Cidades

Protesto tenta impedir despejo de moradores no Centro

Ato pacífico aconteceu na frente do condomínio onde moradores foram obrigados a deixar os imóveis. Foto: Plantão Enfoco

Um ato de resistência pacífica foi realizado na tarde desta quinta-feira (6) na entrada do condomínio do edifício Nossa Senhora da Conceição, localizado na Avenida Amaral Peixoto, 327, no Centro de Niterói. Por volta das 16h30, moradores do prédio organizaram uma ‘ocupação solidária’. A ação decorre da determinação judicial para que moradores deixem seus apartamentos.

Na ocasião, havia churrasco, instrumentos musicais e oportunidades para expressões culturais das mais variadas naturezas. Além do mais, a síndica do prédio, Lorena Gaia, aproveitou a oportunidade para realizar cadastros e encaminhamentos dos proprietários, assim também como de ocupantes dos imóveis ao programa de aluguel social - concedido pela Prefeitura de Niterói, através do órgão da Secretaria de Assistência Social, após decisão da juíza Andrea Gonçalves Duarte Joanes. O valor do benefício é de R$ 782,69.

O feito desta quinta aconteceu em provocação à decisão de despejo com prazo que termina nesta sexta-feira (7) - limite máximo concedido pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por requerimento efetuado pelo promotor de Justiça Luciano Mattos, responsável pelo caso na Promotoria de Justiça de Tutela de Defesa da Cidadania do Núcleo Niterói/Maricá.

Pela determinação, todos terão que deixar às suas dependências, antes do prédio ser lacrado, impedindo a população local de ir e vir. No entanto, militantes em defesa de moradores devem adentrar a madrugada em ato contínuo como forma de protesto.

Ordem

Ainda nesta tarde, enquanto ocorriam às atividades, agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP), assim também como da Guarda Municipal e Grupamento de Ações Táticas (GAT), estiveram presentes na entrada do prédio. Eles foram organizar a aglomeração que se formou na calçada. Não houve conflito.

A justificativa dos representantes do Poder Público era o som alto e uso de logradouro público, com agravo de que no entorno da área, existem pessoas trabalhando em lojas e escritórios. Houve reorganização e as atividades prosseguem normalmente.

Diretos Humanos

A Comissão de Direitos Humanos de Niterói afirmou que ao longo desta quinta, um caminhão enviado pelo Executivo realizou mudanças desde as primeiras horas do dia.

A Comissão pretende entrar com um agravo, medida no plantão judiciário para tentar suspender o despejo.

Moradores que continuam por lá, relataram que alguns vizinhos, por conta própria, alugaram transportes de frota. Alguns teriam ido para casas de parentes em comunidades de Niterói e outros para Itaboraí.

Morando há 8 anos no prédio, Raimunda Gomes, de 50 anos, teme o que pode acontecer num futuro próximo.

“Os grandes têm moradia e tudo de bom e do melhor dentro de casa. Eu não tenho. Não consegui o meu aluguel social e nesse meu processo vi uma casa que custa mais do que o oferecido pra gente. Estou triste, preocupada, me mato de trabalhar e não tenho dinheiro pra fazer a mudança. Parece que não somos nada, me sinto lesada”, finalizou.

O prédio é composto por 11 andares e 394 apartamentos e obteve interdição após ser considerado por decisão judicial como em situação de risco, em função das condições das instalações, sem serviço de água desde 1º de março e de eletricidade, desde 18 do mesmo mês, tendo sido este fornecimento cortado devido ao risco de incêndio, pela precariedade das instalações.

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