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    Saúde

    Pacientes denunciam falta de médicos em unidade pública de Niterói

    Tempo de espera é superior a cinco horas, apontam reclamações

    Publicado 27/11/2023 às 6:32 | Autor: Ana Carolina Moraes
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    Há relatos de pessoas que levam até cinco horas para serem atendidas
    Há relatos de pessoas que levam até cinco horas para serem atendidas |  Foto: Lucas Alvarenga

    A falta de médicos e a consequente demora nos atendimentos geram insatisfações em pacientes de Niterói que buscam por socorro na Unidade Municipal de Urgência Dr. Mário Monteiro (Umam), no bairro Piratininga, na Região Oceânica.

    Há relatos de pessoas que levam até cinco horas para serem atendidas, gerando imensas filas. Muitos acabam desistindo. Esse cenário, segundo denúncias, ocorre há meses.

    Na porta da unidade, pacientes relataram ao ENFOCO que sempre são informados na triagem sobre ausência de médicos disponíveis no plantão.

    É o caso da doméstica Daniela Rocha, que buscou atendimento na UPA Mário Monteiro pouco depois das 11h30 da última quinta-feira (23), após um quadro de labirintite. 

    Ela deixou a unidade ao meio-dia sem atendimento e disse que foi informada, ainda na recepção, que não havia um médico disponível para atendê-la. 

    “Eu vim agora, passando mal, e me informaram na recepção que não havia um clínico para mim, mandaram eu ir para o Largo da Batalha, na UPA de lá, para receber atendimento. É horrível. Posso até cair no caminho. Moro aqui no Engenho do Mato e vou ter que ir pra longe pra ser atendida. Nem remédio me deram. Só estou aqui em pé porque eu tomei remédio com meu vizinho”, contou a doméstica de 33 anos.

    Daniela foi orientada a procurar outra unidade de saúde na UPA
    Daniela foi orientada a procurar outra unidade de saúde na UPA |  Foto: Lucas Alvarenga

    Rocha conta ainda que já foi bem atendida no local, em outras ocasiões, mas confessa ter ficado chateada com a recente falta de atendimento.

    “Eu já vi gente falando na internet que a unidade está com falta de médicos e tem demora no atendimento tem algum tempo. Fora que o prédio lá dentro está caindo aos pedaços, mofado e tudo mais. Vi muitos funcionários sentados lá dentro, mas devem ser pra outra especialidade, né?”, questionou.

    Veja outros relatos abaixo:

    Imagem ilustrativa da imagem Pacientes denunciam falta de médicos em unidade pública de Niterói
    |  Foto: Reprodução
    Imagem ilustrativa da imagem Pacientes denunciam falta de médicos em unidade pública de Niterói
    |  Foto: Reprodução
    Imagem ilustrativa da imagem Pacientes denunciam falta de médicos em unidade pública de Niterói
    |  Foto: Reprodução

    Um outro rapaz, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que penou para ser atendido na unidade.

    “Eu e meu amigo chegamos aqui às 8h11... já são 11h e não fomos atendidos. Só passamos pelo balcão e fomos classificados em fator de risco 2, nada mais. Estou com meu amigo aqui porque ele está com dor no nervo ciático, precisamos ver um clínico geral e nada. Acho um absurdo essa demora. Meu amigo está esse tempo todo em pé, porque não pode sentar com tanta dor”, contou um morador do Largo da Batalha, de 30 anos.

    Ele também disse que, diferentemente de Daniela, foi informado pela recepcionista que só havia um médico de plantão.

    “Só há um clínico geral, mas ela [recepcionista] disse que ele está fazendo um atendimento prolongado e pode demorar. Acho isso uma falta de respeito, enquanto isso, meu amigo está com dor”, afirmou ele.

    Unidade de saúde completou 18 anos
    Unidade de saúde completou 18 anos |  Foto: Lucas Alvarenga

    O que diz o prefeito 

    Indagado sobre o caso, durante as festas de 450 anos de Niterói, o prefeito Axel Grael prometeu melhorias na área da Saúde. 

    “Nós fizemos um concurso público para 1,3 mil profissionais de saúde. Estamos reestruturando para que isso não ocorra mais. Estamos terminando um processo de licitação para fazer uma gestão por OS tanto no Mário Monteiro como no Hospital Carlos Tortelly, que vai melhorar muito o atendimento como temos no Hospital Oceânico e no Getulinho”, afirmou ao ENFOCO.

    O que diz a Saúde

    Já a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói diz que realizou concurso público para a Fundação Municipal de Saúde em que foram convocados 951 aprovados, no processo que inicialmente oferecia 410 vagas.

    "No total, considerando também o concurso da Fundação Estatal de Saúde, mais de 2,5 mil profissionais de saúde foram convocados pela Prefeitura", enfatiza a nota.

    Segundo a Prefeitura de Niterói, a exemplo do que já ocorre no Hospital Municipal Oceânico Gilson Cantarino e no Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, "em que foram obtidos resultados importantes, como manter os índices de mortalidade e infecção hospitalar abaixo do máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), através de gestão compartilhada por OS, a SMS está ampliando esse modelo de gestão para o Hospital Municipal Carlos Tortelly e a Unidade de Urgência Mário Monteiro. O processo está em fase final de licitação."

    O que diz o Cremerj 

    O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) informou que, no início de outubro, denunciou ao Ministério Público do Trabalho e ao Ministério do Trabalho e Emprego a redução salarial imposta a médicos contratados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Niterói, por meio de Recibo de Pagamento Autônomo (RPA).

    "No ofício encaminhado aos órgãos, o Conselho ressalta tanto o problema da desvalorização desses profissionais quanto os possíveis prejuízos coletivos, pois tal medida pode ocasionar a redução do quadro de pessoal, que já é defasado, o que afetaria a saúde pública da cidade e da região", enfatiza a nota.

    A redução imposta pela SMS, segundo o Cremerj, foi de 5% sobre os vencimentos desses médicos, a partir da folha de pagamento quitada no mês de setembro.

    A maioria deles atua em unidades de saúde de urgência e emergência, como o Hospital Municipal Carlos Tortelly, a Políclinica Regional do Largo da Batalha e a UPA Mário Monteiro, ainda segundo o Conselho.

    "Antes da redução ocorrer, o Conselho, por intermédio da Comissão de Saúde Pública, vinha tentando negociar e impedir a situação desde agosto, porém não recebeu qualquer resposta", esclareceu.

    Por fim, o Cremerj afirma que continuará a fiscalizar e a cobrar das autoridades do município a regularização do pagamento e a consequente manutenção das condições adequadas de atendimento à população.

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