Carnaval 2022
Quem vai ganhar? Apuração das escolas de samba começa às 16h. Veja quesitos
Serão nove quesitos julgados com notas variando de nove até dez
Após 4 dias de desfiles, sendo dois da série Ouro e dois do Grupo Especial, a apuração dos jurados começa na tarde desta terça-feira (26), no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio. Nela serão definidas as posições de cada escola e quem da série ouro vai subir para disputar o carnaval entre as grandes do estado.
Na Série Ouro, 15 escolas desfilaram pela avenida. Destas, somente uma terá a chance de subir para desfilar entre o Grupo Especial que, deste, duas irão cair. A apuração do Grupo Especial começa às 16h e, logo após encerramento, começa o da Série Ouro.
Serão nove quesitos julgados com notas variando de nove até dez. As notas inferiores a dez precisarão ser acompanhadas de uma justificativa técnica dos critérios.
Todas as escolas tiveram tempo mínimo de 45 minutos e o máximo de 55 minutos para cruzar a avenida. As agremiações que estouraram este tempo, vão perder alguns décimos na hora da avaliação.
Quesitos de avaliação
Harmonia: nele o jurado analisa o entrosamento entre o ritmo e o canto, considerando a igualdade do canto pelos componentes em consonância com o puxador e a manutenção da tonalidade. As alas que não cantaram, prejudicam a agremiação neste quesito.
Samba-enredo: são avaliadas a letra e a melodia, levando em conta a riqueza poética, a beleza e o bom gosto, além da capacidade da harmonia musical de facilitar o canto e a dança dos componentes.
Bateria: são levados em conta a manutenção e sustentação da cadência com o samba-enredo, a “perfeita conjugação de sons” dos instrumentos, a criatividade e a versatilidade. Devem ser desconsideradas eventuais panes no sistema de som, a utilização de instrumentos de sopro ou a não parada nos recuos, que não são obrigatórias.
Alegorias e adereços: engloba os elementos cenográficos sobre rodas ou não, que devem ser julgados de acordo com a concepção e adequação ao tema, bem como a criatividade, impressão causada e o acabamento e cuidado na confecção e decoração. Nesse quesito também são avaliados os destaques e componentes que estejam nos carros alegóricos.
Comissão de Frente: é julgada de acordo com a concepção e a capacidade de causar impacto em sua função de saudar o público e apresentar a escola na avenida, levando em conta a coordenação, o sincronismo e a criatividade. É obrigatória a apresentação em frente às cabines de julgamento.
Enredo: trata-se da criação e apresentação artística do tema ou conceito escolhido pela escola de samba. O julgador deve analisar a capacidade de compreensão do tema proposto com as fantasias e alegorias levadas à avenida, bem como a criatividade e sequência da apresentação.
Fantasia: é julgada a adequação dos vestuários dos componentes ao tema proposto para cada ala, bem como a uniformidade dos detalhes entre os componentes.
Mestre-sala e porta-bandeira: avalia a adequação da roupa para a dança, bem como a beleza e o bom gosto. A dança não deve ser o samba e sim um bailado no ritmo do samba, com graça, leveza e harmonia entre o casal.
Evolução: examina a progressão da dança de acordo com o ritmo do samba executado pela bateria. O julgador deve analisar a fluência da escola na avenida e a espontaneidade, criatividade e empolgação dos componentes, penalizando atrasos, retrocessos, correria e buracos desnecessários entre as alas.
Série Ouro
Na ordem dos desfiles, a primeira escola a retomar o Sambódromo, e dar início ao carnaval na avenida, foi a Em Cima da Hora, às 21h50, trazendo o enredo '33 - Destino Dom Pedro II', uma reedição do Carnaval de 1984, quando a escola desfilou na estreia do Sambódromo pelo grupo 1-B, antiga segunda divisão. O samba teceu uma crônica das viagens de trem enfrentadas pelos trabalhadores para ganhar o pão na capital. Dom Pedro II era o nome da estação de trem que, em 1899, passou a se chamar Central do Brasil.
Segunda a desfilar, a Acadêmicos do Cubango, de Niterói, entrou com muita garra, com todos os componentes cantando o samba, o que levantou as arquibancadas. Ela veio contar a história da atriz Chica Xavier, que atuou em mais de 50 novelas na televisão e estreou no Theatro Municipal do Rio em 1956, na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes.
A escola de São João de Meriti, Unidos da Ponte, este ano escolheu o enredo 'Santa Dulce Dos Pobres – o Anjo Bom da Bahia', desenvolvido pelos carnavalescos Rodrigo Marques e Guilherme Diniz. O objetivo era contar a história da santa e apresentar seu legado de obras sociais.
