Cidades
Rio faz operação integrada para usuários de crack
Pedras pontiagudas, centenas de ratos e baratas: este era o cenário onde estavam, na madrugada de terça-feira (26), cerca de 57 usuários de crack, sob o viaduto de acesso à Ilha do Governador, e no Parque União, em Bonsucesso, na Avenida Brasil.
Vivendo em condições sub-humanas, dormindo em colchões muito danificados, extremamente mal abrigados entre pedaços de madeira, panos encardidos e sujeira, 21 deles aceitaram o atendimento da equipe da Secretaria Municipal de Assistência Social (Smas). Pela primeira vez em ações desse tipo, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) participou com atendimento médico e psicológico.
"Em muitos casos, não podemos simplesmente abrigá-los, pois estão doentes. Têm que ser tratados para terem chances reais de recomeçar suas vidas", explicou a secretária municipal de Assistência Social, Laura Carneiro, que coordenou a ação da Prefeitura, envolvendo também a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), Comlurb e Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), com o apoio da 4ª Companhia do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas.
Fechamento da via
A Avenida Brasil teve que ser parcialmente fechada, nos dois sentidos, para proteger os usuários, atordoados por aparente uso de droga. Mesmo com a possibilidade de serem abrigados em locais onde poderiam ter alimentação, hidratação e cuidados de higiene, além de tratamento de saúde, eles seguiam para a periferia do Complexo da Maré.
Momentos antes das equipes da Prefeitura chegarem ao local, alguns acenderam pequenas fogueiras e o cheiro do crack espalhava-se pela área.
"Essas ações têm que ser constantes para conseguirmos ajudar essa população tão vulnerável", disse Laura.
Sete dos que aceitaram acolhimento foram encaminhados ao Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas Miriam Makeba, em Ramos, onde receberam cuidados médicos e descansaram. Uma mulher jovem, que teve que ser transportada em cadeira de rodas por estar muito enfraquecida, foi atendida no Hospital Municipal Evandro Freire, no bairro Portugesa, na Ilha do Governador.
Ela teve alta pela manhã e foi levada para comunidades terapêuticas que trabalham com a Smas, junto com outros cinco usuários atendidos esta madrugada. Os outros dois estão sendo assistidos em abrigos da Prefeitura.
Além disso, cinco usuários pediram orientações aos assistentes sociais sobre como resolver demandas em Conselhos Tutelares e no Centro de População em Situação de Rua José Saramago, o mais próximo dessa cena de uso de droga.
A Coordenadoria de Drogas integrava a Seop e passou a fazer parte da Smas na primeira semana da nova gestão. Como é preocupante a situação das cenas de uso de crack no Rio, a secretária organizou a ação o mais rapidamente possível para iniciar essa fase de enfrentamento do problema. E a atuação da Prefeitura de forma integrada agora será sistemática.
"Não podemos chegar a situações como as de São Paulo", desabafou Laura, diante das cenas de acolhimento: "Infelizmente, a maioria da população em situação de rua faz uso de alguma substância psicoativa".
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