Comportamento
Quentinha a preço popular ganha vez de marmita entre niteroienses
Pesquisa mostra que a troca compensa no bolso
O brasileiro vem sendo surpreendido cada vez mais pelo aumento dos preços no mercado. Com o objetivo de tentar driblar a taxa salgada de alimentos básicos, surge a opção de compras por meio do vale-refeição, o famoso VR.
Clientes têm preferido as tradicionais quentinhas vendidas a preço popular do que preparar marmitas para levar ao trabalho, conforme aponta o levantamento feito pela Ticket, marca da empresa Edenred Brasil.
Compostas originalmente por arroz, macarrão, feijão, salada, carne ou frango, as comidinhas caseiras são apontadas como as preferidas e mais consumidas, seja de forma presencial ou por delivery, diz a pesquisa.
Em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, não é diferente. No Centro da cidade muitos carros trabalham comercializando quentinhas. Um desses veículos é o do Edvaldo Reis, de 55 anos. Ele vende os alimentos por R$ 15 no local.
Segundo o comerciante, além da vantagem dos preços, comprar as quentinhas poupa muito mais trabalho aos clientes.
"Primeiro tem o preparo para fazer, cozinhar todos os dias e, outra coisa, é que os produtos estão muito caros, tem que pesquisar onde você vai comprar produtos mais em conta, de qualidade, não é só o mais barato, tem que ser coisa boa", disse o comerciante - que atua na região há quatro anos.
A esposa dele é quem prepara as quentinhas. Edvaldo conta que o segredo de conquistar cada vez mais os clientes fiéis está além de só compensar no bolso: está ligado ao paladar.
Rodrigo Souza trabalha como motorista de aplicativo. Ao ENFOCO, ele disse que toda semana vai até o local para comprar o almoço do dia. Para ele, o conjunto de comida boa, praticidade e bom preço vale muito na hora da escolha.
"Hoje em dia, se eu parar para somar o tempo e dinheiro que vou gastar no mercado, vai ficar bem claro para mim que gasto muito mais lá do que aqui. Por exemplo, eu sei que a comida aqui é boa, tem toda praticidade de só parar o carro e pegar a marmita quentinha, e em um valor acessível. Se for somar o tanto que gasto comprando no mercado e nas contas de casa, é muito mais caro", opina o motorista.
Outro comerciante que estava vendendo as quentinhas era o Marcelo Ribeiro, de 53 anos, que trabalha lá há 3 anos. Ele conseguiu reparar diferença no número da clientela nos últimos meses.
"A maioria que atendo aqui é Uber, mas tem o pessoal de casa, o pessoal do trabalho. Todo dia eu estou no mercado e vejo como os preços estão muito altos e todos os dias os preços mudam. Então, as pessoas estão preferindo vir aqui, famílias vêm comer aqui" relatou.
O cardápio no Marcelo varia: as opções vão desde frango à parmegiana até filé mignon suíno. O preço, como a maioria que vende no local, é de R$15. Lá os clientes recebem até o bônus de um guaraná e um docinho de sobremesa.
A secretária Maria da Graça, de 40 anos, trabalha em um escritório no Centro de Niterói. Na empresa, ela recebe o benefício do vale-refeição e vai até ao local para consumir as comidas.
"Sai muito mais em conta. Olha, eu recebo R$ 15 por dia no meu vale, dá um total de R$ 300 e pouco por mês. Se eu for parar para ir até o mercado e gastar esse valor lá, o que vou conseguir comprar? Além disso, olha o tempo que vou gastar em casa cozinhando, gastando gás, que está um absurdo. Eu chego muito cansada do trabalho", relatou a secretária.
Em uma comparação de preços, a quentinha saindo a R$15 por dia, em uma semana, gera um gasto de R$ 75. Já no mercado, os preços de produtos para o consumo de uma semana somam uma quantia média a partir de R$ 46, dependendo da região. Mas, segundo a pesquisa, este fato sem levar em consideração o gasto no gás de cozinha e na conta de luz.
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