Absurdo
Família culpa hospital de Saquarema por morte; veja prints
Sem leito, lanterneiro ficou dois dias em cadeira de hidratação
A morte de um paciente no Hospital Municipal Porphirio Nunes de Azeredo, em Bacaxá, Saquarema, foi parar na polícia. A família denuncia que Luiz Cláudio da Silva, de 56 anos, deu entrada na unidade com uma crise hipertensiva e dores no peito, e morreu dois dias depois por traumatismo craniano.
De acordo com a irmã da vítima, a dona de casa Ana Lúcia de Souza, o lanterneiro procurou um posto de saúde em Jaconé, após o mal-estar. No local, ele foi encaminhado para a o hospital, onde teria que realizar um ecocardiograma.
"Porém, no dia ele foi avisado que o exame somente seria realizado na segunda, que precisaria aguardar na unidade. Ele estava há dois dias aguardando para fazer um exame de ecocardiograma e no domingo de manhã fomos surpreendido com a informação do óbito", detalha Ana Lúcia.
Ainda conforme os relatos, a superlotação da unidade fez com que Luiz Cláudio recebesse atendimento e aguardasse em uma cadeira de hidratação. Local em que ficou por dois dias, tendo ainda que revezar o assento com outros pacientes.
Disseram para a esposa dele que no momento que ele havia ficado em pé, após ordens da equipe de lá para levantar e colocar outro paciente na cadeira dele, informaram que ele foi beber água e caiu batendo com a cabeça, gerando o afundamento do crânio
Dor e descaso
Em mensagens enviadas para a família momentos antes de morrer, Luiz Cláudio chegou a relatar o descaso que vinha sofrendo dentro da unidade de saúde. A irmã diz não ter conhecimento de qual medicação ele estava recebendo no local.
O lanterneiro relatou que a comida era servida a outros pacientes, mas não a ele
No texto ele diz: 'Dois dias sem comer e dormir. Meu estresse nesse lugar só aumenta'. No domingo, dia em que veio a óbito, ele escreveu: 'Vou embora de manhã, não espero mais um minuto! O ar tá ruim e cheio de mosquito. Não tem lugar para ninguém [...] Não sei se aqui eu vou melhorar".
O lanterneiro relatou que a comida era servida a outros pacientes, mas não a ele. Disse ainda que sentia dores nas costas por estar sentado na cadeira há tanto tempo. Por volta das 9h40 do domingo (25), a queda fatal aconteceu.
"A esposa e as filhas estavam a caminho para buscá-lo e tirá-lo de lá para tentar atendimento em outra unidade. O hospital não deu nenhum esclarecimento sobre a situação, e não haviam permitido acompanhantes", lamenta Ana.
A família procurou a delegacia de Saquarema para registrar o caso, e no local eles foram orientados a reunir todos os documentos contra a unidade. Uma denúncia também foi feita ao Ministério Público do Rio de Janeiro.
O corpo de Luiz Cláudio foi sepultado na tarde de segunda-feira (26), no Cemitério Parque da Paz, bairro Pacheco, em São Gonçalo, cidade onde a filha dele mora.
Procurada, a Prefeitura de Saquarema disse, através da Secretaria Municipal de Saúde, que lamenta profundamente a morte do paciente e informa que solicitou a abertura de uma sindicância interna no Hospital Porphirio Nunes de Azevedo para apurar as circunstâncias do incidente. "Logo após o óbito, o Hospital encaminhou o corpo ao Instituto Médico Legal (IML) para perícia e aguarda a sua conclusão, que é fundamental para a apuração interna", disse nota enviada ao ENFOCO. .
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