Investigação
MP exige punição aos acusados pelo incêndio no Ninho do Urubu
Procuradores classificam as 10 mortes como homicídio culposo

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Promotoria de Justiça vinculada à 36ª Vara Criminal da Capital, exigiu, no domingo (11), a denúncia de todos os acusados pelo crime de incêndio culposo ocorrido no Centro de Treinamento Ninho do Urubu, pertencente ao Flamengo, na madrugada de 8 de fevereiro de 2019. O incêndio resultou na morte de 10 adolescentes e em lesões causadas a outros três menores de idade.
O MP argumenta que, após longa instrução criminal, com o depoimento de mais de 40 testemunhas, que perdurou mais de três anos após o oferecimento da denúncia, descobriu que o material é suficiente para cumprir a responsabilidade criminal dos denunciados responsáveis pela administração do referido CT e dos acusados pelos contêineres destinados ao alojamento dos adolescentes bem como do responsável contratado para realizar a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado.
Mesmo com onze pessoas denunciadas, a Justiça decidiu que duas delas não poderiam mais ser responsabilizadas, por entender que elas não estavam mais ligadas ao caso. Um terceiro foi absolvido porque suas ações não tiveram ligação com o crime. Um quarto denunciado também saiu do processo, pois já tinha idade que reduzia a pena e, com isso, o crime prescreveu.
Tragédia poderia ter sido evitada
O Ministério Público afirmou que a tragédia no centro de treinamento poderia ter sido evitada. O órgão explicou como as atitudes dos envolvidos contribuíram para o incêndio que matou dez adolescentes, deixando claro que não foi acidente ou acaso.
Segundo o MP, os acusados sabiam que o centro funcionava sem autorização e sem o certificado dos Bombeiros. O local já tinha sido interditado e multado outras vezes por funcionar de forma irregular. As investigações mostraram também que o aparelho de ar-condicionado não teve a manutenção correta, e foi ali que começou o incêndio, causado por um problema elétrico.
O MP ainda destacou que os contêineres usados como alojamento tinham riscos que dificultaram a fuga dos jovens: havia grades nas janelas, portas que travaram durante o fogo, uma única saída localizada longe do quarto onde todos os adolescentes morreram, e nenhum sistema de combate a incêndio. O material dos contêineres também não era resistente ao fogo e pegou fogo com facilidade, segundo a perícia.
Com base nessas provas, o Ministério Público pediu que os acusados sejam punidos da forma que a lei prevê, como resposta que a sociedade espera diante da gravidade do caso.
Relembre o caso
O incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo na Zona Oeste do Rio, aconteceu na madrugada do dia 8 de fevereiro de 2019. Segundo as investigações, o fogo começou no alojamento onde dormiam jogadores das categorias de base, que ficava em contêineres. Dez adolescentes morreram e três ficaram feridos.
Na época, a Prefeitura informou que o local não tinha alvará para funcionar como alojamento.
De acordo com os peritos, o incêndio começou em um aparelho de ar-condicionado e se espalhou rápido por causa do material dos contêineres, que pegava fogo com facilidade. Dezesseis atletas conseguiram escapar pela única porta, mesmo com a fumaça tomando conta do espaço.


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