'Minha vida acabou', lamenta filha de idosa morta soterrada no Rio

Para Monique Cristina, filha da idosa Marilene Rodrigues, de 79 anos, a vida dela "acabou", após a morte da mãe, na madrugada desta terça-feira (26), em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio — provocada pelo rompimento de uma tubulação da concessionária Águas do Rio, que causou o desabamento da casa da família.

As primeiras horas do dia foram marcadas pela tragédia que abalou moradores da Rua das Opalas. Envolta em sentimentos de dor e saudade, Monique ainda tenta processar a perda repentina de sua mãe, que foi soterrada pelos escombros.

A minha vida acabou, minha mãe era forte, não tinha doença, não tinha nada. Morrer por causa disso aí, por causa de água... Eu não sei como vai ser. Agora eu vou lutar por justiça, pela minha mãe. Em vida eu sempre cuidei, em morte, eu vou cuidar sim

A ligação da idosa com a casa onde nasceu e foi criada torna a tragédia ainda mais difícil para a família.

"Ela morava aqui desde sempre. Nascida e criada aqui, onde morou, estudou, trabalhou. A gente queria sair daqui, mas não tinha condições, e ela não queria sair de onde foi criada", explicou Monique Cristina.

Pânico

Demétrio Serafim, genro da vítima, relembrou o pânico ao tentar socorrê-la durante a madrugada.

"Acordamos com um barulho, parecia uma explosão, seguido de uma pressão muito forte de água. Corri para ajudar minha sogra, mas fiquei preso no portão por causa da força da água. A casa desabou completamente, só o banheiro ficou em pé. O carro foi empurrado pela água e prensou minha sogra contra as paredes. Infelizmente, ela não resistiu”, lembrou.

O corpo da idosa foi retirado dos escombros pelos bombeiros no início da manhã e levado ao Instituto Médico-Legal (IML) no Centro do Rio. Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento.

Imóveis interditados

A Defesa Civil do município do Rio interditou totalmente duas casas e interditou parcialmente outros dois imóveis após a adutora romper durante a madrugada desta terça-feira (26).

Rodrigo Gonçalves, subsecretário da Defesa Civil, esteve no local e falou sobre o caso.

“Essa é uma galeria antiga, tem mais de 70 anos, segundo informações até da própria imprensa. É bem provável que a gente ainda tenha algum problema nessa galeria, mas quem tem que responder isso é a Águas do Rio. A Polícia Civil já fez a perícia, vamos aguardar agora a resolução disso”, frisou.

Técnicos da Defesa Civil avaliaram que a força da água causou o desabamento total de uma das casas, afetou a estrutura de outro imóvel, além de duas garagens. Equipes da Águas do Rio, Secretaria de Assistência Social e Subprefeitura da Zona Norte atuam no local. A ocorrência segue em andamento.

Caso recente

Este é o segundo rompimento de tubulação na região em poucos dias. No último domingo (24), uma adutora já havia estourado na Rua Fausto Cardoso. O medo agora toma conta dos moradores, que cobram ações imediatas.

"Não tem como a gente ficar tranquilo. Já teve outro rompimento, agora uma pessoa morreu. O que eles estão esperando para trocar essa tubulação? Isso tem que ser resolvido, não vamos mais dormir em paz", disse Rose Chagas, vizinha da vítima.

O que diz a Águas do Rio

A Águas do Rio informou que está priorizando o acolhimento das famílias e a limpeza da área afetada. Segundo Sinval Andrade, diretor institucional da empresa, uma perícia será realizada para apurar as causas do rompimento.

"Aqui tem mais de uma adutora que passa por essa região. Após a perícia, iniciaremos os reparos necessários para evitar novos acidentes", garantiu.