Afeto
Escritora sobrevivente ao ataque de pitbulls mostra lado 'mãezona'
'Minha maior incentivadora', diz primogênito de Roseana Murray
"Uma ligação que ficou muito mais forte. Eles ficaram muito apavorados de me perder", dessa forma, a escritora Roseana Murray traduz os novos contornos que o seu Dia das Mães recebeu neste ano. A autora foi atacada por três cães da raça pitbull em Saquarema.
O ataque, que deixou marcas em seu corpo, também registrou um recomeço na trajetória da escritora. Neste domingo (12), a escritora não esteve fisicamente perto dos filhos, André e Gustavo Murray, conforme revela ao ENFOCO.
No entanto, ela relatou que a distância em nada abala a conexão com os filhos, fortalecida após o ataque.
"Eles moram longe, mas não importa [...] Estão numa paixão imensa e eu estou adorando".
A escritora possui uma trajetória descrita em livros infantis. Mas nem sempre foi assim. Inicialmente, Roseana escrevia para adultos, mas, após o nascimento do seu primeiro filho, mudou o percurso de tudo aquilo que escrevia.
"Meu filho, que já era um leitor assíduo aos oito anos, queria ler, mas os que eu escrevia eram uns poemas muito densos, angustiados. E aí de brincadeira, escrevi 22 poemas para ele que virou um livro, o 'Fardo de Carinho’. Eu amei escrever para criança e nunca mais parei’’, lembrou.
Conforme o primogênito da escritora, André Murray, de 55 anos, o Dia das Mães neste ano, ganhou novos sentidos. Um deles é o de gratidão:
Esse dia das mães tem um novo significado, de muita gratidão, pois passamos perto de perder a mãe. E ela sobreviveu, então é um presente gigantesco que ela esteja conosco, mesmo à distância. Comemorar sempre foi nosso forte, comemoramos as pequenas belezas que a vida nos dá e agora todo dia, é dia de comemorar esse milagre da vida dela
Animada, pra cima, alto astral e gentil. O olhar e a aura resiliente da escritora foram os responsáveis por proporcionar aos filhos, força e determinação para que eles se tornassem quem são. Segundo André, Roseana sempre teve um espírito criativo.
"Nós sempre fomos muito ligados, e a pouca diferença de idade entre nós facilita nossa relação como amigos. Ela sempre foi uma mãe maravilhosa, super presente, participativa nas nossas atividades, incentivando todos os nossos projetos".
André também recordou os tempos de juventude.
"Na adolescência, nossa casa era quase um clube, todos os amigos eram muito bem vindos. Sempre fazia comida para um monte de gente. Foi minha maior incentivadora quando quis ser cozinheiro e me ajudou em todos os meus empreendimentos", recordou.
O músico e caçula, Gustavo Murray, de 50 anos, celebrou a vida da mãe, já no dia em que Roseana recebeu alta do Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), em São Gonçalo, onde ficou hospitalizada. No mesmo dia, a caminho de casa, a dupla retornou escutando ‘rock’, um dos costumes praticados na relação fraternal.
Recomeço
A escritora teve o braço direito amputado e também perdeu a orelha direita, após o ataque, em Saquarema, na Região dos Lagos.
Segundo a direção do Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), para onde a vítima foi levada de helicóptero, os ferimentos do braço esquerdo foram recuperados por cirurgia plástica assim como o lábio superior foi reconstruído.
“A recuperação dela foi acima do esperado e a gente acredita que essa rápida recuperação tem muito a ver com a força que ela teve para viver”, afirmou o médico cirurgião Tarcísio Encinas.
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