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    Comportamento

    Jovens de Niterói e São Gonçalo viram a chave e lideram negócios

    Geração Z representa 6% dos empreendedores no estado

    Publicado 01/12/2025 às 10:03 | Atualizado em 01/12/2025 às 10:21 | Autor: Ezequiel Manhães
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    Desejo de autonomia financeira está ligada à onda de novos empreendedores, diz pesquisa
    Desejo de autonomia financeira está ligada à onda de novos empreendedores, diz pesquisa |  Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

    De óticas a doces artesanais, de produtos de beleza a vidraçaria, jovens de Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, vêm ocupando espaço no mercado com ousadia, criatividade e velocidade na conquista de clientes, muitas vezes usando apenas o celular como vitrine e a própria casa como sede do negócio.

    Flexibilidade, independência e impacto social estão entre os motores da geração Z. Atualmente, 6% dos empreendedores do estado do Rio têm até 29 anos, segundo levantamento do Sebrae Rio com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C/IBGE), divulgado em julho deste ano. O estudo mostra ainda que seis em cada dez donos de pequenos negócios dessa faixa etária são homens.

    A maioria atua no setor de serviços (69%) e no comércio (17%), seguida por construção (6%), indústria (5%) e agropecuária (2%). Mas o início não é fácil: 84% são informais, têm renda média de pouco mais de R$ 2 mil e apenas 3% empregam outras pessoas, ainda conforme a pesquisa.

    O empresário Carlos Vinicius, de 34 anos
    O empresário Carlos Vinicius, de 34 anos |  Foto: Arquivo pessoal

    Para alguns, como o empresário Carlos Vinicius Severo Maciel, de 34 anos, a presença digital virou questão de sobrevivência. Dono de uma vidraçaria em Icaraí, ele afirma que a tecnologia foi decisiva para o crescimento do negócio.

    "A implantação de ferramentas de IA agilizou nossos atendimentos, melhorou a comunicação com os clientes e trouxe mais precisão para cada orçamento”, observa.

    Ele diz que construiu a empresa com uma visão ampliada, e tem dado certo.

    "Começamos com pouco capital, mas com muita coragem, determinação e vontade de vencer. Foi na fé, no trabalho duro e na persistência que transformamos um início simples em uma trajetória de crescimento e conquista", pontuou.

    Rotina que não para

    Rafael Sousa, de 29 anos, é publicitário e empreendedor
    Rafael Sousa, de 29 anos, é publicitário e empreendedor |  Foto: Arquivo pessoal

    Outro exemplo é o publicitário Rafael Lourenço de Sousa, de 29 anos, morador de São Gonçalo. Ele divide a rotina entre o emprego formal, treinos e a administração de uma loja virtual de doces criada com a tia. E lembra que tudo começou em 2023.

    “Decidi começar a empreender com o intuito de ajudar minha tia, que é a produtora dos doces e na época estava desempregada. Hoje é a minha segunda fonte de renda, mas quero trabalhar para ser a principal”, conta.

    A familiar do jovem sempre fez doces de forma recreativa, só para reuniões de família e festas de final de ano. Mas Rafael, o sobrinho, viu potencial comercial e investe pesado nas ações de marketing e entregas dos produtos.

    “Pensei, ‘por que não propagar algo bom em forma de venda?’... eu sabia que o produto era de extrema qualidade e por si só. E só com a apresentação, ele já se venderia sozinho. Depois da primeira mordida, a fidelização dos clientes era quase que 100% garantida”, revelou de forma bem-humorada. 

    A aposta deu certo: primeiro dia, 20 vendas. No segundo, cerca de 30. Hoje, a marca entrega cerca de 200 doces por semana, além de encomendas para empresas, festas e comércios, e reúne centenas de seguidores. 

    Roberta Ferreira de Lemos, de 32 anos, é dona de uma ótica em São Gonçalo
    Roberta Ferreira de Lemos, de 32 anos, é dona de uma ótica em São Gonçalo |  Foto: Arquivo pessoal

    A trajetória de Roberta Ferreira de Lemos, de 32 anos, também começou de forma simples. Moradora de Itaipuaçu, ela mantém uma ótica em São Gonçalo há dois anos e está prestes a abrir a segunda loja mais perto de casa.

