Novo redutor de velocidade gera polêmica em Niterói; entenda

A pedidos da Associação Pestalozzi de Niterói, instituição civil que atua na assistência social, saúde e educação, e do Conselho Municipal de Saúde (CMS), a Prefeitura de Niterói implementou um novo sistema de ''traffic calm'' na Estrada Caetano Monteio, no bairro Pendotiba. O sistema é conhecido como um redutor de velocidade para facilitar o acesso e o tráfego de pedestres na região. A medida, no entanto, pensada para melhor a segurança no trânsito do local, está gerando polêmica. 

Ouvidos pela reportagem do ENFOCO, o sistema divide opiniões entre moradores e internautas, que até já flagraram em vídeo motoristas passando em alta velocidade pelo equipamento. Na região, os pedestres questionam também a eficiência do aparelho de segurança recém-instalado. 

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’'Eu gostei principalmente por causa dela. Você vai ver agora como a gente luta atravessando aqui, como lá. Os carros ficam em cima das pessoas que são deficientes. Já teve carro que freou em cima dela'’, disse a aposentada Claudete Vieira da Silva, de 63 anos, ao lado da amiga Rosangela Pereira, de 66. 

‘’A gente tá aqui, eles vêm ‘voado’, correndo mesmo, se a gente 'bobear': acabou. Pegam a gente.’’

A aposentada, que frequenta a associação há cerca de 10 anos, contaou também que quase se tornou vítima de acidente em razão da alta velocidade dos veículos que trafegam pelo local.

Segundo Claudete e Rosangela, que fazem juntas tratamento na Pestalozzi, o novo sistema traz novas expectativas para a mobilidade, mas também representa atenção redobrada.

‘’A gente sabe que tem um sinal ali embaixo, aí a gente fica esperando. Eu atravesso para lá e falo para ela ‘’vem!’’ ou ‘’não vem!’’. São cinco minutos para aqui e cinco minutos para atravessar para lá’’, concluiu Claudete Vieira.

Para a vendedora Maria Clara, de 53 anos, o novo sistema de planejamento de tráfego pode minimizar as dificuldades na travessia.

‘’Hoje (quinta) foi o primeiro dia que vi. Então, melhorou porque nós temos a maior dificuldade aqui para atravessar. Inclusive, uma colega que fazia tratamento aqui já quase sofreu um acidente. Os carros vêm em alta velocidade, e fica complicado tanto daqui para lá como de lá para cá. Mas acredito que, de agora em diante, deve melhorar bastante.’’, considerou.

Falta de sinalização ou consciência de trânsito? 

Na instalação, realizada pela Prefeitura de Niterói, o sistema de tráfego conta com pintura asfáltica, placas de quilometragem e placas de condução reduzida. Antes da curva de descida, outras placas de sinalização chamam atenção para o planejamento de redução que vem logo à frente. Mas, apesar das sinalizações, os motoristas dirigem como se as placas fossem invisíveis.

‘’Eu vi na internet, realmente, né? Colocaram um vídeo de um carro em alta velocidade, eu pensei: ‘’gente, que loucura é essa? Meu filho anda bem, mas tem outras crianças que têm dificuldade para andar. Então aqui a gente já fez passeata justamente para pedir uma passarela, mas a Prefeitura de Niterói alegou que aqui não tem uma estrutura para isso. Aí tem o sinal, a curva. Mas agora eu vejo que tem os redutores, realmente eles dão uma reduzida para passar ali.’’, contou Arlete Ribeiro, mãe de um paciente que frequenta a Associação Pestalozzi. 

Assista ao vídeo em questão: 

A diarista acompanha o filho com deficiência intelectual nas sessões de tratamento e assistência desempenhadas pela instituição Pestalozzi e enfatiza a falta de consciência de trânsito entre os condutores.

‘’Eu não tenho tanta dificuldade. Meu filho não tem dificuldade de andar. Mas assim, de repente um cadeirante, aí a gente tem que ver como vai ficar isso. Porque tem essa associação aqui há vários anos, as pessoas mesmo poderiam ter um pouquinho de consciência. Mas eles fazem aquela curva ali como loucos". 

Apesar do contraponto, ela torce para que a mudança seja significativa. ‘’Acho que vai ser bom porque obriga os motoristas a diminuírem a velocidade para não causar uma coisa mais grave’’, completou Arlete. 

Para a aposentada Leonice Nunes Rodrigues, de 69 anos, o novo sistema é essencial, mas os condutores em alta velocidade representam os principais riscos. 

‘’Moto, principalmente, quando desce, desce ‘a mil’. Aí você tem que parar, o pessoal que tem deficiência, quem é cadeirante, para atravessar a rua, é um problema.’’, concluiu. A gonçalense frequenta a instituição Pestalozzi desde 1995 e faz o trajeto do município vizinho, de São Gonçalo, ao bairro de Pendotiba cerca de duas vezes na semana, para realizar tratamentos fisioterapêuticos.

Conforme informações da Prefeitura de Niterói, operadores da NitTrans estariam no local auxiliando na adaptação ao novo sistema de tráfego.

‘’A Nittrans tem uma grande preocupação com a educação no trânsito e conta com o apoio da população e motoristas. Estamos aplicando em Niterói um conceito mundial de educação no trânsito para trazer dignidade à pessoa com deficiência ao atravessar ruas em segurança. Nossos planos para o futuro incluem também levar esse mesmo modelo para a frente das escolas", afirmou o presidente da NitTrans Gilson Souza.

Apesar da previsão, enquanto a reportagem do ENFOCO esteve no local, na manhã desta quinta-feira (1), constatou que não havia nenhum operador de trânsito no local.