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Quando o repelente é eficaz? Vendas saltam até 400% em Niterói

Estado já registrou mais de 107.833 casos de dengue no ano

Órgão realizará uma pesquisa de valores dos repelentes
Órgão realizará uma pesquisa de valores dos repelentes |  Foto: Arquivo / Juca Varella / Agência Brasil

O estado do Rio de Janeiro já registrou 107.833 casos prováveis de dengue e 26 mortes, até a última sexta-feira (8), segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde.

Na cidade de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, do dia 1º de janeiro a 1º de março, foram 494 casos prováveis de dengue, o que engloba casos confirmados e casos em investigação.

De acordo com a prefeitura, a taxa de incidência é de 102,5 casos por 100 mil habitantes. Até o momento não há nenhum óbito confirmado.

Com o agravamento da situação ao redor do estado, muitas pessoas recorrem ao repelente contra o mosquito da espécie Aedes aegypti para combater a doença, fazendo com que o consumo disparasse nas redes farmacêuticas.

Com isso, o ENFOCO realizou uma pesquisa em algumas farmácias de Niterói, e descobriu que o consumo disparou em quase 400%.

"O aumento não é somente pela dengue, mas também pela Zika e Chikungunya. Com isso, muitas pessoas estão comprando repelente aqui. Tem dias que o estoque acaba rápido. Tivemos um aumento de cerca de 400% nas vendas do produto em relação ao ano passado", disse Rodrigo Silva, gerente de uma farmácia em Icaraí, na Zona Sul da cidade.

Algumas redes varejistas já estão com dificuldade pela alta demanda, são os casos das farmácias Cristal e Tamoio, com unidade em Icaraí. Já a Venâncio, Raia, Pacheco e São Paulo, no Centro da cidade, apresentava uma pequena quantidade em estoque, no último dia 29.

Quais são os preços dos repelentes?

O preço entre eles, no entanto, varia em relação a marca e tamanho.

SBP de 100 ml - R$ 29,99 a R$ 32

OFF Kids de 200 ml - R$ 21,90 a R$ 28,90

XÔ Kids de 100 ml - R$ 15

XÔ Adulto de 200 ml - R$16,99 a R$ 18,90

EXPOSIS Bebê - R$ 69,90 a R$ 72,59

No entanto, é importante destacar que nem todos os repelentes são ativos contra os mosquitos da Aedes aegypti. ENFOCO listaquais são os produtos ideais para combater a doença.

Qual repelente usar?

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os repelentes autorizados a usar para ajudar a combater a dengue são os que apresentam em sua fórmula as seguintes composições:

- DEET: 10% - 15%, com duração seis a oito horas

- IR3535: duração de até quatro horas 

- Icaridina: 20% - 25%, com duração de dez horas

Além disso, o órgão orienta que as pessoas utilizem o repelente somente nas áreas externas do corpo ou seguir as orientações que estão no rótulo do produto. Por fim, a Anvisa adverte que não há produtos de uso oral, como comprimidos ou vitaminas, com indicação aprovada para combater o mosquito.

Quem pode usar o repelente?

O repelente pode ser usado por qualquer pessoa com mais de 6 meses de idade. No entanto, a Anvisa alerta para sobre efeitos na pele, como alergias. Nesses casos, o órgão orienta que os pais levem o bebê para uma consulta médica antes de usar o produto.

Já para as faixas etárias entre 2 e 12 anos, a Anvisa recomenda que seja usado produtos que tenham a concentração de até 10% de DEET ou Icaridina, restrita a apenas três aplicações diárias.

Como aplicar o repelente de forma correta?

- Aplicar nas áreas expostas do corpo;

- Realizar a reaplicação conforme indicação do fabricante;

- No caso de aplicação do spray no rosto ou em crianças, é recomendável espirrar o produto primeiro na mão e depois espalhar no rosto da criança, lembrando sempre de lavar as mãos com água e sabão após a aplicação;

- Em caso de contato com os olhos, é importante lavar imediatamente a área com água corrente.

Quantas vezes posso usar o repelente por dia?

Segundo a dermatologista Márcia Cardoso, consultada pela reportagem, o uso de cada repelente varia dependendo a quantidade de concentração entre eles.

"Tem repelente que dura 4, 6, 8 e até 10 horas. Então, depende da marca. Mas assim que der o tempo desde a última vez que passou no corpo, pode passar novamente", explicou.

Repelentes naturais funcionam?

Os inseticidas chamados “naturais”, à base de citronela, andiroba, óleo de cravo, entre outros, não possuem comprovação de eficácia. Portanto, todos eles estão irregulares.

Ou seja, as velas, os odorizantes de ambientes, os limpadores e os incensos que indicam propriedades repelentes de insetos não estão aprovados pela Anvisa.

A Agência relatou também que é importante destacar que receitas caseiras e produtos não convencionais, ainda que utilizados por tradição ou cultura, podem proporcionar às pessoas uma falsa sensação de segurança, implicando diminuição dos demais cuidados que ajudam no combate efetivo da proliferação do mosquito e, consequentemente, maior adoecimento e mortalidade da população.

Quando o mosquito age?

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), os mosquitos costumam agir mais nas primeiras horas do dia e no final da tarde. Com isso, a recomendação é manter as portas e janelas fechadas nesse período. Além disso, é importante utilizar telas e mosquiteiros, pois impedem a entrada do mosquito em sua casa.

Em berços e camas, a orientação é a mesma, podendo utilizar telas e mosquiteiros. Ourta maneira de combater a dengue, é utilizando o spray para aumentar a eficácia.

Outras medidas

A SBD orienta que as pessoas não utilizem hidratantes e cosméticos com perfumes, além de roupas escuras, pois o cheiro e a cor atraem o mosquito. Prefira usar roupas claras com manga longa e calças compridas. Evite roupas coladas no corpo, pois elas permitem a picada.

Repelentes elétricos também são úteis para reduzir a entrada de mosquitos. Coloque-os sempre próximo de portas e janelas.

Importante: Resfrie o ambiente: ar-condicionado e ventilador espantam o mosquito.

Não basta somente usar o repelente

Afim de se proteger da doença, o uso do repelente pode ser fundamental. Mas para combater ainda mais a proliferação da doença, é preciso evitar deixar água parada ou acumulada em lugares como vasos de plantas, pneus, lixos, latas, garrafas e até terrenos baldios.

Piscinas que não estiverem em uso podem ser cobertas para evitar a proliferação dos mosquitos. Tampar os ralos é mais uma medida recomendada. Ações simples como essas podem salvar milhões de vidas.

Vacinas contra a dengue

No último dia 22 de fevereiro, a Secretaria Estadual de Saúde recebeu a primeira remessa de vacina contra dengue do Ministério da Saúde, destinada à faixa etária de 10 e 11 anos. A vacinação já está ocorrendo por fases e vai atingir o público até 14 anos.

Para o município do Rio, foram destinadas 141.710 doses; para Nilópolis, 3.080; Duque de Caxias, 21.113; Nova Iguaçu, 20.320; São João de Meriti, 10.806; Itaguaí, 3.365; Magé, 6.218; Belford Roxo, 12.709; Mesquita, 4.179; Seropédica, 2.159; Japeri, 2.517; e Queimados, 3.740.

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