A Porto da Pedra, de São Gonçalo, apostou no enredo' O Caçador que Traz Alegrias', para homenagear mãe Stella de Oxóssi. O sobrinho da importante ialorixá da Bahia, obá Adriano Obiodun, é um dos compositores do samba-enredo da escola.
A União da Ilha, que caiu para o Grupo de Acesso em 2020, elegeu o enredo 'Nas Encruzilhadas da Vida, Entre Becos, Ruas e Vielas, a Sorte Está Lançada: Salve-se Quem Puder!', a fim de exaltar a fé por Nossa Senhora Aparecida. A escola trouxe em sua comissão de frente a atriz Cacáu Protásio, vestida de Nossa Senhora que, no decorrer do desfile, vira a orixá Oxum.
Já a Unidos de Bangu escolheu o enredo 'Deu Castor na Cabeça', em homenagem ao bicheiro Castor de Andrade, entrelaçando a vida do patrono do Carnaval e do futebol com a história do bairro da Zona Oeste e do Bangu Atlético Clube.
A última a desfilar no primeiro dia da Série Ouro foi a Acadêmicos do Sossego, com o enredo Visões Xamânicas. O carnavalesco André Rodrigues criou um pajé para conduzir o público por meio de suas visões.
Oito agremiações cruzaram a passarela do samba na segunda noite de desfiles na última quinta-feira (21) e a madrugada de sexta-feira (22). Quem abriu a noite foi a escola Lins Imperial, que trouxe muita fé e 'mé', contando a história de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum. Então, a alegria e 'trapalhada', no bom sentido da coisa, são consideradas o ponto chave pela disputa do título.
Da Baixada Fluminense para o Centro do Rio, a Inocentes de Belford Roxo foi a segunda escola a entrar na Sapucaí, celebrando a liberdade dos espíritos ancestrais ao silêncio dos tambores. O enredo 'A meia-noite dos tambores silenciosos', trouxe o rito que acontece todos os anos no carnaval de Recife.
E quem disse que não tem futebol na Passarela do Samba? A Estácio de Sá reedita o enredo 'Cobra coral, papagaio vintém', em homenagem aos 100 anos do Clube de Regatas do Flamengo. O samba de 1995, ainda pelo Grupo Especial, entoou pelas arquibancadas. A promessa é de muita festa.
A noite seguiu com a homenagem ao artista Milton Gonçalves pela Acadêmicos de Santa Cruz.
Quinta escola a desfilar, a Unidos de Padre Miguel contou a história da Árvore-Orixá ao terreiro sagrado do Boi Vermelho da Vila Vintém.
Logo depois, a Acadêmicos de Vigário Geral que trouxe a história da região no Rio de Janeiro que ficou tradicionalmente conhecida como a 'Pequena África', o Cais do Valongo.
A menina do Morro da Formiga, a Império da Tijuca, fala da resistência negra. O enredo 'Samba Quilombo: a resistência pela raiz', valoriza a comunidade da formiga e seu maior fruto, o sambista.
Império Serrano encerra a segunda noite da Série Ouro, contando a história do capoeirista Manoel Henrique Pereira, o 'Besouro de Mangangá'.
Grupo Especial
A Primeira escola do Grupo Especial a desfilar na sexta-feira (22), foi a Imperatriz Leopoldinense, buscando a redenção e permanência no Grupo Especial.
A agremiação de Ramos, na Zona Norte do Rio, cometeu uma pequena falha com a Comissão de Frente na primeira cabine dos jurados. Um dos bailarinos ficou sem parte da fantasia e teve que sair do desfile por pouco tempo. Apesar do problema, a escola, que no passado sagrou-se como grande campeã da Série Ouro, fez um belo desfile sob o comando da carnavalesca Rosa Magalhães.
Levantou poeira e a arquibancada! Um desfile impecável, mas com problemas nas fantasias, a Estação Primeira de Mangueira foi a segunda a entrar na avenida e veio mostrando a força da comunidade. A agremiação fez uma grande homenagem aos baluartes Cartola, Jamelão e Delegado e abusou, no bom sentido, das 'paradinhas'.
A Mangueira cruzou a passarela do samba e concluiu seu desfile no tempo correto. No entanto, ao término do desfile, o interprete Marquinhos Art'Samba passou mal e precisou de atendimento médico.
Terceira escola a cruzar a passarela do samba, a Acadêmicos do Salgueiro trouxe muito luxo e religiosidade à Sapucaí. O enredo sobre a 'Resistência' caiu nas graças do povo e atravessou a avenida. Salgueiro mostrou a que veio.
