Embargo
Obras de tirolesa no Pão de Açúcar são suspensas pela Justiça
Relator apresentou falhas no processo de autorização
Os desembargadores da 7ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) decidiram, nesta quarta-feira (27), manter a suspensão das obras planejadas para a instalação de uma tirolesa no Pão de Açúcar.
O relator do caso destacou as falhas no processo de autorização concedida pelo Iphan e enfatizou a irreversibilidade da obra, já que a instalação deste equipamento requer intervenções permanentes nos morros da Urca e Pão de Açúcar, localizados na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Ambientalistas consideram o projeto uma ameaça à paisagem, com potencial para causar danos à rocha e alterar as rotas de escalada utilizadas por montanhistas há décadas.
O Parque Bondinho Pão de Açúcar, responsável pela obra, afirma que"não poupará esforços para demonstrar, no curso do processo, que o projeto para a construção da tirolesa obteve todas as licenças necessárias e que foi concebido e executado sob as melhores práticas, destacando-se os cuidados em relação à preservação do meio ambiente e do patrimônio".
A obra havia sido interrompida por ordem da Justiça Federal em junho, após suspeitas de perfurações irregulares na rocha.
Caso as alegações sobre intervenções ilegais no local sejam confirmadas, o Pão de Açúcar corre o risco de perder o título de Patrimônio Mundial, concedido pela Unesco em 2012.
De acordo com o procurador-geral do Ministério Público Federal, Sérgio Suiama, a empresa responsável pela obra realizou escavações na rocha que não estavam previstas no projeto original.
"Houve corte ilícito da rocha, um volume de 127 metros cúbicos. O Iphan, ao invés de autuar, autorizou a continuidade da obra (...) Há um dano à paisagem porque a área construída vai ser ampliada, apesar da empresa dizer de forma contrária, às próprias plantas mostram que haverá acréscimo de área construída, modificação na paisagem e modificação na rocha", explicou Suiama.
A decisão de parar a obra também determinou a suspensão dos efeitos da autorização concedida pelo Iphan para o projeto.
Uma inspeção judicial no local das obras está agendada para o próximo dia 24 de outubro, quando peritos designados pela Justiça Federal irão avaliar as denúncias apresentadas.
Representantes do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), um órgão consultivo da Unesco para a implementação da Convenção do Patrimônio Mundial, também estarão presentes durante a vistoria.
O plano da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, que também administra os bondinhos, prevê a instalação de quatro cabos de aço para a prática da tirolesa entre o Pão de Açúcar e o Morro da Urca, paralelamente aos bondinhos. De acordo com os administradores, o objetivo é proporcionar uma experiência mais contemplativa aos visitantes do parque.
Em nota, o Pão de Açúcar informou que: "O Parque Bondinho Pão de Açúcar informa que o projeto para a construção da tirolesa foi pensado e estruturado ao longo de dois anos e meio, tendo sido analisado e aprovado por todos os órgãos competentes: Instituto do Patrimônio Histórico Nacional e Artístico Nacional (IPHAN), Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (SMAC), Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Inovação Simplificação (SMDEIS) e Fundação Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro (Geo-Rio). Responsável por um dos cartões-postais mais famosos do mundo, o Parque Bondinho Pão de Açúcar orgulha-se da seriedade, da ética e do profissionalismo que norteiam a sua trajetória há mais de 110 anos. A empresa afirma que não poupará esforços para demonstrar, no curso do processo, que o projeto para a construção da tirolesa obteve todas as licenças necessárias e que foi concebido e executado sob as melhores práticas, destacando-se os cuidados em relação à preservação do meio ambiente e do patrimônio”.
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