    "Com 18 anos trabalhei como recepcionista numa ótica, e ali fui convidada a fazer um curso técnico de optometria. Na época, eu também fazia faculdade de Pedagogia pela UFF... comecei na garagem da casa dos meus pais... Quando finalizei a faculdade e ganhei mais conhecimento atendendo um público mais elitizado, eu abri minha loja", revela.

    Roberta também diz que usa as redes sociais para trabalhar, e que a humanização dos seus conteúdos faz a diferença:

    "Eu falo dos óculos, de tendências, mas utilizo muito contando a minha história e o meu dia a dia para criar essa conexão com o cliente", diz.

    Negócios

    De acordo com o Sebrae Rio, o Brasil tem 66,4% dos empreendedores na informalidade; no estado, são 68,9%. Mas a formalização faz diferença, como aponta Antonio Alvarenga, diretor-superintendente da instituição: ela pode triplicar a renda e ampliar acesso a crédito, benefícios fiscais e novos mercados.

    Aspas da citação
    A renda média dos donos de negócios formais fluminenses é quase 3x maior do que a renda das atividades informais. O empreendedor formal adquire benefícios fiscais, acessa novos mercados, negocia melhores contratos com fornecedores, tem acesso a crédito diferenciado e garantias previdenciárias
    Antonio Alvarenga, diretor-superintendente do Sebrae Rio
    Aspas da citação

    Criatividade

    Tati Cupti, de 39 anos, abriu a própria loja após ser demitida de uma empresa de telecomunicações
    Tati Cupti, de 39 anos, abriu a própria loja após ser demitida de uma empresa de telecomunicações |  Foto: Arquivo pessoal

    A maioria dos jovens empreendedores começa com pouco capital e depende da própria comunicação para atrair clientes. Tatiana Cupti, de 39 anos, tem a própria loja de roupas e começou a empreender após ser demitida de uma empresa de telecomunicações.

    "Sempre gostei de moda... Em 2013, eu passei em frente à Feira de Petrópolis, no Centro de Niterói, e olhei pro local com olhar empreendedor... Ali nasceu a minha empresa, que completa 13 anos em breve."

    Em seu negócio, ela observa que quando usa e divulga um produto, a saída aumenta muito.

    "Levo isso como a maior divulgação atualmente. Minha meta é uma loja mais ampla, para aumentar a experiência de compras das minhas clientes", enfatiza.

    Amanda Carter de Paula, de 36 anos, ganhou destaque com produção de noivas
    Amanda Carter de Paula, de 36 anos, ganhou destaque com produção de noivas |  Foto: Arquivo pessoal

    Já Amanda Carter de Paula, 36 anos, virou maquiadora em Niterói após identificar, na faculdade de Administração, que o mercado da beleza tinha alto potencial.

    "Eu já gostava muito da área de maquiagem, então comecei a me especializar... e comecei a fazer meus primeiros trabalhos", explica.

    Ela conta que o carro-chefe do negócio é produção de noivas.

    "No dia de noiva faço maquiagem, penteado na noiva, enquanto outra profissional faz as acompanhantes e tenho na minha equipe uma massoterapeuta/esteticista, justamente uma estratégia para deixar o dia de noiva comigo mais atrativo. As redes sociais influenciam muito, pois pelo tempo que tenho de profissão, se transformou em uma grande vitrine do meu trabalho", argumenta.

    O que explica esse crescimento?

    Especialistas apontam que a digitalização, o aumento de cursos de capacitação e o desejo de autonomia financeira têm papel central nessa onda de novos empreendedores.

    “A geração Z pensa na construção do seu futuro com atitude, consciência e propósito. Para o negócio expandir é preciso buscar capacitações que possam fazer essa diferença. A educação transforma e é um projeto de vida. Por isso apostamos em um aprendizado contínuo além das salas de aula, impulsionando o crescimento empreendedor e pessoal”, pontua Antônio Kronemberger, gerente de Educação do Sebrae Rio.

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    Ezequiel Manhães

    Ezequiel Manhães

    Redator

    Jornalista com experiência em hard news e produção audiovisual, tendo como foco reportagens factuais, especiais e conteúdos multimídia. Atua com rapidez, comprometimento e precisão na apuração, tendo como destaques coberturas de temas como política, economia, cidades, segurança pública e comportamento.

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