Cidades
O céu é o limite para cadeirantes em Maricá
Os céus de Maricá foram tomados pela alegria e superação neste final de semana. Isso porque o projeto 'Revoada' promoveu saltos de parapentes com cadeirantes da Serra do Cambori, na travessia Retiro-Cassorotiba, no sábado (17). Instrutor e um dos idealizadores da iniciativa, João Gabriel, conhecido como Bambam, garante que a ideia é mostrar que a limitação está somente na parte física.
"Organizo esse evento há alguns anos com o objetivo de mostrar que pessoas com deficiência podem sim fazer qualquer tipo de atividade. E o parapente é um ótimo gatilho para gerar esse tipo de curiosidade, um mix de sentimentos e sensação nunca explorada por essas pessoas"
Essa é a segunda vez que projeto realiza saltos, o primeiro encontro aconteceu no Parque da Cidade, em Niterói, e reuniu 14 cadeirantes.
Morador de São Gonçalo, o motorista aposentado Carlos Alberto Souza, de 51 anos, foi um dos que saltou da Serra do Cambori.
"Amei a experiência! Até 2011 eu jogava futebol amador e hoje faço mergulho adaptado, ando de handbike e vôo de parapente. Montei uma ONG com uns amigos e jogamos basquete, tênis, corrida de rua e condicionamento adaptado. Meu recado e para as pessoas que estão em cadeiras é que o mundo não acabou e que existem várias coisas que podemos ainda fazer"
A data era 6 de maio de 2011 quando Carlos Alberto Souza deixava o plantão na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), onde trabalhava como segurança, e parou com mais um amigo para tomar café em um posto de combustíveis na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. De repente um assalto, disparos de arma de fogo e o destino de Carlos para sempre alterado. Ele teve a medula atingida e perdeu o movimento das pernas.
O fatídico episódio na vida de Carlos Alberto, poderia ter deixado profundas marcas de dor e tristeza em sua vida, mas ao invés disso, a fatalidade virou combustível de superação e energia para novas experiências.
Medalhista
Quem também participou do encontro foi vencedor na vida e no esporte, o ex-nadador e colecionador de medalhas paralímpicas, Clodoaldo Silva. Segundo Bambam, o ex-atleta mora há pouco tempo no distrito de Itaipuaçu e tem um projeto para cadeirantes.
"Esse foi o primeiro que eu organizo em Maricá. O Clodoaldo está morando faz pouco tempo em Itaipuaçu. Dessa vez ele não saltou porque o vento mudou e ficou mais difícil, mas, provavelmente, vai participar de outros"
Ao longo da carreira, Clodoaldo ganhou 14 medalhas paralímpicas, sendo 6 de ouro, 6 de prata e 2 de bronze. O ex-nadador acumula mais de 700 medalhas desde o início de sua trajetória. Ele também foi o escolhido para acender a Pira Paraolímpica nos Jogos do Rio 2016.
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