A rainha da bateria, Viviane Araújo, não deixou de exibir o barrigão de grávida e sua simpatia chamou a atenção.
Atual campeã do carnaval, a Unidos do Viradouro pisou na Sapucaí com a missão de superar suas duas últimas apresentações, 2019 e 2020. E sim, a agremiação de Niterói fez um desfile impecável!
Com muito brilho e alegorias luxuosas, a Viradouro levantou a galera na arquibancada. Com o enredo "Não Há Tristeza Que Possa Suportar Tanta Alegria", a agremiação destacou sentimento dos amantes do carnaval carioca na folia de 1919, quando houve, oficialmente, o fim da pandemia da gripe espanhola.
Última escola a entrar na Sapucaí no primeiro dia de desfiles das agremiações do Grupo Especial, a Beija Flor enfrentou sérios problemas e pode perder pontos nos quesitos harmonia e alegorias e adereços. "Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz da Beija-Flor", foi o enredo assinado pelo carnavalesco Alexandre Louzada.
Por conta de um acidente logo na entrada do desfile, um dos carros alegóricos chegou na avenida com a asa de uma enorme coruja quebrada, a escola ficou por alguns minutos parada, o que prejudicou a harmonia. Ao fim do desfile, os componentes da agremiação apertaram os passos para encerrar a passagem dentro do tempo.
Primeira escola a desfilar no segundo dia do Grupo Especial, a Paraíso do Tuiuti trouxe a ousadia de Paulo Barros para a Sapucaí. Alias, o carnavalesco está de despedida da agremiação, porém busca o retorno no sábado das campeãs.
Um dos grandes destaques foi a audácia da bateria conduzida pelo mestre Marcão, com várias paradinhas e com o samba sendo comandado ao som do atabaque. A Tuiuti encerrou seu desfile com dois minutos de atraso.
Segunda agremiação a desfilar foi a Portela, que teve um carro danificado por um guindaste. Apesar do problema, a escola teve uma boa apresentação. A águia portelense fez um sobrevoo extraordinário na Sapucaí.
Fisicamente ausente, mas presente nas lembranças. Foi desta forma que a agremiação de Madureira homenageou seu presidente de Honra, o 'velho' Monarco. Quem marcou presença no desfile da escola de Madureira foi o prefeito do Rio Eduardo Paes.
Terceira agremiação na avenida, a Mocidade de Padre Miguel apresentou um desfile grandioso e luxuoso. A escola da Zona Oeste do Rio é forte candidata ao título deste ano.
'Oxóssi, orixá caçador das matas' foi o enredo apresentado pela escola. Logo no início a Comissão de Frente apresentou uma flecha voadora, considerada como uma das crenças mais importantes da história do orixá. O desfile da Mocidade estava caminhando para ser impecável, mas a escola apresentou alguns problemas e o carro Abre-Alas descolou um do outro logo no fim.
Um desfile de cores e muita emoção! A Unidos da Tijuca, quarta escola a desfilar, trouxe o 'sabor do guaraná' para a Sapucaí. A agremiação, fundada no Morro da Casa Branca e transferida anos depois para o Morro do Borel, sacudiu a poeira e deu a volta por cima, depois de uma posição ruim em 2020.
Ao fim do desfile, índios vindo da Amazônia desfilaram no carro alegórico juntamente com a 'garotada' da Velha Guarda tijucana. O enredo, assinado pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, estreante na escola, busca a volta no sábado das campeãs.
Acadêmicos do Grande Rio apresentou um carnaval empolgante ao desmistificar Exu. A Escola de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, trouxe vários artistas para a avenida, como Monique Alfradique, Bianca Andrade, Mc Pocah, David Brazil, Gil do Vigor e Adriana Bombom.
A atriz Paolla Oliveira, rainha da bateria, veio com uma fantasia de Pomba-gira, a representação feminina de Exu. Grande Rio atravessou a avenida com 29 alas e cinco carros alegóricos. A agremiação luta pelo seu primeiro título no Grupo Especial.
Última escola a desfilar na madrugada deste domingo, a Vila Isabel fez uma grande festa para o cantor e compositor Martinho da Vila, presidente de honra da agremiação. A escola fez uma apresentação para esquecer a oitava posição do carnaval de 2020.
Ainda na concentração, o cantor, mesmo um pouco tímido, comentou o fato de estar alegre por ser homenageado pela sua escola de coração. Mesmo cansado e com sono, o público permaneceu nas arquibancadas até o fim do desfile.
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