Vocação
Favela de Niterói tem artista plástico que nasceu para brilhar
Aynê Oliveira, de 65 anos, o Neizinho, já ganhou vários prêmios

Imagina um menino que, contra todas as dificuldades, principalmente as financeiras, nunca desistiu do seu maior sonho e conseguiu: ser um artista plástico. Este é Aynê Oliveira, atualmente com 65 anos e natural da comunidade Coronel Leôncio, na Engenhoca, que acaba de ser premiado em mais um concurso de pintura da Marinha.
Aynê, mais conhecido como Neizinho, conta que não deixou de produzir seus quadros ao longo da vida devido a sua vocação. "Com ou sem dinheiro, a gente faz arte por amor à arte", diz o artista que nunca fez um curso para aperfeiçoar o talento e a vocação.
Entre as várias profissões (balconista, pedreiro, cobrador de ônibus e outras), Aynê sempre usou suas horas vagas para pintar, principalmente a própria comunidade em que viveu a maior parte da vida, dos 8 aos 50 anos.
"Pintava também as paisagens de Niterói e tentava vender na Praia de Icaraí mas era difícil. Só mesmo deixando em lojas que conseguia comercializar meus trabalhos", revela Neizinho que nem um acidente de trabalho o fez desistir.
"Coloquei o braço direito na janela do ônibus e bati em um poste. Foi uma fratura muita feia. Tinha 22 anos. Mesmo com sequelas, comecei a pintar com a mão esquerda e segui ganhando meus prêmios. Agora, aposentado, tenho mais tempo para pintar", conta animado.
Amador entre 50 profissionais
O primeiro prêmio foi em uma gincana de pintura com 50 artistas na Fortaleza do Gragoatá, em Niterói, no final da década de 80, e virou até matéria de jornal. A sua expectativa, no entanto, era só adquirir experiência.
"Nesta época trabalhava numa loja de material de construção e meu patrão me liberou para participar e disse: 'Vai lá e ganha este prêmio pra gente'. A vitória foi uma grande surpresa pra mim porque os demais participantes eram todos profissionais, eu não. Foi a maior felicidade da minha vida quando vi as pessoas comentando a matéria do jornal", lembra.
Assim, Aynê Oliveira sempre foi trabalhando em várias funções para buscar a sobrevivência mas sem nunca deixar as artes plásticas de lado. Ao todo, ele já produziu mais de 300 quadros e ainda estão com ele cerca de 40. Aynê é casado há 20 anos e tem uma filha.
Prêmios
No próximo dia 17, ele vai receber mais um prêmio no XXV Salão de Artes Plásticas do Corpo de Fuzileiros Navais, na categoria 400 anos de fortaleza, em cerimônia no Rio.
Também ganhou prêmios e medalhas na extinta Associação Fluminense de Belas Artes (AFBA), em Salões de Artes Plásticas da Marinha, na Sociedade Brasileira de Belas Artes, além de menções honrosas em outros eventos.


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