Semana Santa
Páscoa salgada: sardinha vira bacalhau na mesa do consumidor
Preços elevados obrigam criatividade na hora da compra
Os itens que compõem a mesa para o feriado da Semana Santa e da Páscoa deste ano estão mais salgados. O valor do pescado, como o bacalhau por exemplo, não sai por menos de R$ 156,00 em alguns supermercados da Zona Sul de Niterói. Variação de11,50% em relação ao mesmo período do ano passado.
Levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), revelou ainda uma elevação média de 3,93% nos preços dos produtos sazonais, em comparação ao ano passado. No entanto, o estudo mostrou uma desaceleração, se comparado ao ano passado, quando o aumento foi superior a 25%.
Para este ano, a pesquisa aponta para a alta nas seções de hortifruti, proteínas e importados. A couve, bastante utilizada em pratos envolvendo o bacalhau, foi a verdura que sofreu maior alta, registrando acréscimo de 21,50% no valor repassado aos consumidores.
Elevação média foi de 3,93% nos preços dos produtos sazonais
De acordo com o economista André Braz (FGV) isso acontece por conta da transitoriedade das datas, por acontecer em períodos sazonais, as condições climáticas do verão não oferecem um bom desenvolvimento para alimentos in natura, como a couve. Outro motivo é o aumento de preço para os insumos utilizados no cultivo da couve.
"A gente sabe que depois da pandemia, o desemprego aumentou muito. As estatísticas mostram que ele reduziu um pouquinho recentemente (a taxa de emprego), mas foi uma redução marginal. Então ainda tem muita gente sem emprego, qualquer nível de preço, seja ele sendo bacalhau caro ou barato, a pessoa não teria condições de comprar, muita demanda dessa páscoa ainda vai ser afetada por um mercado de trabalho que não se recuperou", relatou o economista.
Matheus Peçanha, economista e pesquisador do FGV-IBRE, informou na pesquisa que esses preços podem vir a doer ainda mais no bolso do consumidor com a aproximação dos feriados católicos.
“Além do aumento já registrado de 8,33% do pescado fresco e 9,89% dos ovos, os preços desses itens tradicionais pode subir mais ainda, dada a pressão sazonal da demanda às vésperas da Semana Santa. Além disso, itens não contemplados no escopo do IPC, como os ovos e colombas de Páscoa, devem sofrer igualmente com essa pressão de demanda pela tradição”, acrescentou.
Pesquisa
A equipe de reportagem do ENFOCO percorreu, na última semana, diferentes supermercados em Niterói, Região Metropolitana do Rio, para entender o que o consumidor acha do aumento e o quanto ele vai afetar na mesa da semana santa e nos ovos de páscoa deste ano.
O tradicional bacalhau, carro-chefe na data, já passa de R$100,00, o quilo. Em um estabelecimento da Zona Norte, o valor do pescado chegou a R$119,90. Já na Zona Sul, a iguaria não sai por menos de R$156,99, variação11,50%, em relação ao mesmo período do ano passado, ou R$ 37 mais caro.
Morador de Niterói, o aposentado Luis Carlos Nepomuceno conta que vai precisar 'rebolar' para comer bem na data. Ele culpou a pandemia para o repasse dos valores mais altos aos consumidores.
Aumentou tudo né? Nós não temos condições de comprar. Aumenta tudo e o salário não. Bacalhau?! Nem pensar, vai ser sardinha mesmo. Vai no mercado com R$100,00 e não compra nada
chocolate
Em relação aos chocolates, houve variação nos produtos de acordo com os locais. Em um supermercado da Zona Norte de Niterói, o ovo de chocolate mais caro foi encontrado por R$89,99, R$13,00 mais caro, se comparado ao mesmo produto comercializado em outro mercado da Zona Sul, vendido a R$76,99.
A aposentada Célia Carvalho expressou a indignação com o aumento e, pelo menos em sua casa, os familiares não vão ganhar a guloseima este ano.
"Estou achando tudo muito caro. Não vai ter ovo de Páscoa. Eu sou contra, preço altíssimo", lamentou.
O motorista José de Souza já definiu a estratégia para não ficar sem a sobremesa de chocolate em casa.
"Não dá, os preços estão absurdos. Com as contas de casa já se vai quase o salário todo, não tem como. Esse ano vai ser caixa de bombom para todo mundo", relatou.
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