comoção social surgiram devido ao fato de o motorista, claramente embriagado e sob influência de entorpecentes, como evidenciado por vídeos feitos por testemunhas locais, tentar fugir do local do acidente. Havia várias garrafas de cerveja e pinos de entorpecentes no carro. Apesar disso, a Polícia Militar chegou ao local do acidente e relatou o caso de maneira suspeita e equivocada para a Polícia Civil. O condutor foi levado à delegacia e posteriormente liberado. Isso levanta a necessidade de reforço, pois é certo que as informações foram transmitidas de forma incorreta. Se tivessem sido fornecidas corretamente, ele teria sido preso em flagrante, já que estava embriagado, sem habilitação e havia evidências em vídeos e testemunhas locais de sua tentativa de fuga sem prestar socorro à vítima", explicou.

 

Os advogados estão preparando as evidências para serem enviadas ao Ministério Público, com o intuito de solicitar a mudança do caso, inicialmente registrado como homicídio culposo, para doloso.

"Baseados nas evidências, iremos requerer a alteração da classificação do crime de homicídio culposo para doloso. No caso de dolo eventual, o condutor assume a direção do veículo automotor sem habilitação, visivelmente embriagado, e falha em prestar socorro. Nesse contexto, ele assume inteiramente o risco de causar o resultado, e deve ser responsabilizado por homicídio doloso", disse Maranhão.

"A família está extremamente indignada pelo fato de não terem sido realizados os exames necessários, como alcoolemia e toxicológico. Os policiais afirmaram ter recebido ordens da delegada da 76ª DP para liberar o motorista, mas por que ele foi solto dessa maneira? Deveria ter sido mantido sob custódia para que os procedimentos padrão fossem realizados. Descobrimos que em dezembro de 2023, esse mesmo motorista já tinha um registro de ocorrência na 81ª DP, onde responde por lesão corporal e crime de trânsito. Como foi possível liberá-lo diante de uma situação tão grave?" questionou a advogada Daniela Marins, também representante das vítimas.

A Polícia Civil foi procurada pelo ENFOCO, porém, não havia respondido até a publicação desta matéria.

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